terça-feira, 9 de julho de 2019

República e Positivismo – Vamos estudar!


A República no Brasil começou a dar seus primeiros passos em 1870, com a publicação do Manifesto Republicano, no jornal A República, com assinaturas de jornalistas, advogados, médicos, negociantes e fazendeiros. Anunciavam: “Somos da América e queremos ser americanos” – o que, naquele momento, significava ser republicano, já que o Brasil era o único país do continente que ainda adotava a monarquia como regime de governo. O Manifesto defendia a autonomia para as Províncias administrarem seus próprios negócios e criticava o poder pessoal do imperador. A partir de então, surgiram os jornais, os clubes e os partidos republicanos - a República era sinônimo de progresso. Em 1873, foi fundado o Partido Republicano Paulista (PRP) composto por cafeicultores paulistas (que não aceitavam a falta de participação na vida política), por operários, por militares e por membros da Igreja Católica.

Mas, muito antes desse movimento republicano iniciado nos anos 1870, outros períodos da nossa História já haviam registrado o desejo de parte dos brasileiros de deixarem de ser governados por imperadores. Em 1789, a Inconfidência Mineira, além de querer a independência, pretendia proclamar uma república em Minas Gerais. Em 1817, a Revolução Pernambucana, com intenções separatistas, queria separar Pernambuco do país, transformando-o em república – chegaram a ter governo provisório por 75 dias. Em 1824, novamente em Pernambuco, surgiu outro movimento separatista, também republicano, chamado de Confederação do Equador. Em 1839, chegou-se a proclamar, no Rio Grande do Sul, a República Rio-Grandense e, em Santa Catarina, a República Juliana.

Voltando aos anos 1870, havia os que acreditavam que a transição da Monarquia para a República deveria ser feita pacificamente, cujo representante mor era Quintino Bocaiúva. Mas, havia, ainda que em minoria, os que pretendiam instalar a República através de ação armada do povo, cujos líderes eram Silva Jardim e Lopes Trovão.

Em 1888, depois que a escravidão foi definitivamente abolida, os grandes proprietários rurais do Vale do Paraíba em São Paulo, que eram defensores da escravidão, passaram a apoiar o movimento republicano, por se sentirem traídos pela monarquia. Além disso, o império começou a perder a simpatia da Igreja Católica a partir de 1872, depois do episódio no qual os bispos de Olinda e de Belém foram condenados à prisão, por não se submeterem às ordens do imperador (no caso específico, em relação à punição de maçons). Depois da guerra do Paraguai e do próprio papel bem desempenhado na abolição da escravatura, o Exército ganhou importância na sociedade. Mas, não tinham reconhecimento do governo monárquico, que possuía sua própria Guarda Nacional.
Em 1844, grandes chefes do Exército (entre eles o marechal Deodoro da Fonseca) revoltaram-se contra a punição de oficiais que fizeram denúncias de corrupção acobertada por políticos.

Da parte dos grupos progressistas, havia a crítica de que a monarquia mantivera até muito tarde a escravidão no país, além da de que houvesse a ausência de iniciativas para o desenvolvimento econômico, político ou social. Criticavam igualmente a ausência de um sistema de ensino universal, altos índices de analfabetismo e de miséria, bem como a manutenção de um regime político de castas e de voto censitário, com base na renda anual das pessoas. Por seu lado, os militares do Exército Brasileiro estavam descontentes com o fato de não terem autonomia de decisão sobre a defesa do território, estando sujeitos às ordens do imperador e do Gabinete de Ministros, formado por civis, que se sobrepunham às ordens dos generais, e com as promoções na carreira militar que eram difíceis de serem obtidas e por serem  baseadas em critérios personalistas em vez de em promoções por mérito e por antiguidade. Assim, os militares do Exército Brasileiro sentiam-se desprestigiados e desrespeitados.

Às vésperas da proclamação da República, o governo imperial, através do Visconde de Ouro Preto, tentou um programa de reformas políticas (liberdade religiosa, liberdade de ensino, autonomia das províncias, mandato temporário para os senadores). Mas as reformas chegaram tarde.

A história mostra que Dom Pedro não se empenhou muito em emplacar a filha como sucessora. “Nunca pareceu interessado em preparar um terceiro reinado, para a filha ou para dom Pedro Augusto, o filho mais velho de Leopoldina... Educou Isabel como tinha sido educado, mas não lhe entregou o governo nem mesmo quando já não tinha condições de governar" (José Murilo de Carvalho na biografia do imperador). “O empenho de dom Pedro na sucessão simplesmente não existiu... Sem agenda definida para o império, acho difícil imaginar que, tal como outros imperantes, dom Pedro tivesse interesse em organizar a transição. Em coroas europeias, essa era uma preocupação permanente... Mas não consegui identificar, na relação de dom Pedro com o casal D'Eu, nenhum impulso de ajuda ou incentivo nesse sentido” (historiadora Mary del Priore). “Para complicar ainda mais a aspiração de Isabel, dom Pedro não parecia muito preocupado em perder o trono. Seus momentos de vida mais felizes ocorreram quando ele deixou o peso da farda de imperador para tornar-se apenas o cidadão Pedro de Alcântara... Há evidentes sinais de que, para ele, a República era algo inevitável no Brasil... Em seu diário, em 1862, muito antes da explosão do movimento pela República no Brasil, ele anotou: "Nasci para consagrar-me às letras e às ciências, e, a ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou de ministro à de imperador"” (jornalista e escritor Laurentino Gomes). Assinada por J. A. Gueiros, HISTÓRIA DE UM PRÍNCIPE, A BIOGRAFIA DE D. JOÃO também relata que Pedro II era republicano, ou “ao menos, de alma republicana, influenciado, claro, pela historiografia positivista alemã”.

Enquanto a população respeitava e gostava de D. Pedro II, por um lado, de outro, tinha cada vez em maior conta que a monarquia não continuaria a existir após o falecimento do monarca, ou por falta de legitimidade do regime ou devido ao repúdio que tinham pelo  marido da princesa Isabel, o francês Conde d'Eu, que tinha fama de arrogante, sotaque francês, além ser dono de cortiços no Rio, pelos quais cobrava aluguéis exorbitantes de gente pobre. Havia o medo de que, assumindo Isabel o império, viesse ele a ser o governante de fato do Brasil. Além disso, o descontentamento da população crescia, porque a miséria, a corrupção e a falta de liberdade política eram fatores que já causavam a desestabilização do regime. O estado doentio do imperador e as notícias sobre seu comportamento nas reuniões públicas eram objeto de críticas, apreensões e chacotas. Disso se valeram a imprensa e a propaganda republicana, não só pela imprensa diária e pela literatura, mas nas ruas e nas revistas ilustradas - muito em voga na época – que atingiam um público além do alfabetizado.

Além de tudo isso, a crise econômica agravou-se em função das elevadas despesas financeiras geradas pela Guerra da Tríplice Aliança, cobertas por capitais externos, com empréstimos brasileiros que se elevaram de três milhões de libras esterlinas em 1871 para quase 20 milhões em 1889, causando inflação e outros problemas econômicos no plano interno.

No Rio de Janeiro, no dia 15 de novembro, o marechal Deodoro da Fonseca, amigo do imperador e monarquista, acabou convencido a liderar o movimento que derrubaria o Império. Invadiu o Ministério da Guerra, mandou prender o Visconde de Ouro Preto e proclamou a República. Sem violência, sem qualquer participação civil e sem a presença de D. Pedro II, que estava em Petrópolis. “O curioso é que Deodoro acreditava que iriam até o Ministério da Guerra apenas para depor o Visconde de Ouro Preto, mas as tropas começaram a gritar 'Viva a República'” (Carlos Chagas - professor de história da imprensa na Universidade de Brasília por 22 anos). No mesmo dia, José do Patrocínio, líder abolicionista, redigiu o ato oficial de proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil, quando foi instalado um governo provisório.

Como já foi dito acima, D. Pedro estava em Petrópolis, quando a república foi proclamada. Poderia ter fugido para o interior e comandado a resistência – usando a Guarda Nacional e a Guarda Negra, que fora organizada por José do Patrocínio, formada por antigos escravos fiéis à princesa Isabel, alguns deles capoeiristas que manejavam cacetes e navalhas. Descreve José Murilo de Carvalho, em D. Pedro II: "Quando lhe disseram que a República já podia estar proclamada, respondeu: 'Se for assim, será a minha aposentadoria. Já trabalhei muito e estou cansado. Irei então descansar'."

D. Pedro II recebeu um comunicado oficial e partiu, com todas as despesas pagas, para o exílio na França, com sua família e aliados, no navio Alagoas, no dia 18 de novembro de 1889 – 72 horas depois de proclamada a República. De fato, com o fim do regime, não lhes restaria opção. Mas, ao contrário do que ocorria em outras deposições de monarquias no mundo, nas quais, reis, rainhas e familiares eram mortos, por aqui, cumpria-se uma etapa política, pela qual o próprio D. Pedro II já esperava. Sempre tentara ser um bom imperador e jamais quereria derramamento de sangue para impor a monarquia. Prova disso foi um bilhete da princesa Isabel, endereçado ao seu último chefe de gabinete aqui no Brasil, quando alguns movimentos que exigiam a restauração da monarquia queriam entrar em guerra fratricida e colocar Isabel no trono: ''Meu pai, com seu prestígio, teria provavelmente recusado a guerra civil como um meio de retornar à pátria... lamento tudo quanto possa armar irmãos contra irmãos... É assim que tudo se perde e que nós nos perdemos. O senhor conhece meus sentimentos de católica e brasileira."

Foram muitos anos de “luta” para instituir a república no Brasil. Não aconteceu da noite para o dia, como se tivesse sido um arroubo de militares entediados, sedentos de poder. Embora a frase "O povo assistiu bestializado" à proclamação da república, de Aristides Lobo, tenha entrado para a história, pesquisas recentes têm dado outra versão a respeito da aceitação e do envolvimento povo brasileiro na proclamação, como, por exemplo, a tese A REPÚBLICA CONSENTIDA, defendida por Maria Tereza Chaves de Mello na FGV (2007), que indica que a república era vista também pela população como um regime político que traria o desenvolvimento para o país.

POSITIVISMO

Para falar de positivismo como influência da proclamação da República no Brasil, devemos começar pela instituição e pela atuação do Apostolado Positivista, fundada em 1881, cuja palavra escrita foi o principal instrumento de ação política, com a publicação de folhetos propondo reformas geralmente pautadas em aspectos doutrinários. Isso é mais uma prova de que tal positivismo não tem absolutamente nem exclusivamente NADA a ver com a instituição das as Forças Armadas como principal articulador de tal movimento. Mesmo porque, as raízes do positivismo à moda brasileira chegaram bem antes da fundação ‘oficial’ de associações positivistas.

Também é preciso esclarecer que o positivismo não foi “importado” do Paraguai pelos militares brasileiros que lá guerrearam, já que a guerra aconteceu depois de já haver influência positivista no país – que já havia começado desde a década de 1850. Na verdade, o positivismo entra no Brasil, através de intelectuais, devido à forte difusão do pensamento Frances na capital do Império, Rio de Janeiro. Alguns brasileiros haviam frequentado, na Escola Politécnica da França, os cursos de Augusto Comte, sendo que um dels, José P. d` Almeida, figurava na lista dos discípulos particulares de Comte, desde janeiro de 1837, inclusive com pagamento mensal de 80 francos. A influência política dos positivistas só se intensifica depois do final do conflito, quando a corrente de pensamento Positivista se organizou mais sistematicamente, já que a lógica Comteana era de fato contra guerras, pregando o pacifismo, aceitando apenas as guerras do passado que geraram “progresso para a humanidade”, e contra medidas imperialistas, até mesmo por acreditar que Estados menores eram historicamente mais progressivos.

Como já disse, no Brasil, o positivismo foi disseminado rapidamente em instituições de ensino, como a Escola Central, depois transformada em Escola Politécnica, na cidade do Rio, corte imperial. Também foi disseminado nas escolas militares, com uma tese de doutoramento em ciências físicas e naturais defendida por Manuel Joaquim Pereira de Sá na Escola Militar, em 1850. Mas, naquela década, já era notável também a influência positivista no Colégio Pedro II, na Escola da Marinha e na Escola de Medicina. Porém, nesse início não havia influência no âmbito social do país, só no intelectual, tendo grande importância na própria pedagogia dessas instituições. Aliás, os professores dessas Escolas tinham importância política, sendo muitos chamados para ocupar cargos importantes e a participar de altas Comissões no Governo, por serem cultos e letrados.

No Brasil, como a necessidade de que se ensinasse engenharia surgira junto à descoberta de jazidas de ouro e de pedras preciosas na região de Ouro Preto, Minas Gerais, no século XVIII, esse ensino era feito por mãos militares, até que, nos últimos 25 anos do século XIX, em 1874, a Escola Central foi transformada na Escola Polytechnica - instituição civil para o ensino de engenharia não mais subordinada ao Ministério da Guerra.

O positivismo cresceu de forma bastante fragmentada no Brasil. A geração de intelectuais de 1870 era composta por pensadores atuantes na política brasileira, como Joaquim Nabuco, Sílvio Romero, Rui Barbosa, Alberto Sales, Campos Sales, Assis Brasil e Silva Jardim. Miguel Lemos e Raimundo Teixeira Mendes foram destacados como membros dessa geração de intelectuais do século XIX no Brasil como dois grandes líderes da ortodoxia positivista na transição da Monarquia para a República.

O culto ao método científico era característico não apenas do positivismo, mas também de outras escolas de pensamento filosófico vindas da Europa, como o spencerianismo e o darwinismo. Dentro de um país continental como Brasil, o positivismo (havia os positivistas ortodoxos e os heterodoxos) foi apropriado em regiões de formas completamente distintas que tinham como único traço em comum a contestação do mundo atrasado. Não se pode cair nem no perigo de apontar para os considerados heterodoxos como uma categoria unificada, nem também determinar que todos os ortodoxos seguiam a orientação do Apostolado do Brasil.

Em 5 de setembro de 1878, numa sessão comemorativa da morte de Augusto Comte, ficou decidida a fundação de outra associação, a Sociedade Positivista do Rio de Janeiro, com a intenção de difundir o positivismo em todos os meios possíveis. O Apostolado abraçou duas campanhas dentro da realidade brasileira da década de 1880 - o republicanismo e o abolicionismo. No entanto, não o fez com a proposta democrática e liberal de muitos membros do Partido Republicano, e sim, com a pretensão de implantar a extinção do sistema escravista, com a incorporação do proletariado na sociedade moderna.  O salário significava um subsídio da sociedade ao trabalhador para este poder manter a família, muito valorizada no positivismo. Os membros do Apostolado Positivista do Brasil combinavam argumentos antiescravistas com a propaganda republicana. A sociedade industrial, já não mais feudal nem militar, o trabalho livre e a república (não como a que conhecemos hoje) constituiriam o novo sistema.

CONCLUSÃO

Tudo isso posto, fica óbvio que a república teve, sim, influência forte do positivismo, mas que esse não foi fruto de militarismo nenhum, mas de uma conjunção de ideias e de ideais que permeavam todo um tecido social entre as diversas atividades profissionais. Era coisa de médico, de engenheiro, de jornalista etc. Está claro que o objetivo de quem joga nas costas dos militares o peso do fim da monarquia, por causa de seu positivismo, que perduraria até hoje, ou não estudou nada de nossa História ou pretende alterá-la, com sabe-se lá quais objetivos. O que sabemos é que os exemplos históricos de gente que se reuniu para mudar a História, com inverdades ou meias verdades, não terminaram nada bem.

O curioso é o uso da palavra golpe no Brasil. Por aqui, tudo que desagrada os egos e vai contra os interesses de alguém, é automaticamente classificado por esse como golpe. Mesmo que seja uma reação legítima, ainda que com o uso da força – ou apenas com o apoio impositivo ameaçador desta. Engraçado é que, para muitos que classificam a proclamação da república no Brasil como golpe, o processo de independência dos Estados Unidos da América, através do qual fundaram sua república federativa, pulando a etapa havida aqui – de colônia a império -, seja exaltado e comemorado como processo de evolução e de libertação naturais. Ora, por lá, o processo deu-se não só pelas mãos de um exército de rebeldes, numa luta fratricida, como também com a ajuda indispensável de exércitos estrangeiros da França, da Holanda e da Espanha. Foi assim que se libertaram os americanos do império britânico. Não queriam ser colônia e não queriam reis. Há inúmeros exemplos, mas, ficarei somente com esse. Pura hipocrisia dessa gente!

RADICALISMO

De fato, D. Pedro II, a princesa Isabel e seus filhos, todos brasileiros, foram banidos do Brasil, para onde nunca mais conseguiram voltar. Porque, para eles, nada menos que o poder parecesse lhes pertencer, bem como, para os que lhes tiraram tal poder, parecessem inadmissíveis ameaças. Justificáveis ou não, o fato é que o radicalismo venceu. Como parece vir vencendo até hoje aqui no Brasil, onde pessoas que não pensem de acordo com os que no poder estejam, ou com os que façam ‘a cabeça’ dos que nele estejam, são execradas publicamente, caladas e exiladas – ainda que por aqui permaneçam.

Amizades antigas de D. Pedro e da princesa foram desfeitas, além de tudo que poderiam ter continuado a contribuir com o país ter ficado na quimera. A família foi para o exílio na França, onde o imperador passou o resto da vida, de hotel em hotel baratos, ajudado financeiramente por amigos, e Isabel, seus três filhos e seu marido,  Conde d'Eu, vivendo no Castelo d'Eu, pertencente à família dele, localizado na comuna de Eu, no departamento do Sena Marítimo, na região da Alta Normandia. O Conde d'Eu ficou famoso não apenas por ter se casado com a princesa Isabel, mas também por ter sido um dos comandantes do Exército Brasileiro na Guerra do Paraguai e por ter ordenado um dos maiores massacres da América do Sul, na última fase dessa guerra.

O Imperador, como ilustre intelectual nunca foi unanimidade. Mary del Piore, em seu livro “O Castelo de Papel”, baseado em fartíssima documentação do Arquivo do Museu Imperial, conta que o genro de D. Pedro II, Gastão de Orléans, o descreve como “alguém profundamente egoísta, cioso de manter o casal de futuros regentes afastado da política, e autor de gestos obscuros e serpentinos. Nenhuma referência à sua propalada sabedoria”. No mesmo livro, reproduz a opinião de seu ministro e amigo Cotegipe, “que dizia que o Imperador não tinha mais que uma cultura superficial e suficiente para impressionar seus interlocutores, com perguntas. Nunca, respostas”.  Mary del Piore também relata que a correspondência de D. Pedro II com intelectuais da época foi diminuta para que mantivesse “viva, uma troca de ideias e afetos por um tempo, mediante troca de muitas cartas. Em sua biblioteca não constavam os grandes nomes da literatura europeia do período e ele não participou dos debates em curso na Inglaterra e França sobre formas de governo, republicanismo, saneamento urbano e higienização das cidades, enfim, ignorou a lista de assuntos que apaixonava as classes letradas”.

O exílio da família imperial durou 33 anos. A volta da família só foi autorizada, em 1920, quando o então presidente Epitácio Pessoa revogou, pelo decreto n° 4.120, a Lei do Banimento. Em 1939, quando a construção do Mausoléu Imperial, em Petrópolis (RJ) foi concluída, os restos mortais do Imperador D. Pedro II do Brasil, de sua esposa, a Imperatriz D. Teresa Cristina Maria de Bourbon chegaram ao Brasil. Em abril de 1971, foram os da princesa Isabel e os do seu marido, Conde d'Eu, que chegaram aqui, quando, na cidade do Rio de Janeiro, receberam honras de chefes de Estado e ficaram expostos na Igreja do Rosário, na rua Uruguaiana, sendo, depois, no dia 13 de maio do mesmo ano, em comemorações à Lei Áurea, os caixões seguiram para a cidade de Petrópolis na qual foram enterrados na catedral da cidade.

quarta-feira, 24 de abril de 2019

TRETAS E AS VERDADES QUE LIBERTAM

Christina Fontenelle
24 de abril de 2019

O presidente Jair Messias Bolsonaro precisa vir a público, em rede nacional, esclarecer ao povo brasileiro sobre as fofocas internas e externas falando de intrigas entre ele e seu vice-presidente, bem como as de entre seguidores de Olavo e militares. Essa coisa toda está tomando proporções inimagináveis e precisa ser estancada. Não há a menor possibilidade de investimentos externos no país, bem como a de que empresários brasileiros apostem nisso aqui, com a situação de insegurança institucional que está sendo construída e mantida. Não se trata de pauta conservadora versus progressista coisa nenhuma. A questão é a de governabilidade mesmo.
Essa briga entre Olavo e Mourão começou bem antes das eleições, quando Olavo fez um vídeo chamando o general de traidor, porque supunha que sua filiação ao PRTB tivesse a ver com candidatura à presidência, vindo a concorrer, pois, com Bolsonaro. Desculpou-se depois, ao ver as inúmeras declarações de Mourão de que jamais viria como candidato à presidência, enquanto Bolsonaro estivesse na disputa. Mais tarde, com a impossibilidade de o general Heleno assumir a candidatura a vice, na chapa de Bolsonaro, surgiu a disputa pela vaga. Venceu Mourão – escolhido pessoalmente pelo presidente, como este mesmo revelou depois do pleito em que foi eleito.
A campanha de achincalhamento de Mourão começou de verdade, depois das eleições, quando o vice-presidente fez declarações à imprensa sobre o aborto. Disse que, ao final, “cabe à mulher decidir”. Fizeram um verdadeiro escândalo! Chamaram Mourão de abortista e de traidor da pauta conservadora. Engraçado, porque Bolsonaro fez essa mesmíssima declaração, várias vezes, inclusive durante a campanha presidencial do ano passado (veja no final desse artigo os links). Escândalo? Nenhum. Silêncio ensurdecedor. Pior do que isso: nenhum defensor da tal pauta conservadora que elegeu Bolsonaro teve a honestidade de colocar estas declarações de Bolsonaro, idênticas às do vice, para falar sobre o episódio. Mourão não é abortista coisa nenhuma, bem como Bolsonaro. Nunca defenderam tal pauta. Ambos, ao se referirem à decisão das mulheres, o fizeram com base na realidade dos fatos, sem entrar em mérito de valores.
Depois jogaram pedras em Mourão por ter mantido encontros com árabes muçulmanos, dentro de sua agenda. Bolsonaro estava em viagem, fora do país. Na ocasião, questionado sobre resoluções a respeito da transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém, Mourão disse que não havia nada oficialmente decidido e que a decisão final sobre o assunto caberia ao presidente Bolsonaro. Ignoraram as falas do vice completamente. A turma da pauta conservadora esbravejava que Mourão era um traidor por se encontrar com muçulmanos, que era contra a transferência da embaixada, que era um desafiador do presidente etc. Pois bem, semanas depois, o presidente Bolsonaro teve os mesmos encontros, só que mais efusivos quanto à amizade e às boas relações que mantemos historicamente com os povos árabes. Falou sobre a não transferência da embaixada, por enquanto. Protestos da turma da pauta? Absolutamente nenhum. Espiral do silêncio. Nada.
Em seguida, a questão da Venezuela. Uma comitiva brasileira foi enviada à Colômbia para lidar com o caso de ajuda humanitária. Equipe uníssona. Um repórter perguntou, propositadamente, é claro, sobre a situação da população da Venezuela, refém de um governo tirano e desarmada. Mourão declarou que, NAQUELA SITUAÇÃO, era bom o fato de estar desarmada, para que não houvesse uma guerra civil sangrenta. Sim, tão somente naquela situação. Não, ele não falou sobre se a população sempre estivesse armada não chegaria àquela situação. Porque talvez não tivesse mesmo chegado. Mas, hoje, na atual circunstância, se viesse a estar repentinamente armada, seria a desculpa ideal para que Maduro terminasse de massacrar mais ainda a população, com risco de termos um Vietnã aqui na América Latina. O que ocorre na Venezuela é o resultado do que já sabemos sobre a esquerdização da AL. Os dois últimos governantes do Brasil tiveram boa parcela de culpa no que lá ocorre hoje. Não está sendo fácil resolver. Mas, isso é outro assunto. O fato é que, para o pessoal da pauta conservadora, nosso vice-presidente passou a ser rotulado de desarmamentista, quando já cansou de defender o direito de defesa dos brasileiros inúmeras vezes. Incontáveis vezes. Quem insiste em dizer isso, sabe que está mentindo.
Teve mais. Uma atrás da outra. A seguinte foi a fala do general Mourão em evento na Universidade Harvard. Impecável, isso sim, foi a palestra do vice-presidente. Exaltou o presidente Bolsonaro e seu governo, além de desfazer a péssima impressão sobre nosso país que a esquerda fez o favor de divulgar lá fora. Na fase de perguntas, um senhor da plateia fez um questionamento sobre a diferença entre Mourão e o presidente militar Ernesto Geisel, ao que o vice-presidente respondeu, ‘na lata’: “eu fui eleito, Geisel não”. Foi aplaudido de pé. Não deu nem para terminar de falar. Menos de dez minutos depois da transmissão ao vivo desse evento, já havia nas redes gente dizendo que Mourão teria desmoralizado os governos militares ao dizer que não foram eleitos e que, portanto, os tinha como ditaduras. Ora, tenham a santa paciência... É óbvio, evidente, que Mourão estava falando de votos diretos – de 57 milhões de eleitores. Além de já ter defendido o regime diversas vezes.
Agora, sobre essa mesma conferência, jogaram nas redes sociais um panfleto que alegam ter estado circulando nas mãos de estudantes de Harvard, convidando para o evento. No tal panfleto, estaria implícito que Mourão era formidável e Bolsonaro um horror. Espalharam por aqui que o tal panfleto se tratava de convite oficial e que Mourão teria aceitado deliberadamente, apesar da comparação com o presidente. Ora, ora, ora... Bolsonaro foi quem autorizou o comparecimento de Mourão ao evento, mediante um outro convite oficial. Isso é óbvio! Nosso vice foi lá e se saiu muito bem, exaltando a figura do próprio Bolsonaro.
Também criaram polêmica com uma ‘curtida’ que o perfil do Twitter do general Mourão teria dado num tweet da jornalista Raquel Sherazade, no qual a mesma tecia elogios ao vice, mas que, no final, o comparava pejorativamente ao presidente. Não foi Mourão quem curtiu o tweet e sim o administrador da conta, distraidamente. Alertado pelo público e pelo próprio Mourão, logo depois, o tal tweet foi ‘descurtido’. Mas, a turma da guerrilha anti Mourão continua, até hoje, falando no assunto, sem mencionar a ‘descurtida’.  
Citados aqui foram os principais episódios, para que se pudesse ter a noção de como fatos e falas têm sido distorcidos e/ou omitidos, em nome de uma campanha para difamar o vice-presidente e outros militares que estão no governo. Sim, pelo nível intelectual dos criadores de tais distorções, o problema está bem longe de ser simplesmente cognitivo. Isso está sendo feito, deliberadamente. Tem alvos determinados e pratica bem o que temos visto a esquerda fazer por aqui, há anos. O método é o mesmo. Já vimos esse filme.
O presidente Jair Bolsonaro já enviou duas mensagens, pelo porta-voz do governo, pedindo que cessem as ofensas entre os dois lados. Ontem, entretanto, o próprio filho de Bolsonaro foi o principal veiculador de ataques ao general Mourão. Situação difícil para o presidente que, é claro, sempre será pai de Carlos Bolsonaro.
Se alguém ainda não percebeu, podemos tentar mostrar algo aqui. O presidente Bolsonaro não está mais em campanha. Quase não fala mais diretamente com a imprensa. Quem foi elencado para isso foi o porta-voz da presidência e o general Mourão, a quem também foi dada a incumbência de lidar com as questões mais polêmicas, delimitando atritos. Mourão tem desempenhado esse papel com maestria - tem segurado bastante a animosidade da imprensa com o governo, bem como a de boa parte da oposição. Ao contrário do que se esperaria, caso vivêssemos a normalidade, é a própria autointitulada parte mais intelectualizada da direita que tem feito uma oposição mais agressiva - só que direcionada ao vice-presidente e aos militares. Bem, na verdade, quem não entende muito de guerra psicológica é que não esperava que alguma coisa assim fosse acontecer - já havia sinais anteriores à eleição que davam algumas pistas.
A questão principal aqui é a de que há um projeto bem definido de desenvolvimento para o Brasil que, junto com os EUA e Israel, faria parte fundamental do bloco Ocidental de poder, em oposição ao Oriental eurasiano, na luta pelo resgate civilizacional. Tudo de ruim que está acontecendo aqui tem o dedo fantástico de globalistas antiocidentais, quer estejam explícitos ou não. É um jogo de xadrez bem complicado. Encontrar uma chance de tentar destruir aqueles que estão de fato construindo os pilares desta reação de resgate ocidental é um trunfo indispensável aos nossos inimigos. Sejam os operadores que estejam por trás desta chance quem forem. É preciso tentar compreender minimamente este cenário.
Fico por aqui, porque não convém, ainda, discorrer sobre outras obviedades que vêm se revelando no cenário atual.

Matérias de Bolsonaro sobre aborto:

quinta-feira, 11 de abril de 2019

ESTÁ NA HORA DESSA GENTE BRONZEADA RESGATAR SUA IDENTIDADE

Christina Fontenelle
11 de abril de 2018

Essa é a história do povo indomável que construiu a identidade da nação brasileira. Nação sobre a qual poucos conhecem, não somente a própria História, como também as origens antropológicas que lhes produziram um DNA identitário. Sem o conhecimento da constituição própria do sangue que lhes corre nas veias e dos instintos herdados, os brasileiros perdem-se nas estórias que lhes contam sobre sua própria identidade e não conseguem identificar os ‘porquês’ da construção de sua História, da qual é preciso ressaltar pontos marcantes, para que o país encontre-se outra vez consigo mesmo.

O processo da primeira ocupação desta terra – que, sim, forjou nossas raízes antropológicas – durou mais de 300 anos, de 1500 até o início dos anos 1800. É o que conhecemos como período colonial, mas que, na verdade, trata do Estado do Brasil. Depois disso, veio o Reino do Brasil, quando a coroa portuguesa veio habitar nessas terras, a partir de 1808, permanecendo até 1821, quando da volta de Dom João sexto a Portugal, seguida pela independência proclamada em 1822 pelo herdeiro do trono, Dom Pedro I. Como monarquia bem peculiar, permanecemos até 1889, quando foi proclamada a República. Contra mais de 300 anos de Estado do Brasil, o Reino do Brasil durou menos de um século. Bem resumidamente, esta foi a sequência histórica que forjou a República Federativa do Brasil bem como nosso DNA antropológico, nossa identidade.

Os povoados foram se formando pelo território que hoje conhecemos como o do Brasil por donos de capitanias hereditárias, índios aliados (que guerreavam contra outros índios), padres católicos catequizadores, terras agricultáveis e criações de gado. A colonização portuguesa mantinha a terra, a catequese católica e a língua portuguesa em todo o território. Tudo regado a muito sangue, suor, lágrimas e determinação. A miscigenação foi a marca da formação de nosso povo. Quando a coroa portuguesa aqui chegou, portanto, já existia um povo, um jeito de viver, um embrião bem sólido de nação. Indomável, porque forjada com lutas e acordos, vitórias e derrotas. Em cada um dos povoados, guerreiros voluntários protegiam as terras, seus frutos e filhos.

Duzentos anos antes da coroa por aqui aportar, portugueses, negros, índios e mestiços já lutavam como embrião do que veio a ser o exército brasileiro, na sequência da Guerra da Restauração do Império Português, cujas batalhas dos Guararapes, aqui no Brasil, em Pernambuco - considerado o episódio marcante da Insurreição Pernambucana - puseram fim às invasões holandesas do Brasil. Destacaram-se os generais Fernandes Vieira e Vidal de Negreiros, bem como o negro Henrique Dias e o índio Felipe Camarão. Ou seja, nas nossas raízes estão a miscigenação e o povo guerreiro que constitui seu próprio exército. São os representantes do próprio povo, das famílias, que formaram homens para defender com armas, suas terras, suas origens, seu futuro – o que trouxe a proximidade hierárquica entre todos os membros sociais.   

A corte portuguesa veio para o Brasil em 1808. No período regencial que antecede a esta mudança da corte, D. Maria I, rainha de Portugal e mãe do Dom João VI, nos primeiros anos de seu reinado, promovera um retorno parcial à uma ordem anterior ao reinado de seu pai, cujo governo fora dominado pela figura do Marquês de Pombal. Influenciado pelo Iluminismo e adepto da política do despotismo esclarecido, Pombal organizou uma grande reestruturação econômica, social e cultural no reino, numa sociedade ainda fortemente enraizada no feudalismo e pesadamente influenciada pela Igreja. Sua atuação laicizante, centralizadora e enérgica abalou o poderio da nobreza e do clero, e, por isso, causava muitos ressentimentos. Maria I, que detestava os métodos de Pombal, procurou reverter essa situação, ainda que tenha mantido muitas das iniciativas e políticas de Pombal, que haviam se revelado progressistas e frutíferas, e que foram entendidas como indispensáveis para a preservação não apenas do crescimento e da modernização portuguesa, mas também da própria monarquia. Ou seja, o tal do positivismo trazia o desenvolvimento industrial e tecnológico. Fez parte de uma era inteira da civilização como um todo.

Essa orientação mais liberal e iluminista foi mantida quando D. João assumiu o governo, auxiliado por um grupo de influentes políticos, cientistas, letrados e intelectuais reunidos na Academia de Ciências de Lisboa e na Universidade de Coimbra, que produziram uma série de estudos a fim de diagnosticar os problemas que afligiam o reino português e suas colônias, oferecendo soluções práticas, desde que, em relação às colônias, as mantivessem como fornecedoras de matérias-primas e de outras riquezas naturais para o abastecimento de Portugal.

É bom lembrar aqui o que acontecia na Europa, que diz respeito ao tal do positivismo que monarquistas de hoje, no Brasil, bem como alguns formadores de opinião, atribuem aos militares brasileiros, desde sua remota formação, quando essa filosofia já ardia na Europa e por aqui foi introduzida pela própria monarquia. São verdades sempre contadas pela metade. Só a parte que convém aos que pretendem reescrever a História através de seus próprios olhos, como se a verdade fosse. Exatamente como faz a esquerda, como faz o espírito revolucionário.

Auguste Comte, que fora secretário do filósofo francês Claude Saint-Simon - um dos chamados socialistas românticos -, para designar o método científico e a possibilidade de sua extensão à filosofia, teve grande expressão no mundo ocidental durante a segunda metade do século dezenove. O positivismo acompanhou e estimulou a organização técnico-industrial da sociedade moderna fazendo-a desenvolver-se e consolidar-se. Portanto, o cientificismo anticlerical espalhava-se por todo o ocidente, desde o Iluminismo, pretendendo estabelecer-se como a nova religião da humanidade. De acordo com os positivistas, somente se poderia afirmar que uma teoria fosse correta se ela fosse comprovada através de métodos científicos válidos, não considerando os conhecimentos ligados a crenças, superstição ou qualquer outro que não pudesse ser comprovado cientificamente.

Então, vamos reforçar aqui. Duzentos anos antes do positivismo vir parar por essas bandas, trazido com a vinda da corte para o Brasil, já existia aqui um povo, forjado na miscigenação, na pouca diferença hierárquica social prática entre os membros de cada povoado, na fé católica. E um exército formado por líderes, empregados, filhos e pais, de cada povoado. O exército era o povo. Esse é o nosso DNA. Nenhum positivismo que viesse 300 anos depois seria capaz de transformar esse povo, esse exército embrionário, em ateu cientificista, muito menos em domável e alegre súdito de qualquer monarquia que fosse.

No fim de 1806 a situação internacional se aproximava de um ponto crítico. A França decretara o Bloqueio Continental, pretendendo isolar a Inglaterra dos seus aliados e romper sua rede comercial. Ao mesmo tempo, a invasão do Reino de Portugal e a deposição do seu monarca pareciam iminentes. Na época, uma defesa armada era considerada inútil, diante da força do inimigo. D. João, acompanhado de toda a família real e grande séquito de nobres, funcionários de Estado e criados, bem como volumosa bagagem onde se incluía valioso acervo de arte, os arquivos de Estado e o tesouro real, partiu para o Brasil. O número de pessoas embarcadas é muito controverso, mas a esquadra de quinze embarcações, de fato só poderia ter levado de doze a quinze mil pessoas. Estabelecendo no Brasil a sede da monarquia, o regente aboliu o regime de colônia em que o país até então vivera. Todos os caracteres de tal regime desaparecem. São abolidas, uma a uma, as velhas engrenagens da administração e substituídas por outras já de uma nação soberana. Caem as restrições econômicas e passam para um primeiro plano das cogitações políticas do governo os interesses do país. Não porque a coroa por aqui se apaixonasse, mas porque, a partir daquele momento, a coroa mesma era aqui.

As estimativas quanto ao número de indígenas que existiam no Brasil à época do descobrimento giram em torno dos 3 milhões. Desembarcaram, no litoral brasileiro até o fim do Brasil Colônia, em 1822, entre 500 e 700 mil lusitanos. Até à extinção do tráfico negreiro, em 1850, entre 4 e 5 milhões de africanos foram trazidos ao Brasil na condição de escravos. Os primeiros grupos de imigrantes não lusos e não africanos chegaram ao Brasil, de forma organizada, somente depois da vinda da família real para o país, com a abertura dos portos em 1808. Naquele ano, os primeiros imigrantes voluntários a virem para o Brasil foram 300 chineses de Macau, que chegaram ao Rio de Janeiro, com o objetivo de introduzir o cultivo de chá no Brasil.

No século XIX, teve início a imigração de outros povos europeus para o Brasil, em particular da Itália, rivalizando numericamente com os portugueses, seguidos por fluxos de espanhóis e de alemães. No início do século XX, intensificou-se o fluxo migratório oriundo da Ásia, particularmente de japoneses e de sírio-libaneses. Entre 1820 e 1975 o Brasil recebeu 5.674.569. Ou seja, o país embebeu-se de cultura vinda da Europa e da Ásia, ajudando a construir a identidade nacional, ainda que a raiz antropológica da nação brasileira já estivesse estabelecida havia mais de 300 anos.

Os militares “positivistas desde à sua origem”, como pregam erradamente hoje alguns formadores de opinião, proclamaram a república, dando um golpe de estado? Não! Como os fatos bem descrevem, muitos setores da sociedade estavam insatisfeitos com o império. E, como já vimos, as Forças Armadas são essa própria sociedade desde sua origem. A proclamação do regime republicano brasileiro aconteceu em decorrência da crise do poder imperial, da ascensão de novas correntes de pensamento político e de interesses de determinados grupos sociais com os quais Dom Pedro II não conseguia lidar como mediador. A questão da escravidão era um dos maiores campos dessa tensão político-ideológica. Os fazendeiros da oligarquia nordestina e sulista faziam oposição ao fim da escravidão e, no máximo, admitiam-na com a concessão de indenizações do governo. Ou seja, com a aprovação da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, em 1888, estes setores começaram a ver a monarquia como um regime incapaz de atender aos seus interesses. Já os cafeicultores do Oeste Paulista apoiavam a implementação da mão-de-obra assalariada no Brasil. Os intelectuais, militares e os órgãos de imprensa defendiam a abolição como uma necessidade primordial dentro do processo de modernização socioeconômica do país. É nesse contexto que as ideias republicanas ganham espaço, em TODA A SOCIEDADE, enquanto acontecia a perda das bases políticas que apoiavam Dom Pedro II.

A Igreja, setor de grande influência ideológica, devido à crise nas relações entre os clérigos e Dom Pedro II também passou a engrossar a fila daqueles que maldiziam o poder imperial. Naquela época, de acordo com a constituição do país, a Igreja era subordinada ao Estado por meio do regime de padroado, no qual o imperador tinha o poder de nomear padres, bispos e cardeais. Mas, em 1864, o Vaticano resolveu proibir a existência de párocos ligados à maçonaria, o que Dom Pedro II, que era maçom, desobedeceu. Ao mesmo tempo, com a vitória na Guerra do Paraguai, o oficialato alcançara prestígio e muitos jovens de classes médias e populares passaram a ingressar no Exército. Portanto, como já foi descrito acima, as instituições militares dessa época também foram influenciadas pelo pensamento positivista, que defendia a “ordem” como caminho indispensável para o “progresso”. Desta forma, os oficiais – que já se julgavam uma classe desprestigiada pelo poder imperial – compreendiam que o rigor e a organização dos militares poderiam ser úteis na resolução dos problemas do país. Os militares, então, também passaram a se opor ferrenhamente a Dom Pedro II.

O último gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal, Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho de 1889 propõe um programa de governo com reformas profundas no centralismo do governo imperial, na tentativa de reduzir a oposição à monarquia, cada vez maior: liberdade de culto, autonomia para as províncias, temporariedade do Senado, liberdade de ensino, redução das prerrogativas do Conselho de Estado, entre outras medidas que foram vetadas pela maioria na Câmara dos Deputados. O governo do Império tinha perdido suas bases econômicas, militares e sociais, sem que essas ideias republicanas tivessem ainda grande penetração popular, apesar de o povo também estar descontente com Monarquia, ainda que estivesse feliz por causa da abolição da escravatura.

A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um levante político-civil-militar que deu início à República Federativa Presidencialista. Marechal Deodoro da Fonseca foi o responsável pela efetiva proclamação e foi o primeiro Presidente da República, tendo Marechal Floriano Peixoto como vice-presidente, num governo provisório (1889-1891). Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças com a Proclamação da República. O que há de imediato é a abertura da política aos homens enriquecidos, principalmente pela agricultura. Na República, abre-se espaço de decisão para esta classe que carecia desse poder de decisão política. No ano da Proclamação, o Brasil possuía 636 indústrias e cerca de 54 mil operários. Como ministros desse governo provisório membros regulares da Maçonaria Brasileira: Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk – todos aliados aos ideais da filosofia Positivista, usando dos símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Lembrando que Deodoro era contrário ao movimento republicano e defensor da Monarquia, como deixa claro em cartas trocadas com um seu sobrinho, em 1888, afirmando que, apesar de todos os seus problemas, a Monarquia, para ele, continuava sendo um sustentáculo do país, e que a república constituiria uma desgraça, por não estarem os brasileiros preparados para ela.

Na oportunidade da comemoração dos 370 anos do Exército Brasileiro, em 2018, o General-de-Exército Villas Boas, então comandante do Exército, iniciou a leitura da ordem do Dia: “Em qualquer grupamento humano primitivo há sempre um segmento responsável pela segurança coletiva. Na medida em que esse grupamento humano vai incorporando novos elementos culturais, tornando-se mais complexo, ali está o embrião das Forças Armadas e, quando atinge o estado de Nação e se transforma em um País, as Forças Armadas já preexistiam, e tiveram uma ativa participação em toda essa dinâmica de consolidação de um novo País... Em solo nordestino, plantamos a raiz do Brasil de hoje, com negros, brancos, índios e mestiços, irmanados e ombreados para expulsar o invasor. Evoluímos, desde então, inspirados nos exemplos da Insurreição Pernambucana. Vieram as lutas nativistas, a Independência, o combate às insurreições, as campanhas na região do Prata, a Abolição da Escravatura, a República, a Segunda Guerra Mundial e os desafios da modernidade. Evoluímos em consciência e pujança. O Exército - que surgiu em Guararapes, liderado por Vidal de Negreiros, Felipe Camarão, Henrique Dias, João Fernandes Vieira e Antônio Dias Cardoso, todos reconhecidos como "Heróis da Pátria" - prefere não adotar os conceitos de sociedade civil e sociedade militar. Junto à Marinha e à Força Aérea, integra uma sociedade única, capaz de entender as lições do passado, participar continuamente da construção do presente e contribuir com um futuro de paz, justiça e prosperidade para todos os brasileiros. Ordem e Progresso são substantivos de conotação clara e robusta, capazes, por si sós, de iluminar nossa trajetória. Não acontecem sem respeito à lei, sem amor ao País e sem honestidade de propósitos”.

Sendo, portanto, o próprio povo, em fardas e armas, desde sua origem primeira e sempre, as Forças Armadas participaram de todos os momentos históricos do país, respondendo, pois, aos anseios desse povo. A ligação é antropológica, umbilical. Um dos pilares de nossa origem como nação. Não há dialética capaz de destruir isso. Não há interpretação histórica e retórica capaz de falsificar esta identidade, a não ser que se trabalhe na falsificação interpretativa dos fatos e na reengenharia social que, através dessa falsificação, tente romper com esse elo antropológico. Coisa parecida é feita também no campo de nossa formação religiosa, mas é assunto para outra oportunidade. Justamente porque somente o rompimento com essa identidade antropológica pode preparar adequadamente o terreno que possibilite a revolução, seja ela de esquerda ou de uma ‘direita’ que aja nos mesmos moldes revolucionários, só que de viés que se auto proclame conservador. Pois de conservador nada tem, porque se recusa a aceitar a própria identidade antropológica, querendo substituí-la por outra europeizada que julgam ser superior.

A guerra que vive o Brasil é antropológica. Não só o Brasil, mas todo o Ocidente. É batalha psicológica. Trava-se na conquista de mentes e de corações. No resgate da própria verdade histórica. Jamais será vencida pela substituição da uma mentira por outra mentira, igualmente construída, mesmo que de viés aparentemente oposto.

Está na hora dessa gente bronzeada olhar para dentro de si mesma e resgatar sua identidade antropológica. Só assim venceremos a agenda globalista e todas as pendências que nos impedem de ser a maior nação que esta Terra já viu florescer.

terça-feira, 26 de março de 2019

I ENCONTRO BRASILEIRO DE CONSERVADORES

É preciso que nos olhemos no espelho e que saibamos responder a nós mesmos se o que nos une, a nós ditos conservadores, é o anti-esquerdismo ou um verdadeiro apreço pela liberdade e pelos valores que construíram a sociedade ocidental. Afinal, a democracia pode conviver eternamente com o esquerdismo latente que nos obriga a cercear as liberdades?

Chegou a hora do Brasil mostrar a sua cara e tomar o destino em suas próprias mãos! Somos, sim, um povo conservador, fundado e erguido nos princípios morais cristãos. Precisamos, portanto, redescobrir a importância de conhecer nosso passado, nossa essência como civilização e como nação, para que firmemos as bases daquilo que realmente somos e para onde queremos ir. Depois de anos do emprego de engenharias sociais para mudar a nossa cara como povo, gritamos ‘Basta!’
Colocamos na presidência da República uma equipe de pessoas que se propunha a resgatar nossa identidade. Sozinhos eles não conseguirão. Precisamos fazer muito mais do que isso para reverter tudo de ruim que foi feito nos últimos quarenta anos a fim de destruir a nação brasileira. Chegou a hora!

A Associação Nacional dos Conservadores (Acons), entidade sem fins lucrativos de caráter político e cultural, presente em vinte e um estados, mais o Distrito Federal,
sai na frente, realizando a operação de sustentação pós e para além da eleitoral do conservadorismo identitário brasileiro! Vem aí o I ENCONTRO BRASILEIRO DE CONSERVADORES, no coração do Brasil, em plena capital Brasília, no próximo dia 28 de abril. A participação de todos, pessoalmente, acompanhando pela internet, colaborando financeiramente com a Acons é extremamente importante!

Além de proporcionar a oportunidade de aumentar a rede de contatos entre os conservadores, o encontro colocará em pauta temas como o cenário Político-social do Brasil (forças e agentes políticos), os cenários da geopolítica nacional e internacional, as entidades de Representação junto ao Estado, o papel dos movimentos sociais junto ao governo, o sistema sindical, a reforma da previdência, entre outros possíveis temas.

O Encontro é o primeiro passo na preparação para no I Congresso Conservador Brasileiro, a ser realizado em 16 de novembro deste ano. Nele iremos congregar toda a ampliação dos debates que foram gerados a partir deste encontro em nossos estados, e construir propostas de políticas públicas que busquem superar os gargalos políticos, econômicos e sociais que impedem o crescimento do povo brasileiro.


Organização: Associação Nacional dos Conservadores - ACONS
Apoio/Participação: Instituto Honestidade Intelectual, Instituto Conservador de Brasília e Movimento Jovens na Política.
Número de inscrições limitadas.
Mais informações em secretaria@acons.org.br
 
Apesar de as compras de passagens e negociações não serem de responsabilidade da Acons, conseguimos uma agente de viagem que está buscando encontrar passagens mais em conta. Falar via Whatsapp com Renate: 041998639829

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Um reino de crimes violentos – Herança de 33 anos de esquerda no poder

Famílias desestruturadas, falta de estudo e impunidade parecem levar homens jovens de classes sociais mais desfavorecidas financeiramente ao crime violento. Esta é a realidade que os fatos nos mostram. 

Christina Fontenelle
30/06/2018

Aumentar cada vez mais os índices de criminalidade no país parece ter sido política de Estado no Brasil dos últimos 30 anos, a despeito de tudo o que quer que tenham dito em discursos demagógicos e gasto em programas sociais de suposta prevenção.

Para a esquerda marxista e marcuseana representada que vem nos governando nos últimos 30 anos, não existe crime. Trata-se apenas de luta de classes. Os atos de indivíduos que representam a suposta classe dos “oprimidos” contra indivíduos que representam a suposta classe dos “privilegiados”, tratando-se, portanto, de resgate ou de reparação e não de crime. Segundo essa concepção, um bandido que rouba alguém está tomando de volta o que a ‘sociedade’ não permitiu que ele possuísse. Um criminoso que assalta é um agente do lumpemproletariado revolucionário, para quem o trabalho e os valores sociais são opressores de sua realização como indivíduo. Se agredir ou matar, terá apenas dado vazão à revolta contra ‘séculos de opressão burguesa’.

De modo que criar um ambiente em que todas as condições de vitimismo possam florescer seja fundamental para que a esquerda, não só permaneça no poder, mas que o tenha cada vez mais. Pobres, homossexuais, negros, mulheres, drogados, índios, criminosos – todos são ‘vitimas da sociedade’ e uns dos outros, sem que se dêem conta de que tenham sido conduzidos e/ou incentivados a assim o serem justamente por todo um conjunto de ações desta própria esquerda no poder, para criar uma relação de dependência entre estes grupos e o ‘papai’ estado que lhes garanta proteção e ‘direitos’.

Incentivaram a ocupação urbana desordenada, favelizando as cidades e criando zonas de estado paralelo onde somente milhares de ONGs de pregação esquerdista pudessem atuar livremente; criaram leis que engessaram a ação dos órgãos de combate à criminalidade, além de promoverem centenas de milhares de ações de propaganda contra os próprios agentes de repressão ao crime; desarmaram a população, garantindo aos criminosos o direito de decidir quem morre e quem vive; inundaram a sociedade de propaganda de incentivo à homossexualidade; perverteram a todos os tipos de arte; aparelharam e engessaram o exercício do Direito, da Psicologia e da Psiquiatria; atacaram todos os valores caros à maioria cristã de brasileiros; deturparam o significado de palavras caras à correta compreensão da realidade e introduziram outras para homogeneizar o discurso, bem como impuseram a censura de expressões e práticas, através do politicamente correto; isolaram índios como se animais de zoológico fossem; entre outras centenas de providências.

Tudo para criar este ambiente enlouquecedor pré-revolucionário, no qual as pessoas acabem implorando por cada vez mais controle e dependência estatais, sem os quais não consigam nem ao menos viver, quanto mais manter a sanidade física e mental. Este foi o resultado de anos de esquerda criminosa no poder, não só aqui no Brasil, mas como hegemônica em todo o Ocidente.

Vamos nos ater aqui apenas à criminalidade como consequência direta de todo este ambiente criado pela esquerda que está no poder aqui no Brasil desde 1995, quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a presidência da República, propagando o falso argumento de que é a pobreza, a desigualdade social, a causa da criminalidade, fazendo do criminoso vítima e de toda a sociedade culpada. Baseados nessa falácia, criaram leis complacentes com todos os tipos de criminosos e, paradoxalmente, rigorosas com cidadãos comuns que, com ‘canetadas’, são transformados em criminosos, de uma hora para outra – como ter uma arma em casa, sem estar em dia com as burocracias e taxas de registro, por exemplo, ou como criminalizar quem se manifeste contra o ativismo homossexual por questões religiosas ou de foro íntimo.

O que a esquerda ganha em defender criminosos? Como já escreveram Marx, Gramsci e Marcuse, não há revolução sem desqualificação das instituições. Herbert Marcuse, inclusive, defendia abertamente a ideia da criminalidade como instrumento revolucionário, valorizando o lumpemproletariado – que são os marginais (criminosos, prostitutas, drogados etc). Ora, quando os próprios instrumentos institucionais da justiça passam a ser usados para defender criminosos, toda a sociedade começa a perder a confiança nesta instituição, ficando acuada e desprovida do senso de certo e de errado – tudo isso num processo longo e simultâneo, no qual uma enorme engrenagem de mídia, de políticas de estado e de propaganda atuam massivamente.

As informações oficiais sobre criminalidade são todas manipuladas para que possam alimentar os discursos que a esquerda sustenta para ir criando cada vez mais leis que acabem obrigando cristãos a financiar anticristãos, trabalhadores a vagabundos, conservadores a seus algozes.

Nos dados relacionados ao negro, por exemplo, verificamos nitidamente esta manipulação. A primeira mentira relaciona-se à própria classificação do que seria o negro. Para a esquerda, negro é todo aquele que não tenha a pele clara e que ‘se sinta’ como tal. Simplesmente acabaram com os mulatos, com os mestiços. Daí para transformar cerca de 4% da população de negros no Brasil em 52% foi um pulo. Mágica pura! Aliás, foi fácil! Criaram leis e propaganda que fizeram com que os mestiços vissem vantagem em se identificar como negros – as cotas raciais, por exemplo.

Sobre a criminalidade, para criar dados que favorecessem o discurso de vitimização – dos criminosos – extinguiram-se simplesmente alguns recolhimentos de dados que pudessem atrapalhar este discurso. Identificam, por exemplo, as estatísticas oficiais que negros sejam as maiores vítimas da criminalidade, da ação coercitiva da polícia etc. Simples assim. Perguntamos, então: de que cor eram os algozes destas vítimas? De que cor eram os policiais que agiram contra estes negros? Proporcionalmente aos membros de sua cor, quem comete mais crimes? Nenhum desses dados é informado à população quando a imprensa e o governo promovem a vitimização do negro.

A tática esquerdista é mundial. Nos Estados Unidos, por exemplo, no livro War on Cops, Heather Mac Donald expõe toda a falácia progressista sobre a criminalidade, usando, para isso, dados estatísticos reais que nunca são revelados pelos progressistas. “Em Nova York, por exemplo, os negros são apenas 23% da população, mas cometem cerca de 75% dos crimes envolvendo tiroteio na cidade, enquanto que os brancos, que são um terço da população, praticam 2% dos crimes com tiroteio. Em Los Angeles, os negros praticam 42% dos roubos, mas são 10% da população. Homens negros entre 14 e 17 anos têm até 6 vezes mais chances de morrer em tiroteios do que adolescentes brancos e hispânicos juntos, graças a uma taxa dez vezes maior de assassinatos cometidos por adolescentes negros. Mais de 72% dos negros americanos nascem de mães solteiras, fora do casamento, uma taxa três vezes maior do que uma análise feita em 1965, antes da “guerra contra a pobreza” dos democratas progressistas, que gastou mais de US$20 trilhões em 80 diferentes programas de welfare state voltados para resolver o problema. Negros são presos em proporção maior do que hispânicos, brancos e asiáticos, e sofrem uma abordagem policial maior pelo mesmo motivo: praticam mais crimes. Eis o fato inegável. Resta encontrar as causas disso. E as famílias sem estrutura dão uma boa dica do caminho”.

Já no Brasil, traçar o perfil de quem comete crimes violentos é uma tarefa mais difícil, devido justamente à ausência de dados oficiais. Mas, existem alguns estudos que oferecem pistas. Um deles é o da pesquisadora da FGV Ludmila Mendonça Lopes Ribeiro, "Mensurando o Tempo do Processo de Homicídio Doloso em Cinco Capitais" (2014) (https://temas.folha.uol.com.br/e-agora-brasil-seguranca-publica/criminalidade/homens-negros-e-jovens-sao-os-que-mais-morrem-e-os-que-mais-matam.shtml), que analisa mortes com autoria identificada ocorridas em 2013, em Belém, Belo Horizonte, Goiânia, Porto Alegre e Recife. Os autores dos crimes tinham as mesmas características da maioria das vítimas: homens, negros e jovens. Outro estudo é de um dos autores do Atlas da Violência de 2018, Helder Ferreira, que também afirma ser possível trabalhar com a hipótese de que o perfil dos criminosos seja similar ao das vítimas (https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/quem-mata-no-brasil-3eywzcuxe0nqftumf2qtebqrm).

O sociólogo brasileiro Marcos Rolim realizou um estudo que abrangeu 111 jovens rapazes, entre 12 e 19 anos, visando identificar o que levaria algumas pessoas a cometerem crimes de extraordinária violência, ferindo ou matando alguém, mesmo sem reação da vítima, e concluiu que o fator mais vezes identificado e que mais frequentemente o distinguiria de outros adolescentes seria o abandono escolar. Dados do Infopen (Sistema Integrado de Informação Penitenciaria) http://www.infopen.gov.br/ Órgão do governo federal responsável pelo levantamento de dados de encarcerados no Brasil confirmam o estudo. Segundo tais dados, os crimes mais cometidos no pais são: Tráfico de drogas (27%); Roubo (21%); Homicídio (14%) e violência doméstica (apenas 1%). Sobre o perfil de instrução dos criminosos, 53% dos detentos têm ensino fundamental incompleto; 11% têm ensino médio incompleto e 6% são analfabetos. Somente 1% dos criminosos presos tem nível superior completo. Isso pode dar uma pista real de que a falta de estudo torna a pessoa mais vulnerável para cair na vida de crime. Outro dado importante é a idade dos criminosos. Cerca de 31% deles têm entre 18 e 24 anos de idade; 25% entre 25 e 29 anos e 19% entre 30 e 34 anos. Somente 1% dos criminosos têm idade superior a 61 anos. Outra pista real: quanto mais jovem for a pessoa, mais chances ela tem de se tornar um criminoso.

Em 2016, o então promotor da  1ª Vara do Júri de Porto Alegre (RS), Eugênio Paes Amorim criticou (http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/02/especialistas-apontam-causas-para-o-aumento-da-violencia-no-rs.html) a legislação brasileira - que ele classificava como branda - e também a orientação ideológica dos magistrados das Varas de Execuções Criminais. “O judiciário na Vara de Execuções Penais é muito condescendente, quer esvaziar os presídios, o Executivo não constrói candeias, e os juizes da VEC são doutrinados por criminologia marxista que vêem os bandidos como vítimas da sociedade, e isso cria uma clima de insegurança na sociedade, e dá força para o traficante quando ele volta para comunidade”.

Concluindo, famílias desestruturadas, falta de estudo e impunidade parecem levar homens jovens de classes sociais mais desfavorecidas financeiramente ao crime violento. Esta é a realidade que os fatos nos mostram. Realidade, entretanto, que, num país riquíssimo como o nosso, foi artificialmente criada por governos de esquerda, com mentalidade revolucionária, mais interessados em criar militância do que cidadãos livres e úteis para o desenvolvimento sadio de uma sociedade de raízes ocidentais. Solucionar este problema é uma decisão política.

Outros artigos que servem como fontes de consulta:
- ROMPIMENTO FAMILIAR E DELINQÜÊNCIA JUVENIL: QUAIS AS POSSÍVEIS CONEXÕES?
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