terça-feira, 4 de outubro de 2016

COMO ASSASSINAR UMA CANDIDATURA

Por Christina Fontenelle
03/10/2016

Uma análise das pesquisas divulgadas entre abril e outubro de 2016 pode dar aos eleitores do Rio de Janeiro uma breve ideia de como a manipulação daqueles números pode (E FAZ) um enorme estrago no futuro de sua cidade! É uma espécie de fraude, assim, no ‘carão’ mesmo, às claras, nas barbas do TSE. A liderança de Marcelo Crivela era inquestionável mesmo, de modo que não é dela que vamos tratar. O assunto aqui vai ser o embuste eleitoral cometido pelos institutos de pesquisa que trabalharam direitinho para tirar de você, eleitor, toda e qualquer chance de usar a sua ‘arma eleitoral’ de voto útil – que se usa para evitar que um candidato que você rejeite seja eleito ou, no caso, chegue ao segundo turno. Os números foram tão manipulados, mas tão manipulados, que o eleitor carioca ficou completamente impotente para usar o voto útil com presteza e racionalidade. De modo que a maioria deles votou mesmo foi com ‘o coração’, com seu real desejo de votar no seu candidato preferido. Mas, na verdade, o resultado das urnas mostrou que, se não tivesse havido tamanha manipulação de números nas pesquisas, acordaríamos hoje com Flavio Bolsonaro no segundo turno para disputar a prefeitura com Marcelo Crivela. Vejamos.


28/04/2016
O DIA
Pesquisa realizada pelo Instituto Gerp entre os dias 21 e 24 de abril de 2016 com 400 eleitores, das quatro grandes regiões da cidade — Norte, Sul, Centro e Oeste.

Marcelo Crivella (PRB-RJ) - 35%
Marcelo Freixo (Psol) - 9%.
Alessandro Molon (Rede) - 5%
Flávio Bolsonaro (PSC) - 4%
Carlos Osório (PSDB) – 6%
Pedro Paulo (PMDB) - 2%
Cerca de 26% dos entrevistados disseram que não votariam em nenhum dos pré-candidatos apresentados. Outros informaram que ainda não sabem em quem votar.

28/06/2016
Pesquisa divulgada pela plataforma digital de estudos de tendência Dizgoo mostra o candidato Marcelo Freixo (PSOL) em primeiro lugar nas eleições municipais do Rio de Janeiro, com 20,82% da preferência dos cariocas. A pesquisa nem menciona o também pré-candidato Flavio Bolsonaro!



A partir deste momento, Flavio Bolsonaro e Marcelo Freixo passam a aparecer nas pesquisas como tecnicamente empatados.

08 de julho de 2016
Jornal do Brasil


23/08/2016
Pesquisa Ibope ouviu 805 eleitores entre 20 e 22 de agosto sobre Prefeitura do Rio.
Do G1 Rio
A pesquisa foi encomendada pela TV Globo.

- Marcelo Crivella (PRB) - 27%
- Marcelo Freixo (PSOL) - 12%
- Flávio Bolsonaro (PSC) - 11%
- Jandira Feghali (PC do B) - 6%
- Pedro Paulo (PMDB) - 6%
- Índio da Costa (PSD) - 5%
- Carlos Osório (PSDB) - 4%
- Alessandro Molon (Rede) - 2%
- Carmen Migueles (Novo) - 1%
- Cyro Garcia (PSTU) - 1%
- Branco/nulo - 20%
- Não sabe/não respondeu - 5%

26/08/2016
Datafolha para prefeito no Rio por sexo, idade, escolaridade, renda e religião




Veja a seguir os números da pesquisa por sexo, idade, escolaridade, renda e religião.


Na pesquisa acima, percebe-se que, entre os homens mais novos, religiosos e com menos escolaridade, Flávio Bolsonaro aparece com boa vantagem sobre Freixo. Ou seja, teoricamente, com boas chances de abarcar uma parte maior do eleitorado carioca.

4 de setembro de 2016

A partir de meados de setembro, SEM QUE NADA TIVESSE OCORRIDO PARA MODIFICAR AS OPÇÕES DE VOTOS DO LEITORADO, repentinamente, candidatos como Jandira Feghali, Osório e Pedro Paulo começam a subir nas pesquisas. A partir deste momento, o eleitorado começa a perder o poder de análise correta sobre como usar o ‘voto útil’ para tirar Freixo do segundo turno e, futuramente, Crivella da prefeitura. Com todos os candidatos em iguais condições de competição por uma vaga no segundo turno, a tendência do eleitorado foi ou optar por seu candidato preferido ou tentar um voto útil em Pedro Paulo – que as pesquisas apontavam como o candidato que mais crescia na preferência do eleitorado.

14 Setembro 2016
O Estado de S.Paulo

Pesquisa divulgada pelo Ibope, que ouviu 1.001 eleitores, nos dias 12 e 13 de setembro.
RIO - O candidato Marcelo Crivella (PRB) é o líder na intenção de votos para prefeito do Rio de Janeiro, com 31%. A diferença percentual entre o candidato do PRB e o segundo colocado, Marcelo Freixo (PSOL), aumentou de 15 para 22 pontos. Em seguida aparecem cinco candidatos em empate técnico: Marcelo Freixo (PSOL) e Pedro Paulo (PMDB), com 9%; Flávio Bolsonaro (PSC) e Jandira Feghali (PC do B), com 8%; e Indio da Costa (PSD), com 7%. Carlos Roberto Osorio (PSDB) tem 3% e Alessandro Molon (Rede) e Cyro Garcia (PSTU) têm 1% cada. Os votos brancos e nulos chegariam a 14% e 4% não sabem em quem votar ou não quiseram responder.

27/09/2016
Pesquisa Datafolha feita com 1.144 entrevistas com eleitores de todas as regiões da cidade do Rio de Janeiro, com 16 anos ou mais.

A seis dias do primeiro turno das eleições municipais, mostra um cenário estável nas intenções de voto, com Marcelo Crivella (PRB) na liderança, com 29%, e uma disputa acirrada pelo segundo lugar, com cinco candidatos empatados tecnicamente. Pedro Paulo (PMDB), Marcelo Freixo (PSOL), Jandira Feghali (PC do B), Flávio Bolsonaro (PSC) e Osório (PSDB) - é a primeira vez que o tucano aparece nesta situação.
Dos cinco candidatos tecnicamente empatados na segunda colocação, Pedro Paulo é o único a apresentar crescimento no período: 5% em agosto, 8% no início de setembro, 9% na semana passada e agora, 11%.
Considerando os votos válidos, sem contar os votos em branco ou nulo e sem os indecisos, Crivella tem 37%, Pedro Paulo, 14%, Freixo, 13%, Bolsonaro, 10%, Feghali, 9%, Osorio, 7%, Indio da Costa, 7%, Molon, 2%, Migueles, 1%, Garcia, 1% e Bastos foi citada, mas não alcançou 1%.

Na situação Crivella versus Freixo, o candidato do PRB teria 51% das preferências (tinha 53%), o candidato do PSOL teria 29% (tinha 26%), votariam em branco ou nulo 18% (mesmo índice anterior) e não opinaram, 3% (mesmo índice anterior). O senador receberia a maior parcela dos votos em 1º turno de Flavio Bolsonaro (53%), de Indio da Costa (41%), de Pedro Paulo (46%) e dividiria a preferência entre os eleitores de Feghali (42% a 42% de Freixo) e de Osorio (37% a 41% de Freixo).

Na situação Crivella versus Bolsonaro, o senador teria 51% das preferências (tinha 55%), o deputado estadual, 22% (tinha 19%), votariam em branco ou anulariam o voto 24% (era 23%) e não opinaram 2% (era 3%). Crivella receberia a maior parcela dos votos em 1º turno de Freixo (36%), de Feghali (47%), de Pedro Paulo (52%), de Indio da Costa (38%) e de Osorio (37% a 29% de Bolsonaro).
  
Agora, observem o ‘assassinato’ das chances de Flavio Bolsonaro chegar ao segundo turno, nesta pesquisa divulgada, NA VÉSPERA DA ELEIÇÃO, fazendo com que milhares de eleitores mudassem seu voto para Pedro Paulo, como sendo o único candidato capaz de tirar Freixo do segundo turno. Ora, analisando o resultado final das eleições, nota-se claramente que Flávio Bolsonaro – somados os votos cativos e os eventuais votos úteis que teria, se aparecesse na sua REAL POSIÇÃO DE PREFERÊNCIA ENTRE O ELEITORADO – poderia perfeitamente ter chegado ao segundo turno!
Essa pesquisa foi um golpe no eleitorado carioca e na candidatura de Flávio Bolsonaro. Caso de polícia mesmo! Caso de processo!
Se tivéssemos um TSE preocupado com lisura e com responsabilidade frente às pesquisas que registra e deixa divulgar, esses institutos de pesquisa seriam multados e impedidos de trabalhar nas próximas eleições.

02/10/2016
Na véspera da eleição, Crivella lidera e Freixo assume 2º lugar no Rio 
Pesquisa Datafolha realizado nos dias 30 de setembro e 01 de outubro de 2016, com 2.159 eleitores de todas as regiões da cidade do Rio de Janeiro, com 16 anos ou mais.

Votos totais
- Marcelo Crivella (PRB) - 27%
- Marcelo Freixo (PSOL) - 13%
- Pedro Paulo (PMDB) - 10%
- Indio da Costa (PSD) - 9%
- Osorio (PSDB) - 8%
- Flávio Bolsonaro (PSC) - 7%
- Jandira Feghali (PC do B) - 6%
- Alessandro Molon (Rede) - 2%
- Carmen Migueles (Novo) - 1%
- Branco/nulo - 14%
- Não sabe/não respondeu - 4%
Marcelo Crivella (PRB): teve 28%, 29%, 31%, 29%; agora está com 27% (pela margem de erro, tem entre 25% e 29%)
Marcelo Freixo (PSOL): teve 11%, 11%, 10%, 10%; agora está com 13% (entre 11% e 15%)
- Pedro Paulo (PMDB): teve 5%, 8%, 9%, 11%; agora está com 10% (entre 8% e 12%)
- Indio da Costa (PSD): teve 4%, 6%, 6%, 5%; agora tem 9% (entre 7% e 11%)
- Carlos Osorio (PSDB): teve 3%, 4%, 4%, 6%; agora tem 8% (entre 6% e 10%)
- Flávio Bolsonaro (PSC): teve 9%, 6%, 7%, 7%; agora tem 7% (entre 5% e 9%)
- Jandira Feghali (PCdoB): teve 7%, 8%, 9%, 7%; agora tem 6% (entre 4% e 8%)
- Alessandro Molon (REDE): teve 2%, 1%, 2%, 1%; agora tem 2% (pode chegar 4%)
- Carmen Migueles (NOVO): teve 0%, 0%, 0%, 1%; agora tem 1% (pode chegar a 3%)
- Brancos e nulos: eram 20%, 19%, 15%, 15%; agora são 12%
- Indecisos: eram 9%, 7%, 6%, 7%; agora são 5%
Cyro Garcia (PSTU) e Thelma Bastos (PCO) foram citados, mas não alcançaram 1%.

RESULTADO FINAL DAS ELEIÇÕES
Crivella – PRB - 27,78% - 842.201 VOTOS
Marcelo Freixo – PSOL - 18,26% - 553.424 VOTOS
Pedro Paulo – PMDB - 16,12% - 488.775 VOTOS
Flávio Bolsonaro – PSC - 14,00% - 424.307 VOTOS
Indio Da Costa – PSD - 8,99% - 272.500 VOTOS
Osorio – PSDB - 8,62% - 261.386 VOTOS
Jandira Feghali - PC do B - 3,34% - 101.133 VOTOS
Alessandro Molon – REDE - 1,43% - 43.426 VOTOS

129.117 votos foi a diferença entre Freixo e Bolsonaro!
Quantos votos úteis Bolsonaro perdeu por causa da divulgação desta pesquisa que o colocava com apenas 7%, abaixo de Índio da Costa e de Carlos Osório, e praticamente empatado com Jandira Feghali?
As urnas confirmam a minha análise, principalmente porque os especialistas sabiam perfeitamente que o eleitorado de Flavio Bolsonaro não mudaria seu voto e que jamais faria voto útil em Pedro Paulo.
Parabéns a quem não votou, a quem votou em Branco ou Nulo! Parabéns aos estrategistas que divulgaram pesquisas assassinas de candidaturas! Parabéns à Justiça eleitoral que permitiu essa barbaridade e que nem ao menos uma satisfação deu ao eleitorado carioca, depois do resultado das eleições!