Christina Fontenelle
24 de abril de 2019
O presidente Jair Messias Bolsonaro
precisa vir a público, em rede nacional, esclarecer ao povo brasileiro sobre as
fofocas internas e externas falando de intrigas entre ele e seu
vice-presidente, bem como as de entre seguidores de Olavo e militares. Essa
coisa toda está tomando proporções inimagináveis e precisa ser estancada. Não
há a menor possibilidade de investimentos externos no país, bem como a de que
empresários brasileiros apostem nisso aqui, com a situação de insegurança
institucional que está sendo construída e mantida. Não se trata de pauta
conservadora versus progressista coisa nenhuma. A questão é a de
governabilidade mesmo.
Essa briga entre Olavo e Mourão
começou bem antes das eleições, quando Olavo fez um vídeo chamando o general de
traidor, porque supunha que sua filiação ao PRTB tivesse a ver com candidatura
à presidência, vindo a concorrer, pois, com Bolsonaro. Desculpou-se depois, ao
ver as inúmeras declarações de Mourão de que jamais viria como candidato à
presidência, enquanto Bolsonaro estivesse na disputa. Mais tarde, com a
impossibilidade de o general Heleno assumir a candidatura a vice, na chapa de
Bolsonaro, surgiu a disputa pela vaga. Venceu Mourão – escolhido pessoalmente
pelo presidente, como este mesmo revelou depois do pleito em que foi eleito.
A campanha de achincalhamento de
Mourão começou de verdade, depois das eleições, quando o vice-presidente fez
declarações à imprensa sobre o aborto. Disse que, ao final, “cabe à mulher
decidir”. Fizeram um verdadeiro escândalo! Chamaram Mourão de abortista e de
traidor da pauta conservadora. Engraçado, porque Bolsonaro fez essa mesmíssima
declaração, várias vezes, inclusive durante a campanha presidencial do ano
passado (veja no final desse artigo os links). Escândalo? Nenhum. Silêncio
ensurdecedor. Pior do que isso: nenhum defensor da tal pauta conservadora que
elegeu Bolsonaro teve a honestidade de colocar estas declarações de Bolsonaro,
idênticas às do vice, para falar sobre o episódio. Mourão não é abortista coisa
nenhuma, bem como Bolsonaro. Nunca defenderam tal pauta. Ambos, ao se referirem
à decisão das mulheres, o fizeram com base na realidade dos fatos, sem entrar
em mérito de valores.
Depois jogaram pedras em Mourão por
ter mantido encontros com árabes muçulmanos, dentro de sua agenda. Bolsonaro
estava em viagem, fora do país. Na ocasião, questionado sobre resoluções a
respeito da transferência da embaixada do Brasil em Israel para Jerusalém,
Mourão disse que não havia nada oficialmente decidido e que a decisão final
sobre o assunto caberia ao presidente Bolsonaro. Ignoraram as falas do vice
completamente. A turma da pauta conservadora esbravejava que Mourão era um
traidor por se encontrar com muçulmanos, que era contra a transferência da
embaixada, que era um desafiador do presidente etc. Pois bem, semanas depois, o
presidente Bolsonaro teve os mesmos encontros, só que mais efusivos quanto à
amizade e às boas relações que mantemos historicamente com os povos árabes.
Falou sobre a não transferência da embaixada, por enquanto. Protestos da turma
da pauta? Absolutamente nenhum. Espiral do silêncio. Nada.
Em seguida, a questão da Venezuela.
Uma comitiva brasileira foi enviada à Colômbia para lidar com o caso de ajuda humanitária.
Equipe uníssona. Um repórter perguntou, propositadamente, é claro, sobre a
situação da população da Venezuela, refém de um governo tirano e desarmada.
Mourão declarou que, NAQUELA SITUAÇÃO, era bom o fato de estar desarmada, para
que não houvesse uma guerra civil sangrenta. Sim, tão somente naquela situação.
Não, ele não falou sobre se a população sempre estivesse armada não chegaria
àquela situação. Porque talvez não tivesse mesmo chegado. Mas, hoje, na atual
circunstância, se viesse a estar repentinamente armada, seria a desculpa ideal
para que Maduro terminasse de massacrar mais ainda a população, com risco de
termos um Vietnã aqui na América Latina. O que ocorre na Venezuela é o
resultado do que já sabemos sobre a esquerdização da AL. Os dois últimos
governantes do Brasil tiveram boa parcela de culpa no que lá ocorre hoje. Não
está sendo fácil resolver. Mas, isso é outro assunto. O fato é que, para o
pessoal da pauta conservadora, nosso vice-presidente passou a ser rotulado de
desarmamentista, quando já cansou de defender o direito de defesa dos
brasileiros inúmeras vezes. Incontáveis vezes. Quem insiste em dizer isso, sabe
que está mentindo.
Teve mais. Uma atrás da outra. A seguinte
foi a fala do general Mourão em evento na Universidade Harvard. Impecável, isso
sim, foi a palestra do vice-presidente. Exaltou o presidente Bolsonaro e seu
governo, além de desfazer a péssima impressão sobre nosso país que a esquerda
fez o favor de divulgar lá fora. Na fase de perguntas, um senhor da plateia fez
um questionamento sobre a diferença entre Mourão e o presidente militar Ernesto
Geisel, ao que o vice-presidente respondeu, ‘na lata’: “eu fui eleito, Geisel
não”. Foi aplaudido de pé. Não deu nem para terminar de falar. Menos de dez
minutos depois da transmissão ao vivo desse evento, já havia nas redes gente dizendo que Mourão teria desmoralizado os governos militares ao dizer que não foram
eleitos e que, portanto, os tinha como ditaduras. Ora, tenham a santa paciência... É óbvio,
evidente, que Mourão estava falando de votos diretos – de 57 milhões de
eleitores. Além de já ter defendido o regime diversas vezes.
Agora, sobre essa mesma conferência,
jogaram nas redes sociais um panfleto que alegam ter estado circulando nas mãos
de estudantes de Harvard, convidando para o evento. No tal panfleto, estaria
implícito que Mourão era formidável e Bolsonaro um horror. Espalharam por aqui
que o tal panfleto se tratava de convite oficial e que Mourão teria aceitado
deliberadamente, apesar da comparação com o presidente. Ora, ora, ora...
Bolsonaro foi quem autorizou o comparecimento de Mourão ao evento, mediante um outro
convite oficial. Isso é óbvio! Nosso vice foi lá e se saiu muito bem, exaltando a figura
do próprio Bolsonaro.
Também criaram polêmica com uma ‘curtida’
que o perfil do Twitter do general Mourão teria dado num tweet da jornalista
Raquel Sherazade, no qual a mesma tecia elogios ao vice, mas que, no final, o
comparava pejorativamente ao presidente. Não foi Mourão quem curtiu o tweet e
sim o administrador da conta, distraidamente. Alertado pelo público e pelo
próprio Mourão, logo depois, o tal tweet foi ‘descurtido’. Mas, a turma da
guerrilha anti Mourão continua, até hoje, falando no assunto, sem mencionar a ‘descurtida’.
Citados aqui foram os principais
episódios, para que se pudesse ter a noção de como fatos e falas têm sido
distorcidos e/ou omitidos, em nome de uma campanha para difamar o
vice-presidente e outros militares que estão no governo. Sim, pelo nível intelectual
dos criadores de tais distorções, o problema está bem longe de ser simplesmente
cognitivo. Isso está sendo feito, deliberadamente. Tem alvos determinados e
pratica bem o que temos visto a esquerda fazer por aqui, há anos. O método é o
mesmo. Já vimos esse filme.
O presidente Jair Bolsonaro já enviou
duas mensagens, pelo porta-voz do governo, pedindo que cessem as ofensas entre
os dois lados. Ontem, entretanto, o próprio filho de Bolsonaro foi o principal veiculador
de ataques ao general Mourão. Situação difícil para o presidente que, é claro, sempre
será pai de Carlos Bolsonaro.
Se alguém ainda não percebeu, podemos tentar mostrar algo aqui. O presidente Bolsonaro não está mais em campanha. Quase não fala mais diretamente com a imprensa. Quem foi elencado para isso foi o porta-voz da presidência e o general Mourão, a quem também foi dada a incumbência de lidar com as questões mais polêmicas, delimitando atritos. Mourão tem desempenhado esse papel com maestria - tem segurado bastante a animosidade da imprensa com o governo, bem como a de boa parte da oposição. Ao contrário do que se esperaria, caso vivêssemos a normalidade, é a própria autointitulada parte mais intelectualizada da direita que tem feito uma oposição mais agressiva - só que direcionada ao vice-presidente e aos militares. Bem, na verdade, quem não entende muito de guerra psicológica é que não esperava que alguma coisa assim fosse acontecer - já havia sinais anteriores à eleição que davam algumas pistas.
Se alguém ainda não percebeu, podemos tentar mostrar algo aqui. O presidente Bolsonaro não está mais em campanha. Quase não fala mais diretamente com a imprensa. Quem foi elencado para isso foi o porta-voz da presidência e o general Mourão, a quem também foi dada a incumbência de lidar com as questões mais polêmicas, delimitando atritos. Mourão tem desempenhado esse papel com maestria - tem segurado bastante a animosidade da imprensa com o governo, bem como a de boa parte da oposição. Ao contrário do que se esperaria, caso vivêssemos a normalidade, é a própria autointitulada parte mais intelectualizada da direita que tem feito uma oposição mais agressiva - só que direcionada ao vice-presidente e aos militares. Bem, na verdade, quem não entende muito de guerra psicológica é que não esperava que alguma coisa assim fosse acontecer - já havia sinais anteriores à eleição que davam algumas pistas.
A questão principal aqui é a de que
há um projeto bem definido de desenvolvimento para o Brasil que, junto com os
EUA e Israel, faria parte fundamental do bloco Ocidental de poder, em oposição
ao Oriental eurasiano, na luta pelo resgate civilizacional. Tudo de ruim que
está acontecendo aqui tem o dedo fantástico de globalistas antiocidentais, quer
estejam explícitos ou não. É um jogo de xadrez bem complicado. Encontrar uma
chance de tentar destruir aqueles que estão de fato construindo os pilares desta
reação de resgate ocidental é um trunfo indispensável aos nossos inimigos. Sejam
os operadores que estejam por trás desta chance quem forem. É preciso tentar
compreender minimamente este cenário.
Fico por aqui, porque não convém,
ainda, discorrer sobre outras obviedades que vêm se revelando no cenário atual.
Matérias de Bolsonaro sobre aborto:
- https://www.semprefamilia.com.br/o-que-jair-bolsonaro-pensa-sobre-religiao-aborto-e-casamento-gay/