terça-feira, 7 de outubro de 2008

O desmonte das Forças Armadas brasileiras – Estamos sendo cercados e ninguém faz nada!

Por Rebecca Santoro

7 de outubro de 2008

O desmonte das Forças Armadas brasileiras - Este é o título de um dos últimos artigos do jornalista Marcelo Rech, especialista na cobertura de questões relacionadas à Defesa (íntegra, AQUI). Ora, ora, ora... Vejo que até os mais crédulos, finalmente, estão começando a perceber o engodo do Plano Estratégico de Defesa. Marcelo Rech costumava levar os ministros Jobim e Unger a sério. Parece que está caindo em si.

Uma enrolação. Medida para ganhar tempo. Estratégia para manter os militares quietos e esperançosos – a um passo da abocanhar um filé que jamais será alcançado. É disso que se trata o tal do Plano de Defesa, cheio de concepções e de intenções mirabolantes.


O principal ponto falho deste Plano é e sempre foi em relação à sua coordenada de tempo. Tudo é pensado e planejado como se tivéssemos a eternidade de no mínimo 10 a 15 anos pela frente para colocar nossas Forças Armadas em condições razoáveis para garantir a soberania e a independência de um país de dimensões continentais como o Brasil e que, ainda por cima, tem uma Amazônia inteira para resguardar.


Senhores, pelo amor de Deus! A Venezuela já está armada para ontem, aliada à Rússia e ao Iran (para não desfiar todo um rosário de países anti-ocidentais) e distribui seu potencial bélico e militar para seus vizinhos pupilos latino-americanos. O Brasil está cercado por Venezuela, Bolívia, Equador, Paraguai, e porque não dizer Argentina – todos países sob a influência revolucionária chavista. Aqui dentro, temos os movimentos sociais revolucionários armados; um Estatuto de Desarmamento que praticamente impede o cidadão de poder ter uma arma, mesmo que seja somente dentro de sua própria casa; temos os Círculos Bolivarianos, a Juventude Revolucionária, entre tantos outros movimentos declaradamente comunistas. Temos também o crime organizado, que, a partir do tráfico de drogas, já se configura como um Estado paralelo, em muitas áreas do território nacional. Temos indígenas exigindo terras e mais terras e que já sabem agir com as mesmas técnicas de tomada de terras que o MST, por exemplo. O mundo todo está em polvorosa!


Como é que aqueles que se dizem ‘os entendidos’ podem estar levando a sério um Plano de Defesa que prevê eficiência militar para daqui a 10 ou 15 anos – ou até para daqui a uns 3 anos? Essas pessoas são cegas? São surdas? Ou são simplesmente comunistas traidores mesmo?


O Brasil precisa de navios, de submarinos, de aviões, de artilharia antiaérea, de armamentos individuais modernos, de equipamentos modernos de telecomunicações – isso e muito mais, TUDO PARA ONTEM! Se a intenção fosse a da eficiência, tudo isso teria que ser comprado imediatamente. Deixássemos os sonhos de tecnologias próprias, de desenvolvimentos em pesquisas, de fábricas próprias para depois, ou até para durante (paralelamente), SE e ENQUANTO o mundo desfrutasse de um longo período de calmaria internacional – período pelo qual atravessamos recentemente, mas que NÃO É MAIS O CASO DO MOMENTO QUE VIVEMOS AGORA.


Será que não há um único militar de alta patente que esteja percebendo isso?


Leiam, abaixo, os principais pontos do texto de Marcelo Rech:


Marcelo Rech

Jornalista

InfoRel: www.inforel.org

Correio eletrônico: inforel@inforel.org.

03/10/2008

Há algum tempo acompanhamos as discussões sobre o orçamento das Forças Armadas, a evolução (?) dos programas de reaparelhamento e modernização e as já cansativas reclamações dos militares em relação aos sucessivos cortes. O ministro da Defesa, Nelson Jobim, chegou arrotando mudanças drásticas no momento em que o país vivia (?) um caos aéreo. Do alto de sua empáfia, falou, falou, esbravejou, mas, de prático, não fez nada.

(...)

Em meio às turbulências, vieram o midiático Plano Estratégico da Defesa e o Conselho Sul-Americano de Defesa. Nenhum deles vingou.

(...)

No dia 7 de setembro, deveríamos conhecer o tal Plano Estratégico da Defesa, mas depois de mais de um ano de discussões e debates, descobriu-se que o presidente Lula não estava completamente inteirado das propostas. Aguarda-se a convocação do Conselho de Defesa Nacional para debater o texto, se é que ele realmente existe.


(...)


Ainda não se sabe ao certo quanto dinheiro será aplicado nas Forças Armadas... Em dezembro, os presidentes Lula e Nicolás Sarkozy sacramentam um acordo militar entre Brasil e França para permitir a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear, além de helicópteros e a capacitação de tropas do Exército. No entanto, mesmo diante de tantas perspectivas positivas, as Forças Armadas continuam ameaçadas em seus orçamentos, o que revela uma profunda contradição entre o discurso e a prática no governo federal. Pelo menos R$ 1,6 bilhão dos recursos destinados às Forças Armadas continuam contingenciados.


O Exército já emitiu nota explicando que muitas de suas ações estão comprometidas e a Marinha anunciou a possível suspensão das patrulhas por falta de combustível... Não se pode entender como um governo pode construir um submarino nuclear se retém 23% do dinheiro da Marinha... É impensável que a Força Aérea Brasileira esteja concluindo um processo de licitação internacional para a aquisição de caças de última geração e tenha R$ 660 milhões dos seus recursos retidos pela Fazenda. Assim fica difícil acreditar que o governo realmente classifique suas Forças Armadas como instituições essenciais. É mais fácil acreditar num processo de desmonte mascarado pela retórica.

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