Há um tempo histórico e um ‘timing’ contextual para tudo,
principalmente para que dê certo. Não é preciso mudar a essência daquilo que se
deseje, mas adaptar métodos e táticas, de acordo com o momento histórico.
Christina Fontenelle
2 de Junho de 2018
Os últimos dez dias foram uma prova de fogo para o Brasil.
Passamos raspando. Por enquanto. A tal da greve chamada de ‘dos caminhoneiros’
revelou um país frágil e dividido, resultado de mais de 30 anos de governos de
esquerda maquiavelicamente nefasta, com uma recém auto erguida direita,
completamente desprovida de organização, despreparada para enfrentar momentos
de crise com um mínimo de lucidez e incapaz de identificar agentes envolvidos e
cenários, principalmente por parte dos chamados formadores de opinião. Foi um
festival de análises erradas que levaram a mais análises erradas, numa sucessão
ininterrupta que quase levou o Brasil exatamente para onde a esquerda queria –
para o caos revolucionário. Raríssimas foram as exceções.
Esse movimento jamais foi sequer próximo de algo que se
possa chamar de voluntário. Sempre se mostrou caracteristicamente sindical,
portanto de esquerda, e muito bem orquestrado, tendo sido iniciado quase que
simultaneamente no país todo, de forma agressiva, com uma pauta específica da
categoria, aparentemente justa, mas dando sinais, aqui e ali de que se
transformaria em política. Digo aparentemente justa porque, apesar de serem
necessidades realmente justas para os caminhoneiros neste momento, a categoria
foi artificialmente inchada nos governos petistas, provocando excesso de oferta
de mão-de-obra – o que, naturalmente, barateou seus serviços. Vocês podem
entender bem o que aconteceu nesta fala de Eduardo Oinegue, na Band News http://www.bandnewsfm.com.br/colunista/pensa-brasil-com-eduardo-oinegue/.
Estes foram os dois primeiros erros dos formadores de
opinião da chamada direita. Não identificaram o modus operandi esquerdista na
deflagração da greve e não se preocuparam em averiguar, baseados nas
reivindicações, as origens de tais problemas enfrentados pela categoria – o que
lhes fez apoiá-las incondicionalmente, sem que avaliassem ser justo ou não,
mais uma vez, todos os brasileiros terem que pagar por mais esse ‘erro’ da
administração petista. Consequentemente, não avaliaram os potenciais políticos
de tal greve e muito menos a intensidade do caos que poderia vir. Por último,
mais adiante, quando tudo isso ficou evidente, optaram por dizer que o
movimento havia sido ‘tomado’ pela esquerda ‘Fora Temer’ e pelos adeptos mais
radicais da intervenção militar, quando na verdade deveriam ter reconhecido imediatamente
os erros das suas primeiras avaliações.
Para que isso não se repita, é preciso que se faça um
esforço mínimo que seja para compreender cenários e identificar agentes
envolvidos, deixando o fígado e o coração de lado.
Vamos tentar fazer um esforço hercúleo para entender a atual
situação do país, em poucos parágrafos.
Foram mais de 30 anos em que a esquerda saqueou, financeira
e moralmente, a constituição, nossos valores civilizacionais, as instituições e
os cofres públicos, usando a corrupção como método revolucionário, para
construir um estado paralelo, nas nossas barbas, com tentáculos em cada
esquina, sem que isso fosse notado em sua totalidade – um projeto de poder
comunista, arquitetado a partir do já conhecido Foro de São Paulo. Atualmente,
são milhões de sindicatos, agremiações, Ongs, grupos comunitários, ‘bondes’,
‘coletivos’, associações, movimentos, em tudo quanto é espaço social que se
possa imaginar, incluindo aparelhamento em todos os setores do funcionalismo
público, nas escolas e universidades, em todas as favelas, nas Igrejas católica
(CNBB, Comunidades Eclesiais de Base e outros movimentos) e protestante (Com a
Missão Integral e outras agremiações), na mídia em geral e, lógico, também nas
Forças armadas e Auxiliares. Esse é o cenário. Quando o comunista Stédile fala
em “exército”, engana-se quem pensa tratarem-se apenas de guerrilheiros
armados, mas também deste exército de militantes dispostos a tudo pela
revolução. Gerações inteiras, involuntária e inconscientemente, criadas com
mentalidade revolucionária, cristãs comunistas (por mais paradoxal que seja),
sem que a maioria dessas vítimas tenha a menor noção disso.
Esse estado paralelo foi tão bem arquitetado e implementado
que a imensa maioria dos brasileiros acha que nossos maiores problemas sejam a
criminalidade (errada e propositalmente chamada genericamente de violência), a
corrupção, a impunidade e a tal da desigualdade social, quando, na verdade,
nosso maior problema é a esquerda comunista revolucionária, em todos os seus
espectros, no poder. Foi a esquerda que usou todas estas ferramentas para
permanecer no poder e criar este cenário horripilante em que nos encontramos
agora. Vou repetir: nosso problema – quiçá o único que importa – é a esquerda
no poder. Portanto, não é o sistema propriamente dito que seja necessariamente
nefasto, mas de quem dele se apodere ou
de quem esteja no poder, conduzindo o estado. É possível, sim,
‘consertar’ e aprimorar o sistema a parir de dentro dele, desde que os
governantes assim o desejem. Não há sistema no planeta que resista a um governo
de esquerda revolucionária disposta a usar seus mecanismos estruturais contra
ele mesmo, para destruí-lo. Não existe sistema ideal, mas pessoas ideais, em
determinado momento e sob dadas circunstâncias. Derrubar um sistema não
significa absolutamente que o que virá em seu lugar seja melhor. Pode ser muito
pior, aliás. Por outro lado, em se conhecendo o que precisa ser corrigido em um
sistema já estabelecido basta que se conduza ao poder de fazê-lo, em conjunto
com a sociedade, pessoas capacitadas e comprometidas com esse objetivo.
Agora, cá para nós, tirando o fígado e o coração da análise,
e voltando à onda revolucionária do “Fora Temer” e do “Abaixo o Sistema”, vocês
realmente acham que a situação complicadíssima em que se encontra o país tem
condições de ser resolvida com uma intervenção militar aos moldes da que
ocorreu em 1964? Simples assim: os militares entram, matam metade da população,
precisamente a que tenha sido vítima de lavagem cerebral esquerdista e, pronto,
tudo resolvido. É sério isso? Assistam a este vídeo aqui do canal Mundo
Militar, que ele lhes dará outras excelentes razões para refletirem sobre
intervenção militar no atual contexto (https://www.youtube.com/watch?v=oHuSnsBpsqI).
Por falar em ‘metades’, é bom que se coloque outro argumento
que muito poucos pararam para refletir ou sequer imaginaram, quando se trata de
intervenção militar. Como já disse acima, há esquerdistas também nas Forças
Armadas e nas Auxiliares, já que estas são instituições as mais representativas
da sociedade brasileira, uma vez que fazem parte delas pessoas de todas as
camadas sociais, de todas as origens e de todas as ideologias. Em 1964, também
havia parte delas que defendia o governo com aspirações comunistas de Jango.
Para a nossa sorte, o Brasil territorialmente íntegro que conhecemos hoje
deve-se à capacidade que militares e policiais tiveram de apaziguar ânimos e
interesses entre as tropas. Também é bom recordar que tudo o que foi feito à
época foi plenamente acordado com os poderes Legislativo e Judiciário. Nada de
golpe, como a esquerda fez questão de ‘colar’ ao episódio histórico, assim como
faz hoje, com o impeachment de Dilma e a prisão de Lula.
Vocês já imaginaram que, hoje em dia, depois de 30 anos de
esquerda no poder, a situação possa não ser a mesma? Que possa haver uma
divisão ideológica mesmo dentro destas forças militares e civis armadas,
levando a uma guerra civil fratricida, com recheios de terrorismo das forças do
estado paralelo? Já imaginaram o cenário de uma guerra aos moldes da de
secessão americana por aqui? Pois ele pode se aproximar muito da realidade que
teríamos, caso houvesse a opção por este tipo de intervenção armada. Passou
pela cabeça de vocês que talvez à esquerda possa satisfazer-se apenas com mais
um ‘naco’ de terras continentais latino-americanas (uma vez que o ‘império’
cubano já se instalou no continente depois de tomar a Venezuela) e não necessariamente
dominar o país inteiro? Vamos arriscar tudo? É isso mesmo? Brasil nunca mais? É
isso?
Para a nossa sorte, há pessoas com preparo e informações
muito privilegiadas que estão conduzindo o processo de engenharia reversa sobre
o caminho de tomada do poder percorrido pela esquerda, bem como de reengenharia
social, para que o verdadeiro Brasil, livre do comunismo, ressurja dos cacos em
que foi transformado. A opção pela intervenção militar e civil de direita,
pelas eleições e pela ação e ocupação de espaços, por todos nós, desde as
esquinas de nossas casas até por onde quer que andemos, foi a mais sensata e
exequível até agora. Ainda bem que não é mais o fraco e dissidente petista
governo Temer que conduz o país, nessa hora tão decisiva, de tantas tribulações
(sim, ainda vêm mais delas por aí). E, se vocês ainda não observaram isso, não
sou eu quem vai lhes dizer com quem estão a rédeas. Para terem uma noção mínima do que se passa, assistam
a este áudio/vídeo de Marcelo Rossi, autor da série ‘A verdade Revelada’, sobre
os governos militares (https://www.youtube.com/watch?v=jKMav2RsWk0).
Ainda há a vertente eleitoral da crise provocada pela greve.
Sim, a esquerda trabalha com todas as possibilidades, fazendo apostas em todos
os cenários. Desde a ruptura institucional, com uma intervenção militar,
provocada pelo caos, para se fazer de vítima e repetir tudo o que fez a partir
de 1964, até voltar ao poder, passando pela possibilidade de, aproveitando esse
mesmo caos, canalizar psicologicamente as mentes dos eleitores para o desejo de
eleger um salvador, um pacificador capaz de controlar a massa violenta - de
esquerda, é claro, como ‘Lula livre’ ou mais provavelmente um Ciro Gomes forte
e ‘macho’. Trabalha, igualmente, com a possibilidade de, em perdendo as
eleições, declará-las ilegais ou fraudulentas, por causa do não cumprimento da
lei do voto impresso, ou até alegando favorecimento de vitória por fake news,
como já declarou o ministro, atual presidente do TSE, Luiz Fux. Assistam ao
programa “Senta Que o Leão é Manso”, de Fred Pontes, que trata muito bem dessa
análise do panorama eleitoral (https://www.youtube.com/watch?v=kxdtJiuBoks).
Por último, devo ressaltar que não me é compreensível o fato
de que todos os analistas políticos brasileiros, sejam eles de esquerda ou de
direita, de destaque ou não, ignorem solenemente a nítida presença no cenário
mundial de uma força coordenada antiglobalista que tem erguido outras forças de
direita ao poder – sendo o maior destes exemplo a eleição de Donald Trump nos
EUA -, bem como provocado fenômenos como o movimento de saída da União Européia
por parte da Inglaterra, só para citar um exemplo. Pois, há mais de dois anos,
já falamos sobre essa força, chamando-a de Nova - Nova Ordem Mundial (http://artigosrebeccasantoro.blogspot.com/2016/11/muito-prazer-eu-sou-nova-nova-ordem.html).
Está mais do que na hora de essa peça entrar no tabuleiro, inclusive para
analisar com mais precisão sua atuação sobre essa nossa eleição que se aproxima.
Há um tempo histórico e um ‘timing’ contextual para tudo,
principalmente para que dê certo. Não é preciso mudar a essência daquilo que se
deseje, mas adaptar métodos e táticas, de acordo com o momento histórico.
8 comentários:
Parabéns, Christina! Análise lúcida, coerente, técnica e perfeita! Retrata, fielmente, os nossos últimos dez dias!
Parabéns, Chris! Você sempre tão antenada em tudo ao nosso redor!
Obrigada.
Pois então,digníssima colega jornalista Christina Fontenele! Claríssima análise e releva um tanto a nossa conversa no privado, de que a esquerda estava infiltrada no movimento de greve dos caminhoneiros! E o governo patinou nessa. Parabéns! Colega.
Christina Fontenelle e Rebecca Santoro já deve ter um título de Grandes feitos para a humanidade! 👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻👏🏻 Isso esclarece tudo para mim agora.
Existe uma coisa chamada "fundação", coisa que o Brasil não tem. Qualquer coisa que se construa em cima da lama vai desabar.
Parabéns, estou aprendendo muito
Excelente!
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