terça-feira, 19 de agosto de 2008

OURO BRASILEIRO COM RAÇA E CLASSE

Por Rebecca Santoro

16 de agosto de 2008


Ele é brasileiro, tem 21 anos, e foi o primeiro nadador brasileiro a conquistar uma medalha de ouro em Jogos Olímpicos. César Augusto Cielo Filho venceu a prova dos 50m nado livre, quebrando o recorde olímpico com o tempo de 21s30. A prova foi emocionante, assim como, em especial para nós brasileiros, a vitória. Mas, o que mais impressionou a todos nós por aqui e à torcida presente ao Cubo D’água foram a emoção externada por Cielo e seu amor à família e ao Brasil.


Eu havia decidido que não escreveria sobre os jogos olímpicos, assim como muitos o fizeram, pela simples razão de a China ser um dos ícones do neo-comunismo em franca expansão. Não vou entrar nesse mérito aqui. O fato é que não pude resistir a traçar umas linhas sobre esse rapaz e suas conquistas.


César Cielo nasceu pré-maturo, de 7 meses, e decidiu se dedicar à natação, aos oito anos, pelas mãos de sua mãe, que cursara Educação Física. Ela o levou para o clube Pinheiros, em São Paulo, em 2003, onde foi treinar ao lado do famoso nadador brasileiro Gustavo Borges. De ídolo, Gustavo passou a ser conselheiro do novato. Foi ele quem, anos depois, o apresentou à universidade norte-americana de Auburn, nos Estados Unidos, recomendando-lhe ao técnico David Marsh. Além de nadar, Cielo estuda Comércio Exterior naquela universidade e é o aluno estrangeiro de melhor desempenho. Antes da medalha de ouro e do bronze conquistados na Olimpíada de Pequim, Cielo se tornou mais conhecido do público brasileiro após os Jogos Pan-Americanos do Rio-2007, quando levou três ouros e uma prata.


Por que resolvi falar de Cielo? Por que ele é o representante típico da classe-média tradicional brasileira – essa que o lulismo tanto massacra, com palavras e atos. O garoto é inteligente, estudioso, aplicado e esforçado – tudo o que o lulismo abomina, tendo à frente o próprio presidente Lula que, em seus discursos, tanto se esmera em debochar dos estudiosos e em jogar pobres contra ricos, índios e negros contra brancos e ainda ‘os que têm’ contra ‘os que não têm’ (seja lá o que for). É claro que sua excelência não menciona (assim como a grande mídia também o evita fazer) que toda a sua família - netos, principalmente - faz e tem tudo aquilo que fazia e tinha a velha e tradiconal classe média, que em nada devia aos modelos de educação também cultivados pelos mais abastados. Entretanto, já vi reportagens com o balé de uma neta, com bons colégios e direito à festa de aniversário temática naquelas caríssimas casas de festa.


Voltando ao César Cielo. Como se não bastassem todas essas qualidade, o rapaz é um belo exemplar masculino brasileiro, de Santa Bárbara d'Oeste (estado de São Paulo - Região Metropolitana de Campinas), com seus 1,96m de altura, cerca de 83 kg, cabelos loiros e olhos claros – é o protótipo do que o lulismo invejoso qualificaria de ‘boyzinho-filhinho-de-papai’. Uma distorção, é claro, e nesse caso, principalmente, uma grande mentira. Cielo é modelo vivo da 'meritocracia' em pelo seu estado de manifestação comprobatória. Ele nunca precisou que mamãe e papai se tornassem 'importantes' para que pudesse cultivar seus talentos. Nem tampouco que isso acontecesse, para que se transformasse, por exemplo, de biólogo mal sucedido, digamos, em empresário de games e mega investidor multimilionário. Ou seja, para que mudasse da água para o vinho. Não. Cielo teve tudo de que se precisa para correr atrás de um sonho: família estruturada, disposição para sacrifícios e muita obstinação. Chegou lá.


O garoto poderia até ter pedido cidadania/naturalização norte-americana para ir para às Olimpíadas e outras competições internacionais, como muitos atletas fazem, em melhores condições e mais bem acompanhado em termos de chance de medalhas. Ele tem todas as condições para isso – o tipo de cidadão que um país como os EUA faz questão de acolher: tem bom caráter, méritos intelectuais, inegáveis qualidades físicas e é um excelente atleta. O garoto poderia ter feito como uns e outros brasileiros inúteis que andam por aí, que pedem cidadania dupla, por exemplo. Não fez nada disso. Em todas as competições internacionais, lá está ele, competindo pelo Brasil – terra de seu berço, de seus familiares, de seus amigos.


Em muito me lembraram, esta vitória de Cielo, as conquistadas por negros norte-americanos nas Olimpíadas de Berlim, quando Hitler era o Füher. Apesar de se saber que há outras duas justificativas para que Hitler não tivesse cumprimentado e nem assistido às premiações daqueles atletas (leia aqui: http://www.duplipensar.net/dossies/2004-Q3/olimpiadas-1936-hitler.html), em vista do que vejo, hoje, acontecer no Brasil, algo me faz tender a acreditar que realmente o Füher tenha deixado o estádio, por raiva mesmo, de ver sua teoria de puritanismo ariano superior ser desmentida daquele jeito, com fatos, na frente de milhares de pessoas. Cada vez encontro mais coincidências entre a Alemanha nazista e o que se passa hoje por aqui.


Estão vendo como é que funcionam as coisas?... A gente começa a ver, em tudo, razões de classe. Foi inevitável fazer esse encadeamento de idéias, de percepções. Um garoto que deve tudo o que é a seus próprios méritos e à ajuda de seus familiares e amigos (e, de quebra, aos recursos encontrados num país estrangeiro, para treinar) demonstra todo o amor que os brasileiros cultivam por esta terra e por nossa gente. Parte de toda aquela emoção demonstrada por Cielo, com certeza, se deve a aquele ‘filmezinho’ de nossa vida que passa em nossa mente, em momentos de grande tensão ou de grandes alegrias. No que passou pela cabeça de Cielo, certamente, posso apostar, estavam impressos seus sacrifícios, a falta de apoio que é dada aos nossos atletas e a tristeza de viver numa terra que judia tanto de seus filhos.


Não, eu não tenho o direito de politizar, digamos assim, a vitória de César Cielo, nem suas emoções externadas, mas, posso, sim, interpreta-las à luz desse ponto de vista, que é o meu e não necessariamente o dele. Vai dizer que ninguém enxergou, nem minimamente, isso que eu vi...


Assistam ao vídeo com a vitória de Cielo, vale a pena:


ANISTIA: GOVERNO MUNDIAL TERÁ QUE SE EXPOR CADA VEZ MAIS

Por Rebecca Santoro

16 DE AGOSTO DE 2008

Finalmente, a ONU ‘dá as caras’. O Brasil é um país ‘atípico’ dentro da América Latina, não só por suas proporções gigantescas e pelo português que falamos, de norte a sul e de leste a oeste, mas por nossas tradições e costumes, completamente diversos dos que se cultuam em nossa vizinhança. Temos tradições de sempre buscar a paz e o entendimento, tanto interna como externamente. Tivemos sido, e ainda o somos em maioria, um povo pacífico, em essência, pelo menos até que orda de comunistas tivesse começado a destilar seu veneno entre nós, digamos, mais maciçamente, nos últimos 25 anos – o que já produziu geração de jovens adultos mentalmente deformados pela visão esquerdopata do mundo (uma doença crônica e incurável). Somos um país no qual a tradição religiosa – mais a católica (e é só por isso que nossos governantes falam e usam o nome de Deus; pois Nele não repousam sua fé, comunistas que são) nos levam a valorizar o respeito à família, a vontade de trabalhar e de progredir e a liberdade, embora não nos mostre assim, muitas vezes, o que sai na imprensa.

Estas e outras características particulares do Brasil, que nos aproximam muito mais dos norte-americanos, como concepção de nação, do que de nossos vizinhos mais próximos, estão dificultando, ENORMEMENTE, a implantação das condições necessárias para o progresso da implantação do neocomunismo internacional, cujo principal articulador é a ONU. Tudo aqui tem sido mais difícil. Nossas Forças Armadas (muito mais pelo que sempre representaram para a História do país do que pelas suas próprias ações hoje em dia), a Igreja (ou a grande parte dela que não está infiltrada pelo comunismo) e nossas Tradições são um enorme entrave enfrentado por aqueles que querem fazer do Brasil parte de uma grande pátria latino-americana – um bloco governado por mãos comunistas.

Por isso, estas três ‘figuras’ nacionais estão sendo bombardeadas por todos os lados – tudo em nome de um ‘progressismo humanitário’ que não existe senão para nos levar para o inferno da prisão comunista. O fenômeno é internacional, já que o comunismo sempre teve e sempre terá ambições de dominar o mundo para dele usufruir uma elite privilegiada e no qual realizarão seu experimento primordial de transformar o homem e ser coletivo, retirando dele sua essência individual, que, no final das contas, é o que o torna ‘a criatura’ de Deus.

Os EUA, por exemplo, hoje, enfrentam sua pior guerra. Milhões de cidadãos norte-americanos debatem-se em agonia diante do fenômeno de tentativa de destruição daquela sociedade e do seu próprio Estado, principalmente como Nação. Milhares deles tentam alertar outros cidadãos, principalmente, sobre o perigo que representa uma provável eleição de Barak Obama – cidadão de origem desconhecida (pois, até hoje, não apresentou seu verdadeiro registro de nascimento) e ventríloco mor da internacionalização comunista patrocinada pela ONU. No Brasil, o fenômeno age e repercute de maneira diferente. Mas é o mesmo.

No caso específico da revisão da Lei da Anistia, agora (acho que, finalmente, não taxarão de ensandecidos aqueles que assim o falarem daqui para frente) está mais do que evidente que se trata de campanha internacional, patrocinada pela ONU (leia-se a nova Internacional Comunista), que pretende eliminar da face da terra, como exemplo vivo, para que futuras gerações não se atrevam a reagir, da única maneira que esse inimigo entende e leva sério – pelas armas, à institucionalização do Governo Mundial. É comprometido com esse Governo que muitos de nossos últimos governantes agiram. O atual não é diferente.

No Brasil, a ONU vem tentando anular nossa Lei de Anista não é de hoje. Tentaram em 2001, quando um comitê daquela organização mundial sugeriu ao governo brasileiro que revisse sua Lei de Anistia. Novamente, em 2004, veio ao país outro comitê da ONU para levantar o assunto com o governo. Acontece que, em tendo visto falhar todas as tentativas de anular ou de mudar essa Lei por aqui, agora, a ONU teve que ‘se arriscar e se expor’, enviando representantes ‘peritos’ ao país para pressionar, publicamente, o governo a fazê-lo. Traduzindo: o governo fingiu que convidou os tais peritos, assim como fingirá estar sendo pressionado pela ONU para rever a Anistia – o que, sabemos, significa punir militares que lutaram contra comunistas, para aniquilá-los, fazendo-os de exemplo para os que venham a tentar reagir à futura implantação do comunismo internacional, e até mesmo para facilitar o processo.

Um destes ‘peritos’, Jean Ziegler, ativista em ‘direitos humanos’ disse que "Está mais do que na hora de o Brasil enfrentar esse assunto da anistia. Não por vingança contra os militares. Mas porque o Brasil é praticamente o único grande país latino-americano que não tratou do assunto"... "A manutenção da lei corrói a moral do País."

Ora, senhor perito, o país e nosso povo não está nem um pouco sequer interessado em rever Anistia nenhuma, mesmo porque ainda existe entre nós inteligência e senso de justiça – o que nos obrigaria a julgar e a condenar figuras nacionalmente conhecidas – muitas delas no próprio governo – que cometeram crimes comuns, inclusive muitos deles hoje considerados hediondos, passíveis de julgamento e de condenação. Não devemos e não queremos enfrentar revisão nenhuma, principalmente porque outros países o fizeram e nós não. Isso não é razão que se apresente, por motivos lógicos tão infantis que não cabe nem argumentar. Por último, o que nos corrói – e que, diga-se de passagem só diz respeito a nós – é nossa corrupção endêmica, inclusive extremamente piorada no atual governo. Digo isso, como se este indivíduo não fosse mestre de falsificação da lógica – pois o que ele faz não é inconscientemente não; ele sabe perfeitamente o que está fazendo.

Não é uma piada. É a mais pura verdade. Entre os opinadores de plantão está Miguel Alfonso Martinez, um cubano outro perito da ONU. Não, ele não está empenhado em colocar Fidel Castro no banco dos réus, por genocídio e por escravizar e expulsar (voluntariamente ou não) de Cuba milhões de cidadãos daquele país, DURANTE MAIS DE 50 ANOS!!! Muito menos em denunciar a ditadura que continua plenamente ativa na Ilha, depois que Raul Castro sucedeu seu irmão Fidel no trono de Cuba, ops, ‘na presidência’. O perito cubano presidiu a reunião do Comitê Consultivo do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que aconteceu esta semana. A organização acaba de criar um órgão para ‘pensar inovações’ nessa área de punição aos anistiados que lutaram contra os comunistas nos lugares em que estes atuaram para tomar o poder – e, naturalmente, não conseguiram (como em Cuba saíram vitoriosos, a Ilha não está no foco dos ativistas). Martinez disse que "O tema cresce e ganha espaço". Só porque a ONU quer e não porque o tema cresça coisa nenhuma – é inegavelmente imposto por aquela organização internacional.

ISTO É: JORNALISMO EXEMPLAR

Por Rebecca Santoro

12 de agosto de 2008


A matéria intitulada “Tortura não é crime político”, publicada na última edição da revista Isto É, de 11/08/2008, e assinada pelos jornalistas Alan Rodrigues e Octávio Costa, deveria entrar para o hall daquelas que podemos chamar de exemplar. Deveria ficar eternizada nos livros acadêmicos da Comunicação Social, nos capítulos que tratassem especificamente de “tudo o que não se deve fazer em jornalismo”, ou de “jornalismo a serviço da militância esquerdopata”, ou ainda de “como envergonhar seus colegas de profissão”.

Infelizmente, há maus profissionais em tudo quanto é área e a de jornalismo não haveria de ser exceção.


Vamos dissecar a tal matéria.


De cara, o título “Tortura não é crime político”, por ser uma frase alardeada na imprensa pelas falas do ministro Tarso Genro, deveria vir entre aspas. Mas, veio como afirmação. E, se veio como afirmação, esperava-se, no mínimo, que houvesse, ao menos, a menor tentativa que fosse de definir ‘crime político’. Entretanto, não haveria como fazer isso sem deixar de dizer o óbvio, ou seja, que crime político é um crime (portanto não o deixa de ser) que é cometido por motivos supostamente ideológicos. Uma falácia: todos os crimes são ideológicos, ainda que a ideologia seja a própria do criminoso.


Não? Então consultem os livros sobre o tema e os dicionários. Neles, entre uma variação e outra, estarão definições mais ou menos assim: “ideologia: 1 Sistema que considera a sensação como fonte única dos nossos conhecimentos e único princípio das nossas faculdades; 2 Maneira de pensar que caracteriza um indivíduo ou um grupo de pessoas; 3 Ciência que trata da formação das idéias; 4 Tratado das idéias em abstrato. A origem do termo teria ocorrido com o criadoor da própria palavra, Destutt de Tracy, que lhe deu o significado de ‘ciência das idéias’. Antes dele, entretanto, na antiguidade clássica e na Idade Média, os pensadores já entendiam ideologia, sem se referir ao termo, como o conjunto de idéias e opiniões de uma sociedade. Foi, porém, uma teoria a respeito de ideologia, desenvolvida pelo alemão Karl Marx, que passou a ser confundida com o real significado do termo. Muito resumidamente, para Marx, ideologia seria uma falsa percepção da realidade provocada nos trabalhadores, dentro da sociedade capitalista, por causa da divisão entre trabalho manual e intelectual – este último realizado pela elite burguesa dominante. O homem era mesmo o gênio da tergiversação, temos que admitir!


Logo depois, continua a matéria, uma frase: A punição de torturadores da ditadura pode ser um caminho para o Brasil conhecer verdades ainda ocultas do regime de 1964. Tão mal colocada, a tal frase mais parece a conclusão pessoal do repórter a respeito do assunto tratado do que a descrição de um fato ou do que pensam os envolvidos na disputa sobre o mesmo. Não haveria nada de mal nisso caso se tratasse de um artigo opinativo e não de uma suposta reportagem.


Em seguida, duas fotos e uma descrição: “REBELIÃO DOS MILITARES - Generais e coronéis, da reserva e da ativa, se manifestam contra Tarso Genro no Clube Militar, no Rio, enquanto, do lado de fora, estudantes apóiam o ministro”. Primeiro, os militares, em visível estado de ‘bom comportamento’, são apontados como estando a fazer uma “REBELIÃO MILITAR”, tudo em caixa alta, que é para reforçar essa idéia. Já os estudantes, bastante efusivos, apenas “apóiam o ministro” (Tarso). A primeira foto está perfeita, técnica e esteticamente.


A segunda - a dos estudantes - parece aquelas que se tiram com máquinas fotográficas amadoras, que acabam registrando movimentos mais acelerados sob forma de ‘rabiscos de luz’, de ‘embaçado’, de falta de foco. O efeito disso nessa foto? Ora, o leitor não consegue determinar o número de pessoas presentes à manifestação e nem o desprezo dos transeuntes pelo ato, para o qual nem mesmo dirigiam o olhar. E, é claro, a matéria não revela, em lugar nenhum, o número de manifestantes – de insignificantes 15 a 30 estudantes, no máximo, perto das cerca de 800 pessoas presentes ao evento.


Depois, a matéria vem com um partidarismo tão absurdo que praticamente dispensa comentários quanto à intenção: “Mas a lei incluía os chamados "crimes conexos" - um eufemismo para livrar torturadores do regime de processos futuros. Aprovada em agosto daquele ano, a Lei da Anistia beneficiou 4.650 pessoas e gerou uma espécie de amnésia coletiva - os militares nunca tornaram públicos os detalhes das ações de repressão ao terrorismo, se aposentaram como se todos os arbítrios da ditadura fossem uma página virada e jamais foram legalmente cobrados pelos crimes que porventura tenham cometido”.


Primeiro, define os “crimes conexos” como “eufemismo para livrar torturadores do regime de processos futuros”. Como assim? Tortura seria ‘mais crime’ do que seqüestros, assassinatos, assaltos e até mesmo do que a tortura praticada pelos ‘revolucionários’ contra civis e contra militares? E, depois, por que essa perseguição somente aos militares e não aos policiais que, afinal, são muito mais citados nas denúncias ‘oficiais’ de tortura, que quase sempre se referem a agentes (dos DOPS etc.) e não a tenentes, capitães etc.?


Depois, para não perder a oportunidade, esclareça-se aos alunos que a palavra eufemismo foi empregada de maneira errada, porque não cabe em ‘ações’ (ninguém pratica eufemismo) – trata-se de um recurso lingüístico que nos permite substituir palavra que se suponha ‘feia’ ou ‘agressiva’ por outra ‘mais agradável’ e que, por isso, só deve ser atribuído a palavras ou ao uso das mesmas. Ou seja, uma pessoa, uma coisa ou um fato não podem ser ‘eufemismo’, nem praticá-lo. Sendo assim, a matéria poderia trazer “crimes conexos – um eufemismo para ‘impunidade’ (que é o que queria expressar), no caso, dos torturadores do regime em processos futuros”. É, alunos, não basta florear, tem que saber como.


Em seguida, mais outra frase: “os militares nunca tornaram públicos os detalhes das ações de repressão ao terrorismo... e jamais foram legalmente cobrados pelos crimes que porventura tenham cometido”. Ora, faltou mencionar que isso acontece, simplesmente, porque implicaria, também e obviamente, em que fossem revelados todos os crimes cometidos pelos ‘revolucionários’, desde sempre os maiores interessados em que ‘os arquivos’ jamais fossem tornados públicos. Pergunte para a Dilma Rousseff, chefe da casa civil, que está, há anos, com a ‘chave da porta dos tais arquivos’ e não abre. É que, primeiro, segundo a própria ministra, estaria sendo feito um processo de ‘filtragem’, para não expor ao constrangimento público ‘uns e outros’ (que, é claro, não seriam os policiais e os militares).


No final das contas, em se revendo a Lei da Anistia, meu caro repórter, com otimismo, seriam uns dez ‘militantes’ a terem que ser presos, para cada ‘agente’ que tivesse que ‘pagar por seus crimes’, e uns vinte para cada militar. Não é por outro motivo que ‘heil’ Tarso e companhia só querem que apenas o crime de tortura – sobre os quais, diga-se de passagem, não há uma única prova concreta e sim ‘palavra contra palavra’ – seja ‘reconsiderado’, ou, como diz o ministro, ‘considerado’, porque a ele, nominalmente, não se tenha referido na Lei da Anistia.


Continua matéria:Até que, num seminário interno, de nome tão caudaloso quanto prolixo (Limites e Possibilidades para a Responsabilização Jurídica dos Agentes Violadores de Direitos Humanos durante o Estado de Exceção no Brasil), o ministro da Justiça, Tarso Genro, disse que não considerava tortura e violação de direitos humanos crimes políticos, mas comuns... "A partir do momento em que o agente do Estado pega o prisioneiro e o tortura num porão, ele sai da legalidade do próprio regime militar e se torna um criminoso comum", disse Genro, repetindo um raciocínio que havia exposto recentemente numa entrevista à ISTO É. Mas aí veio a frase que ressuscitou a ira dos militares: "Ele (o torturador) violou a ordem jurídica da própria ditadura e tem que ser responsabilizado (...) atos de tortura não podem ser beneficiados pela anistia."


A declaração do ministro, sem dúvida, impressiona – não pelo conteúdo, é claro, completamente falso, mas pela capacidade de fazer com que um possível interlocutor necessite de alguns segundos para processá-la. No caso de um repórter, ‘alguns segundos’, dependendo da situação, são fatais para que não se possa fazer uma outra pergunta que esclareça as falhas da declaração feita. Um exemplo: “Mas, senhor ministro, seqüestros, assaltos e assassinatos, entre outros crimes, como explodir bombas em aeroportos e em embaixadas, por exemplo, matando e aleijando civis - todos estes crimes praticados pelos ‘revolucionários da época’, também não estavam ‘fora da legalidade do próprio regime militar’, como afirmou estar a ‘tortura’? E, por isso, não estariam também ‘eles’, os ‘revolucionários’, no caso, violando a ‘ordem jurídica’?"


Ou seja, o homem falou um absurdo e o repórter ‘engoliu’, sem esboçar reação.


Continua a matéria: Tarso Genro não pretende reabrir a Lei da Anistia, mas defende que os responsáveis pela tortura durante o regime militar respondam criminalmente com base na Convenção Internacional de Direitos Humanos, um pacto internacional feito em 1969 em São José da Costa Rica - e que o Brasil só assinou durante o governo Fernando Henrique Cardoso”.


A reportagem deveria, mas não esclareceu: Tarso, naturalmente, deve estar se referindo à Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos e Punições Cruéis, Desumanos e Degradantes, que entrou em vigor em 26/06/1987, depois de aprovada pela ONU, em 10/12/1984. O Brasil retificou a esta Conveção, em 28/09/1989. Seu Protocolo Opcional, de 18/12/2002, e que vigora desde 22/06/2006, também foi ratificado pelo país, em 12/01/2007. Em 1988, a nossa constituição Federal, em seu artigo 5o, XLIII, já consagrara a tortura como crime, que acabou vindo a ser definida nos termos da lei n° 9455, de 7 de abril de 1997.


É bom que se diga, na Convenção contra a Tortura não há uma única linha sequer na qual se possa ler que se trate de um crime ‘imprescritível’, como diz Tarso Genro, bem como há claríssimas cláusulas afirmando serem prioritárias as leis estabelecidas nas constituições, e as regras dos códigos penais, de cada país membro signatário. Toda e qualquer ação de julgamento, em se tratando de exceção, pode ser julgada por tribunal estabelecido internacionalmente (*) (e não localmente), geralmente em se tratando de julgar crimes de guerra, já definidos por acordos internacionais (Convenção de Genebra e Estatuto de Roma). Alguns crimes de guerras conhecidos foram os cometidos por Adolf Hitler e por seus oficiais, na época da II Guerra Mundial, além de os cometidos por alguns rebeldes, na "guerra" de Ruanda, África, em disputa entre etnias pelo poder naquele país. Em ambos os casos foram criados cortes especiais, como o Tribunal de Nuremberg e uma ‘corte para Ruanda’, respectivamente.


Além disso, não se sabe como Tarso recorreria a um tribunal internacional para levar seus projetos de ‘vingança’ à diante, uma vez que a posição do país, na atualidade, no simples cumprimento do que estabelecem os acordos internacionais, beira o vexame, com dezenas de compromissos ignorados. Basta que se leia o “Relatório Sobre Tortura no Brasil”, concluído, em 2005, pela nossa própria comissão de Direitos Humanos no Congresso. Vale lembrar, também, que, em maio de 2000, o relator especial da ONU sobre a tortura, Nigel Rodley, esteve no Brasil, por três semanas, levantando dados para elaborar um relatório final. Na época, vejam o que declarou à Folha de São Paulo:


Eu não posso adiantar nada do relatório. Mas o próprio governo disse que há tortura frequente no Brasil. As autoridades federais e estaduais reconhecem isso... Há coisas incontroversas: as condições de detenção nas delegacias de polícia são absolutamente estarrecedoras. Fomos a uma delegacia policial em São Paulo onde as pessoas são levadas para aguardar julgamento. Fomos no dia mais limpo, o domingo, porque a limpeza é aos sábados. Vimos excrementos por toda parte. Os próprios presos me olharam: "Como o senhor espera que o juiz reaja diante de nós se nós parecemos animais e cheiramos como eles?" Eles estão certos.


No final da entrevista, Rodley foi claro: “O relatório não trará sanções para o Brasil. A ONU não entra em sanções, a não ser em casos extremos”.


Apesar de toda esta situação vexatória, no presente, e que necessitaria de providências urgentes, muito trabalho, dinheiro e dedicação por parte dos poderes públicos e dos governos estaduais e federais, “corre em São Paulo uma ação civil pública contra os comandantes do DOI-Codi”, diz a matéria da Isto É, sem mencionar ‘detalhes’ como os que foram acima citados – que, certamente, reforçariam as chances de que leitores pudessem ensaiar uma lijeira impresão de que as tendências da ação do ministro da justiça estariam mais para 'vingança'. Um dos autores da ação, o procurador da República de São Paulo, Marlon Alberto Weichert, justifica: "Do ponto de vista técnico, a lei não pode perdoar agentes do Estado que praticaram esses crimes."


Do ponto de vista técnico? Só se for o ‘técnico-ideológico’. Não se trata de 'tecnicidade' nenhuma aqui. Foi um acordo entre inimigos, depois de uma batalha, supostamente, em nome da paz e da reconstituição democrática do país. O mínimo que uma boa reportagem sobre o tema Anistia tem que obrigatoriamente mencionar é que a exigência de que esta fosse 'ampla, geral e irrestrita' foi da esquerda de Tarso, que hoje está no poder. O ministro está dando, afinal, com essa proposta de 'revisão', mais uma prova histórica de que não se pode confiar em comunista.


O fato é que, num país onde impera a ignorância e no qual se lê muito pouco, principalmente sobre assuntos técnicos e sobre política, a imprensa deveria tomar cuidado redobrado, não ao divulgar o que se diga, mas em explicar que o que está sendo dito não se trate da mais pura verdade, ainda que tenha saído da boca de presumíveis ‘autoridades’.


Mais adiante, continua a reportagem: “O general Enzo Martins Peri, chefe do Exército, disse ao presidente Lula que ‘é preciso pôr uma pedra sobre esse assunto, até porque, este tema abre feridas e provoca indignação’. Tem razão e não há mal nenhum nisso até porque as feridas não foram fechadas - e é isso que prova a indignação do ministro da Justiça com a tortura. Num caso que beira à indisciplina, o comandante militar do Leste, general Luiz Cesário da Silveira, tirou o uniforme e foi "como pessoa física" a um seminário sobre a Lei da Anistia no Clube Militar do Rio de Janeiro, na quinta- feira 7. Tudo um eufemismo para se criar o palco para protestos destemperados contra Genro.”


Bem, meus caros, chamar essa matéria de reportagem, depois do que foi dito acima pelo jornalista que a escreveu, é ofender a inteligência do leitor. Trata-se de texto para defender um determinado ponto de vista. Ponto final. Caberia num artigo ou num editorial, que pressupõem essa intenção. Depois, para não perder a oportunidade, esclareça-se aos alunos que a palavra eufemismo foi empregada, novamente, de maneira errada.


O mais grave, entretanto, sobre esta ‘reportagem’, está nos bastidores. Coisa rara termos acesso ao processo de composição de uma matéria jornalística. No caso desta matéria da Isto É, tivemos essa oportunidade porque um dos entrevistados foi o escritor, articulista e psicanalista Heitor de Paola. Foi ele quem divulgou a entrevista que deu e que deveria ter sido veiculada junto com esta reportagem da revista. O jornalista Alan Rodrigues, um dos que assina a tal matéria, entrevistou Heitor, por e-mail. Notem: não foi um ‘bate papo’, uma conversa informal, sobre a atitude do ministro Tarso e sobre a própria Anistia, para que o jornalista se preparasse para abordar o tema dentro de uma futura reportagem, mas, sim, o envio de perguntas formais que, supostamente, deveriam ser publicadas junto à matéria.


Entretanto, como se constata ao ler a entrevista que Heitor concedeu, nenhuma linha sequer da mesma foi publicada, assim como também não existe, na matéria, nem mesmo a mais longínqua abordagem do tema sob seu ponto de vista, que é contrário ao de Tarso – o qual a reportagem nitidamente defende.


Isso não é jornalismo; é militância – que, aliás, não é crime nenhum, desde que essa abordagem fique bem clara ao leitor, ao ouvinte ou ao telespectador. No caso desta matéria veiculada pela Isto É, não há esse tipo de esclarecimento. Trata-se de um exemplo bastante abrangente, e triste, de como não fazer jornalismo.

SÓ AQUI NO BRASIL: ESTUDANTES E UM FANTASMA

Por Rebecca Santoro

14 de agosto de 2008

Resumo:


Só mais um detalhe que achei curioso: o nome do site é Brasil Escola, não é? Então, por que o mapa que aparece no logotipo é o da América Latina? Pois é: um Brasil que é America Latina num site cujo responsável se apresenta como uma 'entidade' por trás da qual não há nomes, nem telefones, nem endereços...


Nossos estudantes estão muito mal servidos. Isso, infelizmente não é novidade. Mal servidos em praticamente tudo: escolas, professores, material didático, conteúdo e, principalmente, em acesso à informação de qualidade. Desculpem, usei ‘informação de qualidade’ quando deveria ter usado a palavra ‘verdade’. É que a gente acaba evitando usar determinadas palavras por causa da patrulha do relativismo – aquela turma dos ‘filósofos de plantão’ que, conscientemente ou não, trabalha para desconstruir os fatos e a realidade, e que vem logo com um daqueles questionamentos clássicos como, nesse caso, ‘o que é verdade?’.

Eu sei que não é fácil isolar um determinado fato ocorrido, para descrevê-lo apenas em sua seqüência cronológica – aconteceu assim, ponto. Depois disso, é claro, podem vir as interpretações particulares de cada um em relação ao mesmo. Esse tipo de exercício de lógica – isolar a seqüência cronológica - vem sendo sistematicamente abolido na educação escolar/acadêmica, com a justificativa de que o importante é conhecer e interpretar os fatos e não se prender em ‘decorebas’ de datas, nomes, locais e tudo quanto possa ser ‘exato’. Acontece que isso acaba por permitir, que se ‘ideologise’ a interpretação dos fatos, além de ‘tirar’ do aluno a capacidade de confirmar, ou não, se determinada interpretação lhe pareceria a mais correta, uma vez que não lhe são dados nem TODOS os fatos, nem COMO e QUANDO eles foram acontecendo.


Um ótimo exemplo deste tipo de deformação no ensino e na aprendizagem dos fatos pode ser visto no que se sabe e no que se divulga, hoje, sobre a Revolução de 1964 e sobre os governos militares. Mente-se, à vontade, sobre este episódio da História do país, simplesmente, porque o que se sabe dele é o que a esquerda hegemônica quer que se saiba e, pior, COMO ela quer que seja visto e/ou interpretado. Não se fala em fatos, não se fala em datas, não se fala na seqüência dos fatos. O que a maioria das pessoas sabe da Revolução de 1964 (na verdade um Contra Golpe), não é o fato histórico, mas uma grande interpretação do mesmo. A versão suplantou o fato.


Enfim, o objetivo deste artigo não é ‘filosofar’ a respeito de ‘lavagem cerebral’ e sim continuar denunciando – pois já tem sido iniciativa de muitos - a irresponsabilidade, a aleatoriedade e a falta de compromisso com a verdade com que inúmeros instrumentos de ‘instrução’, como livros e sites, supostamente construídos para ensinar e/ou enriquecer o aprendizado de estudantes de todo o país, vêm fazendo justamente o contrário: emburrecendo-os, castrando-lhes o direito à luz e ‘enquadrando-os’ dentro dos padrões do ‘idiota útil’. Um assassinato virtual, digamos assim, de cérebros, que sabe-se lá o quê (de bom ou de ruim – é um risco que se corre) poderiam vir a oferecer à sociedade, caso tivessem tido o direito de crescer e de conhecer a verdade.


Pesquisando mais ou menos sobre essa questão, eis que me deparei com um site chamado BRASIL ESCOLA, que se autodefine como um dos maiores portais educacionais brasileiros e o maior com conteúdo totalmente de graça – “são mais de 2 mil trabalhos escolares, focados no Ensino Fundamental e Médio”. Na página que descreve as características do site, para efeito de publicidade, está escrito que são “4 milhões de visitantes únicos mensais e mais de 8 (oito) milhões de pageviews por mês”.


Ora, são números impressionantes. Fui checar para ver o que é que 4 milhões de nossos estudantes estão consultando e ‘aprendendo’. Cliquei em Filosofia, que agora se tornou matéria obrigatória no ensino médio. Cadê os filósofos? Nada. Então cliquei em Ideologia. Vejam o que eu encontrei, agora clicando vocês na figura ao lado...


Impressionante, não?! Reparam que a definição de Ideologia passou a ser a própria teoria a respeito de ideologia desenvolvida por Karl Marx? Chamou-me atenção esse fato, porque havia comentado em meu último artigo exatamente sobre essa confusão.


Fui para Biografias, então, para ver o que encontrava. Tem para todos os gostos. Mas, vejam só, o único presidente da república que consta da galeria é Luis Inácio Lula da Silva, cuja biografia publicada (clique na figura ao lado) é uma ode ao ‘presidente do povo’. Uma enorme e conhecida mentira veiculada por um site que se diz “um dos maiores portais educacionais brasileiros”. Quanto aos outros presidentes, alguns deles aparecem, sim, no site, mas em História, com seus nomes precedidos por “Governo de” e sem direito a biografias tão detalhadas – muito menos em tom de apologia.


Diante disso, fui visitar a página sobre 1964 e Governos Militares. Não vou falar nada – leiam vocês mesmos (com um lenço na mão, para enxugar as lágrimas – que podem vir a ser de tanto rir também)...


Leram? Já conseguiram se recompor? Então, vou continuar.


A partir daquele momento pós-leitura-traumática, resolvi pesquisar sobre quem era o (ou os) responsável pelo site, tentando, obviamente, recorrer a um daqueles famosos links como QUEM SOMOS, PERFIL etc. Nada... Reparei que os artigos estavam assinados, mas não traziam e-mails dos autores. Fui para o Google... Nada de encontrar nomes... Achei uma página no Orkut... Entrei. Nada de nomes... Quem fala é sempre ‘O Brasil Escola’. Voltei ao site e procurei links como NOSSA POLÍTICA, NOSSO OBJETIVO, O QUE FAZEMOS e coisas afins... E nada... Resolvi recorrer ao FALE CONOSCO. Aparece o formulário, mas nada de nomes, telefones ou endereços. Mesmo assim, enviei mensagem tentando saber sobre os responsáveis. Vocês receberam resposta? Eu também não. De modo que temos um site ‘de ninguém’, acessado por 4 milhões de estudantes brasileiros para aprender isso aí acima, do que os senhores puderam ver uma parte. Que tal?


Não é por nada não, mas esse pessoal que está nos bancos escolares, hoje, é o mesmo que, mais cedo ou mais tarde, vai estar à frente do comércio, da política, da seguança... e dos governos. Nós estaremos lá, bem mais velhos e, muito provavelmente, indefesos e à mercê desses a que, hoje, se permite 'educar' dessa maneira e com esse conteúdo. Já pensaram nisso?!


Só mais um detalhe que achei curioso: o nome do site é Brasil Escola, não é? Então, por que o mapa que aparece no logotipo é o da América Latina? Pois é: um Brasil que é America Latina num site cujo responsável se apresenta como uma 'entidade' por trás da qual não há nomes, nem telefones, nem endereços...

TOUR PRÓ-COMUNISTA NO VIETNÃ

Por Rebecca Santoro

Na primeira visita, desde 1989, de um presidente brasileiro ao Vietnã, Luiz Inácio Lula da Silva disse, de improviso, sobre a guerra daquele país contra os Estados Unidos, nos anos 1960-70, que "O que vocês fizeram aqui foi mais que vencer uma guerra. Foi uma lição que ensinaram a todos os seres humanos: que quando queremos uma coisa e temos determinação, somos imbatíveis”... "Desde sempre acompanhei a Guerra do Vietnã, e posso lhe dizer que fiquei tão orgulhoso dos vietnamitas quanto os vietnamitas"... "A vitória de vocês foi a vitória do oprimido, e nós nos sentimos co-participantes e muito orgulhosos do significado para a humanidade da vitória de vocês".

As declarações foram feitas ao final de um encontro com o presidente vietnamita, Nguyen Minh Tien, com autoridades de Estado e com altos dirigentes do partido comunista único. Pego de surpresa, Minh Tien respondeu que a vitória na Guerra não era apenas dos vietnamitas e acrescentou que eles admiram o futebol e o samba do Brasil.

Alguém poderia fazer a caridade de instruir o senhor presidente, que, definitivamente, não fala pela maioria dos brasileiros, a que se desse ao trabalho de estudar um mínimo da História dos países que visitasse, antes de 'improvisar' falas dignas de atestado de ignorância infantilóide, ou para que, ao menos, fizesse a gentileza de ficar calado, poupando, assim, o mundo das conseqüências de seu desprezo pela leitura e os brasileiros da vergonha de ter uma pessoa assim na presidência.

Lula aproveitou sua passagem por Hanói para visitar, em sua residência, o general reformado Vo Nguyen Giap, 98 anos, que comandou tropas do Vietnã contra a França, antiga potência colonial do país, e tropas vietcongs contra os Estados Unidos, na Guerra do Vietnã. Lula, vejam só, agradeceu ao general por inspirar jovens de ideologia revolucionária nos anos 1960: "A vitória de vocês e o orgulho de vocês é quase um patrimônio da humanidade. Tenha certeza de que, no mundo inteiro, muitos, mas muitos jovens naquela época ficaram felizes pela vitória do Vietnã”.

Na casa de Vo Nguyen Giap, havia imagens de líderes da esquerda mundial, como Fidel Castro, ex-presidente e ditador de Cuba, e Hugo Chavez, o presidente venezuelano. Lula garante que uma das fotos que tirou com o general vai trazer para Fidel. Não faltou ‘tietagem’ por parte do presidente e de nossa ministra Dilma Rousseff. Lula pediu a Vo Nguyen Giap que tirasse uma foto ao lado da ministra: "Aquela moça que o senhor está vendo é minha ministra. Na sua época, ela foi militante de esquerda, ficou três anos e meio na cadeia, e tem pelo senhor uma verdadeira admiração... Seria importante que o senhor permitisse que ela tirasse uma foto ao seu lado".


Pois é... Embora não adiante absolutamente nada, é preciso que conste na internet algumas informações que possam mostrar, digamos, ‘um outro lado’, nem tão admirável assim, do general-herói de Lula e de Dilma. Assim, quando os curiosos forem pesquisar sobre a visita de Lula ao Vietnã, e sobre suas ‘adulações verbais’ aos comunistas vietnamitas, poderão, quem sabe, num dos links que aparecerá em referência à pesquisa, provavelmente lá pelos últimos, encontrar alguma informação não amestrada.


Então, lá vai. É só um parágrafo apenas.


Vo Nguyen Giap é o criador do conceito de "guerra do povo", que, basicamente, como define o filósofo Olavo de Carvalho, em seu artigo Guerra de Covardes, ‘Consiste em envolver toda a população na atividade guerreira, de modo a privar o adversário do centro de gravidade do seu ataque - a destruição física do exército convencional - e forçá-lo à escolha impossível entre o genocídio assumido e a autocontenção debilitante’. Resumindo bem o que está no citado artigo, pode-se dizer que o exército de Giap infiltrava-se no meio da população, misturava-se a ela, usando-a como escudo humano, para que as mortes de civis fossem ‘aproveitadas’ como material de propaganda contra os EUA. Muitos jornalistas ocidentais - brasileiros inclusive (*) - foram cúmplices voluntários dos vietcongues nessa empreitada.

É por esta ‘capacidade tático-criativa’ que ficou famoso o ‘grande estrategista’ Vo Nguyen Giap. Ele mesmo, como nos revela o artigo, ‘reconheceu que suas armas mais eficazes foram a mídia esquerdista chique e os movimentos "pacifistas" que amarraram as mãos do governo americano, entregando o Vietnã do Sul e o Camboja ao domínio dos comunistas, os quais ali puderam então matar tranqüilamente 3 milhões de civis, a salvo de qualquer protesto ocidental audível’.

Seria o caso, também, de se perguntar à sua excelência, o presidente Lula, se ele ficou igualmente orgulhoso desse holocausto, em paricular, que os 'vietcongs' (que é a quem, na verdade, sua 'ignorância' queria se referir, ao falar de 'vitória' – que, aliás, não existiu, pelo menos em termos militares) patrocinaram.

Lula também visitou o mausoléu do líder revolucionário Ho Chi Minh (outro assassino comunista) e depositou uma coroa de flores no memorial dos veteranos de guerra.

Enfim, foi uma perfeita viagem de turismo pró-comunista, com direito a especiais regalias, como se viu, e que, naturalmente, propagandeou – o que devem pensar os estrangeiros ser dos brasileiros como um todo e não somente de um governo – nossas preferências e simpatias pelo comunismo, além de revelar nossas tendências antiamericanistas.


Na comitiva brasileira que acompanhava Lula estavam também os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Miguel Jorge (Desenvolvimento), o secretário especial de Relações Internacionais, Marco Aurelio Garcia, além de cerca de 30 empresários brasileiros, principalmente do setor de construção civil, tradings e alimentos. Brasil e Vietnã estabeleceram a meta de alcançar uma corrente de comércio bilateral de US$ 1 bilhão (R$1,6 bi) até 2010.

Foi assinado um memorando de entendimento entre os bancos centrais do Brasil e do Vietnã e outros quatro acordos: em ciência e tecnologia, na luta contra a pobreza e a fome, nos esportes e outro que cria uma comissão mista de acompanhamento: "Os memorandos que assinamos hoje representam os alicerces legais que abrem caminho para que nossas relações sejam fortalecidas (...) os dois países estão distantes geograficamente, mas compartilham uma estreita irmandade", disse o presidente vietnamita. Pois é, não entende nada de brasileiro e acreditou em Lula...


(*) O repórter José Hamilton Ribeiro, da revista Realidade, confessou que ele e seus colegas repassavam aos leitores, como notícias confiáveis, aquilo que sabiam perfeitamente ser pura desinformação vietcongue.

ACABANDO COM AS FARC?


Por Rebecca Santoro

6 de agosto de 2008

RESUMO: Seria uma espécie de programa de anistia, certo? E o que tem acontecido nos países que solucionaram, com anistia aos revolucionários, seus problemas de luta armada contra grupos que pretenderam promover a revolução comunista pela via das armas? Em todos os lugares nos quais isso aconteceu, os ‘revolucionários’ acabam aparelhando as instituições e a mídia, o que, mais cedo ou mais tarde, provoca uma mudança no discurso de tratamento de seus atos e de suas posições político-ideológicas passados, de forma a que se transformem em heróis dos ‘pobres e dos oprimidos’, fazendo com que, já pelas vias ‘democráticas’, cheguem ao poder, e, de lá, comecem a se vingar de seus ‘inimigos’ e a implantar seus projetos de poder comunistas – todos, é claro, de longuíssimos prazos. Nós já vimos esse filme – estamos dentro dele agora mesmo.


A semana começou com a denúncia da revista colombiana Cambio de novas evidências sobre laços clandestinos entre o governo brasileiro e as Forças Armadas Revolucionárias Comunistas da Colômbia (Farc). Seriam 85 mensagens eletrônicas trocadas por representantes das Farc entre 1999 e 2008. Apreendidos nos computadores de Reyes - o número 2 das Farc, morto pelo Exército da Colômbia, na polêmica operação na fronteira com o Equador. Os arquivos chegaram às mãos do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e ainda foram objeto de uma conversa mantida pelo presidente brasileiro com o da Colômbia, Álvaro Uribe, na última visita que Lula fez a aquele país. Embora nenhuma das mensagens divulgadas até agora seja endereçada a autoridades ou a membros do PT e do governo brasileiros, existem diversas referências comprometedoras aos mesmos.


Novidade nestas ‘revelações’ só mesmo para aqueles que ainda insistem em se informar apenas através dos veículos de esquerda e dos de comunicação de massa (se é que falar assim não seja redundância) e o fato de que, agora, se possa ligar inúmeras revelações já feitas por sites como o Mídia Sem Máscara, por exemplo, com evidências representadas nos tais e-mails. Aliás, estou lendo o livro de Heitor de Paola – O Eixo do Mal Latino-Americano, recentemente lançado. Quem quiser se alfabetizar na história real do que vem acontecendo na América-Latina, leia – o livro é sensacional!


Voltemos às antigas revelações e às novas evidências.


Em 2005 (em 2005!!!), o jornalista Carlos I.S. Azambuja escrevia um artigo chamado ‘A guerrilha na Colômbia’ (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=4333), no qual citava as ligações das FARC com governos da América Latina, principalmente por sua participação no Foro de São Paulo. Azambuja lembrava uma entrevista de Raul Reyes à Folha de S. Paulo, de 27 de agosto de 2003 (2003!!!), em que o próprio Reyes declarava abertamente que as FARC tinham “contatos, não apenas no Brasil, com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais” e citava nomes: “... o PT e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas...” e ainda os ‘intelectuais’ “Emir Sader, frei Betto e muitos outros”.


Azambuja dizia que “Essas relações, inclusive, com autoridades governamentais, são enormemente facilitadas pelos contatos estabelecidos pelos membros do Departamento Internacional das Farc”, formado por militantes que “desde a Argentina até o México, passando pelo Paraguai e Honduras”, mantinham “vínculos com membros de grupos de pressão de extrema esquerda e, em muitos lugares, realizam juntamente com o chamado crime organizado, atividades ilícitas como seqüestros, tráfico de drogas e contrabando de armas, além de inserir seus simpatizantes dentro de grupos sociais e de pressão”. Este ‘Departamento Internacional’ tinha “representantes na União Européia, Japão, Austrália, México, Canadá, EUA, Honduras, Costa Rica, Panamá, Cuba, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Argentina, Chile e Brasil, isso apesar de ser considerada pelos EUA, OEA e União Européia uma organização”, revelava o jornalista em seu artigo.


Entre os e-mails agora revelados pela Câmbio, estão os de Olivério Medina (Cura Camilo) para Reyes:


De: 'Cura Camilo'


A: 'Raúl Reyes'


17 de janeiro de 2007


Na segunda-feira, dia 15, a "Mona" começou em seu novo emprego e para garanti-la ou impedir que a direita em algum momento a hostilize, a colocaram na Secretaria da Pesca, trabalhando no que chamam aqui de cargo de confiança ligado à Presidência da República”.


De: 'Cura Camilo'


A: 'Raúl Reyes'


14 de abril de 2007


Devo atuar com cautela para não facultar ao inimigo argumentos que levem a questionar o refúgio. Nesse sentido, ter conseguido a transferência de “La Mona” e “La Timbica” para a capital do país foi importante. Manterei essa discrição até a neutralização. Obtida esta, terei passaporte brasileiro, e a primeira coisa que devo pensar é ir vê-los

Ora, quando o colunista da Veja, Diogo Mainardi, revelou que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pessoalmente, teria pedido a transferência da mulher do terrorista Olivério Medina, Angela Maria Slongo, para Brasília, o Ministério da Pesca informou que Mona apenas mandara um currículo e fora selecionada por critérios profissionais. Então, Mainardi não teve escolha: publicou o documento de pedido transferência oficial e assinado pela ministra. Encoberto por outros escândalos, o assunto ficou na ‘geladeira’. E agora, com mais esta prova contundente de que houve uma orquestração, a partir de dentro do Planalto para proteger Medina – o companheiro do Foro de São Paulo, ‘embaixador das FARC’ no Brasil, o que ‘inventará’ o governo como resposta?


Segundo o jornal El Tiempo, uma das funções de Medina, no Brasil, seria recrutar pessoas e traficar armas e que a principal fachada das Farc, hoje, seria a Coordinadora Continental Bolivariana (CCB), da qual Olivério integrava o comando, em companhia de Raúl Reyes e de Orlay Jurado Palomino, ou "Hermes", que estaria na Venezuela. O atual esforço da CCB seria tentar instalar-se nos EUA por intermédio de uma ONG e de uma entidade ambientalista.


Ambientalista? Isso mesmo. Recentemente, o site Mídia Sem Máscara publicou a tradução de um artigo de Cliff Kincaid – O Novo Comunismo – que falava sobre o livro Blue Planet in Green Shackles, do presidente da República Tcheca, Václav Klaus, denunciando que o movimento para “salvar” o meio ambiente foi tomado por ideólogos que defendem o controle total do governo sobre as nossas vidas. Klaus diz que o ambientalismo pode ser considerado uma forma de comunismo, de socialismo ou mesmo de fascismo. O resultado? Segundo o autor, será a extinção da liberdade humana. Cliff Kincaid lembra em seu artigo que “Staudenmaier escreveu que ‘a incorporação ao movimento Nazista de temas ambientalistas foi um fator crucial para a ascensão deles à popularidade e ao poder estatal’”... “Klaus, por seu lado, escreve que ‘a atitude dos ambientalistas em relação à natureza é análoga à abordagem marxista relacionada à economia. O objetivo em ambos os casos é substituir a evolução livre e espontânea do mundo (e da humanidade) pelo suposto planejamento otimizado central ou – utilizando o adjetivo mais elegante atualmente – global, do desenvolvimento mundial’”.


Voltemos novamente às antigas revelações e às novas evidências.


Outro que está comprometido pelos e-mails é o procurador da República Luiz Francisco de Souza, que, durante muito tempo, pertenceu aos quadros do PT, chegando a se candidatar a deputado federal pelo partido, não conseguindo ser, entretanto, eleito. Luiz Francisco é mencionado em um extenso e-mail de Olivério Medina (Cadena Colazzos) a Raúl Reyes, datado do dia 22 de agosto de 2004, relatando o diálogo que Medina havia tido com o procurador, que o aconselhava a como se proteger das investigações policiais: “Ande com uma máquina fotográfica e, quando possível, com um gravador, para o caso de voltar a acontecer de um agente de informação o fotografar e o gravar, tendo o cuidado de não permitir que ele pegue a câmara e o gravador. Que em relação com o sucedido fizemos uma denúncia dirigida a ele, como procurador, para fazê-la chegar ao chefe da Polícia Federal e à Agência Brasileira de Informação”.


Que investigações eram essas? Bem, a principal delas era sobre a doação de US$ 5 milhões das Farc para campanhas eleitorais do PT, em 2002, quando faltavam 6 meses para as eleições. Um agente da Abin, infiltrado na reunião, que aconteceu no dia 13 de abril de 2002, numa chácara nos arredores de Brasília, comunicou o fato a Agência Brasileira de Investigações (Abin), num documento datado de 25 de abril de 2002, que foi catalogado com o número 0095/3100 e que recebeu a classificação de “secreto”. O arquivo informava que na tal reunião, que durara cerca de 6 horas, havia um grupo de 30 pessoas - todos militantes de esquerda e simpatizantes das Farc - e Olivério Medina, que anunciou a doação dos US$ 5 milhões a candidatos petistas.


Numa CPI instalada já depois das eleições, o ex-general Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, disse que o fato não era verdadeiro e que o documento da Abin havia sido classificado como ‘secreto’ para que as informações não vazassem e viessem a prejudicar a campanha presidencial de Lula da Silva. Até hoje, não se sabe direito o que teria acontecido nesse episódio. Não deixem de ler a versão, bem oposta, dos agentes que participaram das investigações da Abin AQUI.


A mensagem agora revelada pela Cambio apenas reforçam as já conhecidas relações entre o procurador Luiz Francisco e o ex-padre Olivério Medina. Reportagem da revista Consultor Jurídico, publicada em maio de 2006, mostrou que o procurador interveio, indevidamente, na Justiça, em favor Medina. Atitude arriscada, porque colocava em xeque a autoridade do Supremo Tribunal Federal. O ex-padre era acusado de assassinato na Colômbia. Preso no Brasil, aguardava o julgamento do pedido de extradição. O STF, através dos ministros Carlos Britto e Gilmar Mendes, solicitou que ele fosse alojado no Centro de Internamento e Reeducação do Distrito Federal. Foi então que o procurador Luiz Francisco de Souza, que, aparentemente, nada tinha a ver com o caso, entrou em ação, pedindo à Justiça do Distrito Federal que o colombiano fosse devolvido à Polícia Federal – o que foi providenciado, sem que se desse ciência ao STF, porque o pedido foi encampado pelas autoridades interessadas do Distrito Federal — Ministério Público, Polícia Civil e pelo juiz da Vara de Execuções Criminais, Nelson Ferreira Junior. Dois meses depois do episódio, o guerrilheiro colombiano obteve asilo político do governo brasileiro. Nesse período, a mulher de Medina, servidora pública, conseguiu ser transferida para Brasília, onde pode permanecer com o ex-padre, que estava em prisão domiciliar na capital. Hoje, sabe-se que a transferência da mulher de Medina foi conseguida pela atuação direta da ministra Dilma Roussef, como já mencionei acima.


ACTUAR CON CAUTELA


14 de abril de 2007


De: 'Cura Camilo'


A: 'Raúl Reyes'


“Devo atuar com cautela para não facultar ao inimigo argumentos que levem a questionar o refúgio. Nesse sentido, ter conseguido a transferência de “La Mona” e “La Timbica” para a capital do país foi importante. Manterei essa discrição até a neutralização. Obtida esta, terei passaporte brasileiro, e a primeira coisa que devo pensar é ir vê-los”


Já está mais do que sabido que uma das principais estratégias dos terroristas é enviar ao exterior representantes que acabam ganhando o status de refugiados políticos. O jornal El Tiempo já forneceu alguns nomes de membros do grupo que atuam em vários países. Entre eles, está o de Francisco Antonio Caderna Collazos – o ex-padre Olivério Medina -: "(...) o contato das Farc, o 'Camilo' — casado com uma professora brasileira e encarregado de trocar cocaína por armas e do recrutamento de simpatizantes —, não pôde ser extraditado para a Colômbia porque goza do status de refugiado desde 2006".


A Abin – de Lacerda de Lula - está analisando o teor dos e-mails das Farc. Como a Folha da São Paulo revelou em julho (portanto, bem antes da Cambio) há mais de 60 brasileiros citados nos 85 e-mails apreendidos nos computadores de Reyes. Neles, além dos nomes acima referidos, também são mencionados assessores do próprio Lula, como Selvino Heck e Gilberto Carvalho, deputados, vereadores, acadêmicos e sindicalistas.


Foi Lula quem encaminhou o caso ao general Armando Félix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, ao qual a Abin está subordinada. Como se sabe, uma análise preliminar havia concluído não haver vínculo direto entre integrantes do governo e membros das Farc. Não me digam...


O mais difícil, entretanto, é driblar as evidências, que acabam sendo noticiadas na imprensa como fatos isolados, mas que cuja interligação com o tema ‘governo do Brasil – as Farc’ não passa despercebida por analistas mais atentos.


Em 2004, por exemplo, uma ação da Polícia Federal apreendeu, numa lancha acidentada da guerrilha, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM), região sob forte influência da guerrilha colombiana, cinco lotes de medicamento usado em tratamento contra leishmaniose - havia 2.768 ampolas de glucantime, substância distribuída exclusivamente pelo Ministério da Saúde e que saíram de Brasília, conforme investigação da PF, obtida em inquérito policial instaurado em novembro de 2004 para apurar o caso.


Como esse, há inúmeros outros fatos espalhados entre as notícias dos mais diversos jornais do continente.


Mas, o principal motivo desse artigo, a despeito da longa introdução que julguei necessário fazer, é tratar de números em relação às Farc e, a partir destes, fazer uma análise de qual teria sido o ‘cenário’ imaginado pela esquerda em ascensão do continente que acabasse favorecendo a transformação da guerrilha em partido político, sem desperdiçar, entretanto, o ‘talento’ narcoguerrilheiro-armamentista de parte de seu contingente – que poderá vir a ser útil aos objetivos revolucionários na região.


A Inteligência militar do governo da Colômbia revelou que, quando o presidente Álvaro Uribe chegou ao poder, em 2002, Bogotá estava cercada por várias frentes da Farc e sofria com o crime e o terrorismo. A guerrilha contava então com 19 mil membros, distribuídos em 70 frentes. Hoje, os seqüestros anuais diminuíram de 2.883 para pouco mais de 500; os atentados, de 1.645 para 328; as principais estradas do país já são novamente transitáveis; o Estado retomou o controle do território; o efetivo das Farc estaria em torno de 8 mil guerrilheiros e as frentes não passariam de 45 (a guerrilha, entretanto, insiste em informar que ainda contaria com 17 mil homens e mulheres em armas).


Façam as contas: seriam 8 mil homens a menos. De acordo com as autoridades colombianas, desde 2002, mais de 9.000 integrantes do grupo teriam deixado a guerrilha. Além disso, as informações são de que cerca de 3 mil dos guerrilheiros teriam sido mortos, 1 mil feridos. Somente no ano de 2006, de acordo com declarações do ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, ao jornal "El Pais cerca de 2.500 combatentes haviam deixado a guerrilha. Para onde teriam ido? Teriam sido acolhidos por um programa do governo colombiano que beneficia quem aceita se entregar oferecendo benefícios jurídicos, subsídios e acesso à educação, à saúde e à capacitação profissional.


Seria uma espécie de programa de anistia, certo? E o que tem acontecido nos países que solucionaram, com anistia aos revolucionários, seus problemas de luta armada contra grupos que pretenderam promover a revolução comunista pela via das armas? Em todos os lugares nos quais isso aconteceu, os ‘revolucionários’ acabam aparelhando as instituições e a mídia, o que, mais cedo ou mais tarde, provoca uma mudança no discurso de tratamento de seus atos e de suas posições político-ideológicas passados, de forma a que se transformem em heróis dos ‘pobres e dos oprimidos’, fazendo com que, já pelas vias ‘democráticas’, cheguem ao poder, e, de lá, comecem a se vingar de seus ‘inimigos’ e a implantar seus projetos de poder comunistas – todos, é claro, de longuíssimos prazos. Nós já vimos esse filme – estamos dentro dele agora mesmo.


Com políticos ligados, senão às próprias Farc, pelo menos a seu perfil ideológico, já plenamente instalados na vida política colombiana, somados à massa ‘desertora’ do grupo e aos simpatizantes, poderíamos ver nascer daí, ‘novas forças políticas’ na Colômbia. De perfil de esquerda, é claro, e perfeitamente alinhado ao estabelecido pelo Foro de São Paulo – de Lula, de Fidel (de Raul), de Chavez, de Ortega, de Evo, dos Kirschner, etc. Mais tarde, chegariam ao poder, pelas vias democráticas.


Paralelamente, as atividades narcogerrilheiras da organização se espalhariam pela América Latina, descentralizando-se, através de ‘dissidentes’ das Farc (e da ELN) que seriam ‘adotados’ pelos mais diversos ‘movimentos sociais’ e poderosas organizações criminosas (máfia chinesa, máfia russa, PCC, CV, Al Qaeda), todas escondidas por trás de grupos criminosos, aparentemente surgidos das práticas de crime comum (assalto, tráfico de drogas, seqüestros, contrabando, etc.). Afinal, quantas já são as denúncias, no caso do Brasil, por exemplo, de ligações das Farc com tantos desses grupos, que, realmente, diga-se de passagem, já adotam, visivelmente, táticas de ação de guerrilha?


Sem querer desmerecer o trabalho honesto de muitos inocentes úteis que, sinceramente, combatem a guerrilha colombiana, e seu terrorismo, querendo a paz e a prosperidade da Colômbia, e da própria América Latina, não se pode desconsiderar esta hipótese na rápida ‘eliminação’ das Farc.


Com a palavra, os senhores e senhoras estrategistas e especialistas em crime organizado...