terça-feira, 19 de agosto de 2008

A POLÍTICA INDIGENISTA QUE A FUNAI DIZ SER UM SUCESSO E GENERAL HELENO CAÓTICA

Por Rebecca Santoro

19/04/2008

O presidente da Funai, Márcio Meira, disse hoje (19/04), Dia do Índio, em entrevista à Rádio Nacional, que a “ação do grupo de produtores contrário à desocupação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) é criminosa, por usar artifícios como "explosão de pontes" e "bombas caseiras". Além disso, ele disse que é ilegal por não ter cumprido, pacificamente, o prazo para deixar a região”, já que o decreto de homologação da terra indígena foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em maio de 2005. De acordo com o presidente da FUNAI, “o grupo de resistência tem passado uma imagem de conflitos internos entre as etnias indígenas que convivem na reserva”, o que não seria verdade. Segundo Meira, "a maioria absoluta dos cerca de 18 mil indígenas que vivem na região aguarda que seja cumprida a retirada dos empresários que resistem na região". Sobre a tensão causada pela resistência, o presidente comentou que a situação está totalmente sob controle, que os indígenas aguardam a decisão do STF e que acreditam que a presença da Força Nacional de Segurança e da Polícia Federal serve para assegurar que a questão será resolvida de forma pacífica (Agência Brasil).


Vamos ser pragmáticos. É MENTIRA. Vejamos porquê:


1. Dos 18 mil índios que ocupam, HOJE (e se é que chega a tudo isso), a região da reserva Raposa da Serra do Sol,uma grande parte deles foi IMPORTADA da Venezuela e das Guianas, para ocupar as regiões que ficavam entre as reservas que já estavam legalmente determinadas (e que eram savanas onde índios não viviam), antes que os vendilhões da pátria viessem a SISMAR em fazer a demarcação em terras contínuas. Porque se trata, sim, de um 'EU QUERO PORQUE QUERO', a despeito de toda a ponderação lógica e legal que já foi feita pelas mais diversas autoridades que conhecem o problema da região e pelos mais diversos meios. Um crime, à luz do dia, onde as instituições do Estado estão sendo usadas para legitimar uma arbitrariedade. De nada adiantam as ações na Justiça, as matérias publicadas pela imprensa e o grito de quem é contra a demarcação em terras contínuas, pois o presidente Lula assim o quer, PORQUE QUER, e vai usar de todo o seu poder para satisfazer a SUA VONTADE E NÃO A DO POVO BRASILEIRO.














2. Informamos ao senhor presidente da FUNAI que o MST (que já assassinou, inclusive policiais, degolando-os), o MLST, a VIA CAMPESINA (que invadiu a Usina de Tucuruí usando coquetéis molotov), a LIGA DOS CAMPONESES POBRES e mais alguns chamados movimentos sociais, vêm, há anos, matando, roubando, quebrando, destruindo (inclusive patrimônio público, como foi o caso - só para citar o mais famoso - do Congresso Nacional) e invadindo propriedades particulares de pessoas físicas e de pessoas jurídicas, país afora, e nem por isso são considerados pelo governo como se fossem criminosas. Legal? Ilegal? O senhor presidente da FUNAI só pode estar de brincadeira! Todos os lugares agredidos pela ira destes movimentos sociais são patrimônios reconhecidos PELO ESTADO BRASILEIRO, que é muito mais do que ser reconhecido apenas por um presidente, o que é exatamente o caso da demarcação de terras indígenas em terras contínuas da reserva Raposa da Serra do Sol.


3. Há, sim, guerra entre os índios (muitos IMPORTADOS e que NÃO FALAM NEM O PORTUGUÊS) que querem e os que não querem a demarcação da Serra do Sol em terras contínuas. Não é cenário para TV, não, como quer dar a entender o presidente da FUNAI. Inclusive, recentemente, foi divulgado PARA O MUNDO TODO, relatório sobre o assassinato de índios no Brasil, matéria que teve destque em todos os jonais televisivos. Curiosamente, entretanto, estes mesmos jornais OMITIRAM o fato de que 92% DESTES ASSASSINATOS SÃO COMETIDOS PELOS PRÓPRIOS ÍNDIOS ENTRE SI! Possivelmente, para deixar dar a entender que os "Brancos" é que seriam os responsáveis pelas mortes.


4. Palavras seriam palavras, nada mais que palavras?... Não, palavras passam a ser mais do que palavras ao vento, para quem não tem o costume de se recordar ou de assumir o que disse, especialmente quando são registradas em filme. Sorte de uns, azar de outros. E, nesse caso, quem teve azar é quem diz que a política indigenista no Brasil é exemplo no mundo, como afirma o presidente da Funai, com ares de autoridade superior no assunto, dizendo que o Comandante Geral da Amazônia, General Augusto Heleno, estaria mal informado ao classificar essa mesma política de caótica.


Vejamos em quem acreditar.


Lembram do seqüestro que os índios cintas-largas, da Reserva Roosevelt de Rondônia, praticaram contra 5 pessoas, em dezembro do ano passado, para exigir que policiais federais deixassem suas fronteiras e que um de seus caciques fosse nomeado representante da Funai na região? Foi um escândalo no mundo inteiro.

Pois é, foi simplesmente uma farsa montada para que os índios-milionários-exploradores-de-diamente-pobrezinhos-coitados conseguissem estabelecer mais rapidamente a situação que desejavam transformar em realidade na reserva (liberdade para enriquecer, é claro, lucrando com a exploração e a venda ILEGAIS de diamantes – o que, obviamente, não tem nada a ver com preservação de sua cultura, porcaria nenhuma).

A revista VEJA desta semana, publica reportagem em que mostra um filme sobre o tal seqüestro, feito por um dos índios-pobrezinhos-que-precisa-de-milhares-de-quilômetros-de-terra-para-preservar-sua-cultura, que, não sabendo que esse é o papel que querem que ele cumpra, sabia manejar uma filmadora e filmou o presidente da FUNAI, Márcio Meira, que, bastante tranqüilamente, agradecia "a presença dos seqüestrados” na reserva, em reunião comunitária para as despedidas, no último dos 4 dias que durou o ‘cativeiro’ das ‘vítimas’.

Aparecem falando, também, o espanhol David Martín Castro, um membro do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, que era um dos seqüestrados, “agradecendo a festa e as picanhas” (os índios mataram dois bois para oferecer o que conhecem de melhor às ‘visitas’) e o procurador da República, Reginaldo Trindade, para quem, como se pode bem verificar nos filmes, a lei depende de quem seja o infrator para ser aplicada.

Veja também teve acesso a fotos e a documentos – a maior parte deles, segundo a revista, produzida pelos próprios índios. Um destes documentos seria uma declaração, registrada em cartório pelo cacique Alzak Cinta-Larga, na qual estaria escrito que o procurador Trindade se dispôs a ir até a reserva "por sua livre e espontânea vontade" e a ficar lá "até o comparecimento do presidente da Funai".

Já nas fotos, os reféns apareceriam livres, leves e soltos e, numa delas, se poderia ver o funcionário da ONU tomando banho de rio com seus supostos carcereiros. De acordo com o que revela a revista, os cintas-largas teriam hospedado - e não seqüestrado, como se anunciou na época – o procurador Trindade, que estava, inclusive, acompanhado por sua esposa, em uma casa reservada apenas a caciques, além de ter podido se comunicar com o mundo exterior, usando um telefone celular Globalstar.

Diz a revista Veja: “Apesar da mordomia, (o promotor) nega que o suposto seqüestro tenha sido fruto de um complô: ‘Não sei dizer se foi seqüestro ou não. O fato é que tivemos nossa liberdade de ir e vir restringida’”.

Ora, ora, ora, então, está explicado, não é mesmo?!


E não é que um cacique da tribo dos cintas-largas, o índio Nacoça Cinta-Larga, acabou mesmo sendo nomeado, por Márcio Meira, em janeiro deste ano, representante da Funai na região da Reserva Roosevelt. Conseguiu, né?!

Tem um detalhe muito bem lembrado na reportagem da Veja: Nacoça Cinta-Larga é um dos indiciados pelo assassinato de 29 garimpeiros que faziam extração ilegal de diamantes na reserva, em 2004. Não, os índios não os assassinaram por causa da ilegalidade que cometiam, mas sim porque suspeitavam que não estivessem pagando corretamente pelas pedras. Quanta cultura preservada nas reservas! Uma política indígena digna de exportação!


Como se sabe, até hoje, ninguém foi punido pelos assassinatos e, como relembra Veja, “um dos motivos da demora é o fato de o Ministério Público ter solicitado um laudo antropológico para atestar se os índios tinham consciência do que estavam fazendo”. É, não tinham, não, certamente...


Um outro filme que também chegou às mãos da revista, nesta mesma leva de material, mostra novamente o procurador Trindade, desta vez em 2005, em uma reunião com a etnia suruí, também de Rondônia. Na ocasião, o procurador aparece dizendo que sabe que os cintas-largas exploram pedras preciosas e que os suruís extraem madeira ilegalmente, mas que não pode cumprir a lei, ‘e botar tudo abaixo’, porque, segundo suas próprias palavras no video, sabe ‘das dificuldades econômicas’ dos índios e que estariam ‘cansados de só ouvir promessas’.


Vale lembrar: à época do filme, Lula já estava no poder havia 4 anos incompletos. E como disse o atual presidente da FUNAI, como temos, hoje, muito mais índios do que há vinte anos, a política indígena seria um sucesso. Estamos vendo... Estamos vendo... Isso porque não vamos nem começar a falar no vício da bebida... Deixa prá lá...


Ouvido por VEJA, o procurador Trindade nega que tenha chancelado acordos para exploração ilegal de diamantes ou madeira. Mas, se o fez, não estava sozinho.

A reportagem da revista revela que as imagens obtidas mostram representantes da Funai e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) participando também de encontros em que foi "aprovada" a exploração ilegal de madeira. Em um dos filmes, um líder suruí conta que eles aprenderam a explorar madeira ilegalmente em 1986 e que seu professor foi o atual líder do governo no Senado, Romero Jucá, na época presidente da Funai. Desde então, a atividade prosperou. Hoje, com a conivência das autoridades, os suruís venderiam trinta caminhões de toras de madeira por dia.


ASSISTA AO VÍDEO DA VEJA, ABAIXO. EU EDITEI TODOS OS FILMES EM UM


1. REUNIÃO COM OS CINTA-LARGA - O SEQÜESTRO


2. PROCURADOR COM OS SURUÍ


3. CACIQUE SURUÍ DIZ QUE TRIBO APRENDEU SOBRE VALOR DE RIQUEZAS PARA COMÉRCIO COM ROMERO JUCÁ.




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