terça-feira, 19 de agosto de 2008

BRINCAR DE AVESTRUZ PODE ACABAR MAL

Há uma corrente de pensamento dentro das FFAA que acha que os militares de hoje, muito jovens ainda na época em que houve o contra-golpe de 1964 para livrar o país da ditadura comunista, não devem tomar partido e sair em defesa de outros militares, hoje já na reserva ou aposentados, que são acusados e perseguidos pela militância esquerdista (grande parte dela no governo) de torturadores e ainda de terem cometido outros crimes, ao combater, no passado, os revolucionários que pegaram em armas e praticaram toda a sorte de crimes e de atos terroristas, e/ou aqueles que os apoiaram, na tentativa de instalar a revolução comunista no país – patrocinados, inclusive financeiramente, pela antiga URSS e por Cuba.

Não venham dizer que não existe esta corrente formada por militares que assim pensam, porque há. Não deveria haver, na minha opinião, mas há. Se assim não fosse, certos revolucionários não teriam sido homenageados com medalhas concedidas pelas três Forças. É que tem gente que pensa que os atos de revanchismo e de perseguição político-ideológica a estes antigos militares são atos isolados de gente que quer vingança ou ‘justiça’ diante do que lhes aconteceu, pessoalmente, ou aos seus parentes.

Não é. O que existe é uma campanha orquestrada, de fora para dentro do país, que visa, através destes e de outros atos, reformular (para não dizer acabar com o que são atualmente) as FFAA. É preciso destruir as que estão aí hoje, para fazer surgir a força militar político-ideológica. Quem embarcar nessa de fingir que cada acusação ou que cada perseguição aos militares que participaram do processo de manutenção do Brasil fora dos moldes político-econômico-sociais cubanos não é assunto seu e que faz parte de um passado que não lhe pertence estará contribuindo, e muito, para o próprio extermínio, senão para o de seus familiares em futuro próximo.

Rebecca Santoro

Vejam matéria abaixo:

HISTÓRIA OFICIAL: Declarações de Tarso Genro provocam reações conflitantes de militares e ex-militantes políticos

Por Soraya Aggege

O Globo

2008/5/17

'A Lei da Anistia foi feita para os dois lados'

Presidente do Clube Militar diz que, se acusados de tortura forem julgados, o mesmo deve ocorrer com ex-guerrilheiros.

SÃO PAULO. O Clube Militar defendeu ontem que o governo "escancare" os arquivos secretos da ditadura, mostrando também supostos crimes cometidos por membros da cúpula do atual governo que militaram contra o regime. Os militares também avaliaram que, se ocorrer uma reinterpretação da Lei da Anistia, de 1979, deverão ser punidos também acusados de terrorismo e assassinatos na época.

As declarações do general da reserva Gilberto Figueiredo, presidente do Clube, foram uma resposta ao ministro Tarso Genro (Justiça) e ao Ministério Público Federal, que defendeu o julgamento de torturadores e chefes dos órgãos de repressão. Tarso avaliou que a Lei da Anistia, de 1979, não protege os crimes de tortura, prática que também era criminosa durante o regime militar.

- Alguns colegas de governo do ministro também cometeram crimes hediondos durante o regime. A Lei da Anistia foi feita para os dois lados e é um assunto superado. Agora, se houver uma revisão, ela terá que valer para os dois lados- disse o general da reserva.

Figueiredo afirmou ainda que a abertura dos arquivos secretos do regime não encontra mais resistências entre os militares:

- Não sei por que não abrem os arquivos. É preciso abrir, sim, escancarar tudo. Tenho conversado com outros militares e não vemos motivos para não escancará-los. Mas é preciso escancarar tudo mesmo, porque quando isso for feito, os militares serão os menos atingidos. Se abrir, quem mais terá a perder são os do outro lado, que cometeram assassinatos, terrorismo e muitos crimes. E muitos estão no governo - disse o presidente do Clube, depois de frisar que o ministro fez tais declarações para desviar o foco das atenções de outros problemas do governo, como os conflitos em Raposa Serra do Sol e o caso do dossiê da Casa Civil.

Ativistas pedem punição para torturadores

De outro lado, organizações de ex-presos políticos e entidades civis defenderam ontem a punição dos responsáveis pelos crimes de tortura na ditadura militar e a abertura dos arquivos secretos, no embalo das declarações do ministro e da ação do Ministério Público Federal.

"Os ex-chefes do Doi-Codi devem ser ouvidos pela Justiça - juntamente com seus subordinados - para que dezenas de mortes e desaparecimentos possam ser finalmente esclarecidos", declararam ontem em nota conjunta o Fórum Permanente dos Ex-Presos e Perseguidos e Políticos, o Grupo Tortura Nunca Mais, o Condepe (Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana), a Acat (Ação dos Cristãos para a abolição da Tortura) e o Movimento Nacional de Direitos Humanos.

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