terça-feira, 19 de agosto de 2008

A VERDADE DÓI

Rebecca Santoro

A verdade dói. Mas, é preciso que alguém tenha a coragem de dizê-la abertamente. Muitos brasileiros têm tentado fazer isso, uns com mais e outros com menos contundência, uns com mais clareza, outros na medida do que lhes é possível. É que mesmo aqueles que estão vendo tudo, e que estão se esforçando ao máximo para levar os fatos ao conhecimento de todos os brasileiros, precisam comer. Assim como de nada acabam valendo os heróis em potencial, de nada adiantam também os heróis mortos – a não ser, talvez, quando se tornam mártires.

Mas, os inimigos da dignidade e do verdadeiro desenvolvimento político, econômico e social do povo brasileiro sabem do perigo de se produzir mártires. Não é senão por esta razão que ainda ocorre no Brasil, quando inevitável, deixar que uns e outros não corrompidos bradem as verdades aos quatro ventos. Verdades que incomodam, provocam mudanças e adiam planos. Repetindo: apenas adiam planos.

Entretanto, não é que inimigos do regime não estejam sendo aniquilados e anulados – estão sim, em massa e a toque de caixa. Mas, de forma sutil, de forma que aparente ser o algoz o destino implacável a produzir vítimas de inevitáveis, incontroláveis e lamentáveis novos tempos. Vítimas da violência urbana; vítimas do precário sistema de saúde; vítimas do ‘ódio já incontrolável dos oprimidos’ (como se não fosse fabricado artificialmente), nos campos e nas cidades; vítimas do desemprego; vítimas do empobrecimento; vítimas do ‘governo que se diz vítima do imperialismo ianque-anglo saxão’.

A cada dia, vai uma leva de brasileiros que perdem seus empregos por não se rederem ao novo regime socialista em ascensão. A cada dia, centenas de bons profissionais se vêem humilhados e desesperados às voltas com dívidas cada vez maiores para não se renderam à dura realidade de terem que descer de nível sócio-econômico a duras penas conquistado. A cada dia, milhões de brasileiros se calam diante da desgraça financeira do vizinho, mergulhando angustiados em cada vez mais trabalho, por menores salários, na esperança de fugir de destino semelhante, mesmo sabendo que será questão de tempo. É assim, por exemplo, que vem sendo exterminada e anulada, em poder de reação, a classe-média brasileira, incluídos aqui os profissionais da Imprensa e os das Forças Armadas. É um holocausto invisível.
O alvo tem nome e sobrenome: aqueles indivíduos que podem ameaçar o novo regime com idéias e com armas. O inimigo, também: os promotores do neo-socialismo, que, embevecidos pela orgia do poder, que sabem estar muito bem garantido por apoio externo da ONU e do Foro de São Paulo, trasnfiguram-se em várias faces que por vezes até se opõem para confundir covardemente ainda mais suas vítimas.

As pessoas simplesmente se recusam a acreditar que o poder que se instalou no governo do Brasil, ainda que por ele venham a passar várias figuras individuais, de lá não pretende sair jamais. Os crimes que são cometidos, um atrás do outro, e que ficam sem punição e que mal conseguem ser investigados são a maior prova da pretensão dessa gente de não deixar o poder.

Imaginem, por exemplo, se quaisquer indivíduos viesse a poder se candidatar ao Plenário e ao Planalto, sem as armadilhas partidárias, e se as urnas passassem a ter voto impresso, portanto conferível, e que, em assim sendo, viesse a chegar ao poder um grupo de cidadãos honestos e patriotas... Qual seria o destino de toda essa gente que vêm estando no poder nos últimos anos, senão ter que devolver tudo o que tirou dos cofres públicos e até a cadeia?

Por isso não saem do poder. Pacificamente não sairão. E essa é a verdade que dói e que todo mundo finge que não está límpida e cristalina. Houve a instalação de um projeto de poder no Palácio do Planalto, muito bem arquitetado, e está todo mundo cansado de saber que não é povo com faixa na rua que vai resolver essa encrenca. Se isso adiantasse alguma coisa, a Venezuela não estaria na situação em que se encontra, a despeito da bravura de seu povo.

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