terça-feira, 19 de agosto de 2008

SOBRE A LIBERTAÇÃO DE INGRID BITANCOURT, LULA FOI CLARO, CLARÍSSIMO.

Por Rebecca Santoro

5 de julho de 2008

Emblemáticas as declarações do presidente, na noite depois da libertação da agora ex-refém das Farc da Colômbia, Ingrid Betancourt, quando perguntado se a operação de resgate da mais famosa refém do grupo não significaria o fim da narcoguerrilha: “Veja, eu acho que é preciso ter um fim. Aqui na América do Sul e na América Latina, não existe nenhuma razão pra alguém querer chegar ao poder pela via armada, porque a democracia reina nesse continente. Todas as forças políticas disputam, se organizam em partidos políticos, portanto, eu acho que é uma coisa do passado esta questão de achar que a via armada é uma solução pra alguma coisa, sobretudo em regime de liberdade”.


Disse tudo, o homem. Agora, para quem ainda quiser fingir que não está percebendo no que se permitiu transformar a ‘democracia’, ou em como suas falhas estão sendo aproveitadas para conduzir falsos democratas e fascistas ao poder, que, lá, aparelham o Estado, para nunca mais sair, que continue fazendo como avestruz e escondendo a cabeça, para não ver e não ouvir nada do que está acontecendo.


Vou traduzir:


Aqui na América do Sul e na América Latina, não existe nenhuma razão pra alguém querer chegar ao poder pela via armada, porque a democracia reina nesse continente”.


Aqui, por meio das falhas do sistema eleitoral democrático e da própria consciência democrática da necessidade que teria de se autodefender, admite-se o funcionamento de partidos socialisto-comunistas, apesar da sua pública intenção de, se chegarem ao poder, terem como meta 1) a estatização e/ou ‘cartelização’ da economia e dos meios de produção; 2) a desapropriação de propriedades particulares (por meios disfarçados – todos sob à própria Lei); 3) o aparelhamento do Estado e 4) a progressiva desestruturação e tomada dos outros partidos, ainda que continuem a formalmente existir - tudo para permanecerem eternamente no poder (mesmo que possa haver revezamento entre seus líderes na chefia).


Desse modo, é possível à esquerda neocomunista chegar ao poder e depois por lá permanecer ad eternun, mentindo e confundindo sistematicamente a população e propagandeando a deturpação dos valores estabelecidos e da realidade.


Todas as forças políticas disputam, se organizam em partidos políticos. Portanto, eu acho que é uma coisa do passado esta questão de achar que a via armada é uma solução pra alguma coisa, sobretudo em regime de liberdade”.


Ou seja, a liberdade oferecida pela democracia legítima e pela cultura ocidental-cristã, do jeito que se estruturam hoje, permitem, perfeitamente, que a esquerda neocomunista chegue ao poder, tranqüilamente. Não há mecanismos legítimos e legais de autoproteção – porque, teoricamente, seriam classificados de ‘antidemocráticos’ e não como necessários instrumentos de defesa da própria democracia.


Lula falou em português e foi claríssimo. Difícil até de admitir que possa ter resumido tão brilhantemente a tática dos comunistas adeptos da teoria da hegemonia de Gramsci de chegar, e de permanecer, no poder.

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