28/11/2007
Não tinha pouca gente, não! E, dessa vez, havia crianças e homens, além das mulheres da União Nacional das Esposas de Militares das Forças Armadas (UNEMFA).
Foi ontem, dia 27 de novembro, a primeira de uma série de manifestações que a UNEMFA pretende promover, até que os militares tenham seus salários reajustados de acordo com os patamares adotados pelo governo federal para remunerar todos os outros funcionários públicos federais. Por isso, a UNENFA defende um reajuste de no mínimo 100% para os militares - e isso seria apenas parte da reposição, pois, na verdade, se fosse levada em consideração a isonomia salarial entre os funcionários dos três poderes, prometida há pelo menos 4 governos, esse mesmo reajuste (sem considerar aumentos) teria que ser de pelo menos 250%.
O Panelaço parou em frente ao Palácio do Planalto, onde os manifestantes gritavam pelo reajuste e soltavam fogos de artifício. A PM do DF fez o dever de casa: acompanhou a manifestação, repetiu as frases de praxe, pedindo ordem e o fim das manifestações em frente ao Palácio, mas não criou maiores problemas e não houve relatos de intimidações físicas.
Saindo de lá, os manifestantes foram para a frente do Ministério da Defesa, onde cantaram o Hino Nacional e realizaram performances com panelas vazias e com a Bandeira Nacional, para reproduzir, simbolicamente, o abandono das FFAA e a fome literal que atinge as famílias militares.
O movimento, que havia se esvaziado um pouco diante do "marasmo" nacional frente às diversas crises que atingem o país, parece que ressurge com bastante força. Na verdade, a questão salarial das FFAA tende a caminhar para um impasse sem precedentes "na histhória desssssse paíssssss".
O triste é constatar que apesar da gravidade do tema, da justa reivindicação e da urgência de providências, a hierarquia e a disciplina ultrapassam as fronteiras que deveriam limitá-las às tropas e às unidades militares e acabam por impedir que haja uma verdadeira união entre todas as famílias militares - a despeito de patentes.
É incrível como o medo, o preconceito e a vergonha paralisam as pessoas a ponto de fazê-las caminhar para a própria morte, quietas e em silêncio, quando toda a lógica da realidade permite inferir que, se elas reagissem, o prêmio seria a vida.
Rebecca Santoro
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