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É muito simples. De que andava sendo acusado o coronel Hugo Chavez? De antidemocrata; de que o que fazia na Venezuela não era fruto de legítima concessão democrática da maioria dos venezuelanos e de que poderia estar fraudando os pleitos, desde alguns anteriores ocorridos naquele país. Então, qual seria o verdadeiro triunfo de Chavez nesse plebiscito tão importante sobre sua 'precipitada' proposta de reforma constitucional de viés nitidamente comunista? Perder e aceitar a derrota - democraticamente - desde que fosse por margem muito pequena, é claro, para, depois de certo tempo, quando fizer outro e se sair vitorioso, dar a impressão de que as coisas possam facilmente ter se invertido. Assim, o ditador venezuelano caberia perfeitamente na carapuça de 'que pode ser acusado de tudo, menos de não ser um legítimo democrata', como declarou recentemente seu fiel colega do Foro de São Paulo, o Sr. Lula, presidente do Brasil.
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Isso para não falar que o respeito 'democrático' à derrota no referendo deu legitimidade à 'segurança e à inviolabilidade' das urnas eletrônicas, que, nas eleições seguintes revelaram a reeleição incompreensível de 'mensaleiros', de 'invasores de contas bancárias de caseiros indefesos' e de um presidente que conseguiu a proeza - inédita na história das eleições mundiais - de retirar de seu adversário cerca de 11 milhões de votos, da noite para o dia, no segundo turno das eleições presidenciais, e de ainda levar mais de 2 milhões de eleitores que haviam anulado seu voto no primeiro turno, a mudar de idéia e resolver votar no candidato do PT, que acabou sendo reeleito. Ora, no caso agora do plebiscito da Venezuela, trata-se da mesma jogada, para dar às ditaduras o respaldo 'democrático' de que precisam para fingir que enganam o mundo. É, na verdade, as pessoas fingem que estão sendo enganadas e quem engana finge que não sabe que todo mundo finge que não sabe que está sendo enganado.
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Sabem o que MAG disse
para justificar a tal proposição? Que "a descoberta de novas riquezas e a consolidação do continente como principal fonte de recursos naturais geradores de energia requerem atenção e preocupação com possíveis interferências externas".
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Nossa perguntinha inocente: 'Quer dizer que só devemos nos preocupar ou considerar como interferência externa aquela que vier de fora do Continente sul-americano?'
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O jornalista Merval Pereira escreveu sobre esse plano em artigo para o jornal O Globo no qual citava a análise do cientista político Amaury de Souza (*) de que "para contra-arrestar a ameaça militar norte-americana, três linhas de ação vêm sendo implementadas: 1) uma nova visão estratégica de defesa nacional no marco de uma guerra assimétrica; 2) a defesa integral da nação com base em uma aliança cívico-militar; 3) o fortalecimento e a preparação da Força Armada Nacional, com a modernização de seu equipamento e a criação de uma força conjunta para a defesa da América do Sul". Para Amaury de Souza o que estaria sendo "menos perceptível no esquema militar chavista" seriam os "esforços em prol de uma integração militar e geopolítica paralela à integração econômica da região e do desenvolvimento de um pensamento militar autóctone".
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Trata-se de uma frente antiimperialista dedicada a transformar o Estado numa 'democracia socialista', como consta do
próprio estatuto desse futuro organismo, cujas linhas teóricas repetem, claramente, o ideário da Reforma Constitucional chavista e sua meta de construir um 'poder popular' para formar uma 'federação socialista latino-americana'.
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Agora, imagine o leitor se os EUA resolvessem promover aqui movimento semelhante, só que de ideologia democrata... E quantos movimentos nazi-fascistas já foram destituídos no Brasil por serem, evidentemente, considerados ilegais? Entretanto, o movimento revolucionário bolivariano pode instalar-se aqui, sem a menor cerimônia, e contar com a ajuda explícita da Venezuela, através de seus consulados espalhados pelo país.
No site do Círculo Bolivariano Leonel Brizola (http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com), cujo coordenador é o jornalista Aurélio Fernandes, membro da CUT-RJ e do diretório nacional do PDT, pode-se ler, entre outras coisas, o estatuto do movimento, que terá como fachada jurídica a Associação Nacional pela Educação Popular e a Cidadania, em cujo nome estarão todas as propriedades e documentos legais.
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O informe ainda ressaltava que o governo boliviano do presidente Evo Morales se comprometia, segundo acordo militar bilateral, a receber efetivos militares venezuelanos "em tempos de crise", e a aceitar financiamento da Venezuela em instalações militares. Na ocasião, Morales disse não saber precisamente quantos militares provindos da Venezuela estariam na Bolívia, mas disse que a missão dos soldados seria humanitária. Também, segundo o IISS, a Venezuela estaria construindo um porto sobre o rio Paraguay e uma base militar, a de El Prado, próxima à fronteira com o Brasil, que abrigaria 2.500 soldados e que havia transferido à Força Aérea Boliviana dois helicópteros Cougar, incluindo os que o operavam - integrantes do X Grupo de Operações Especiais das forças armadas venezuelanas.
Ora, todas as vezes que um avião ou helicóptero militar sai da Venezuela em direção à Bolívia deve necessariamente cruzar o espaço aéreo brasileiro, precisando para isso pedir autorização. Sabem quantas autorizações a Venezuela já pediu, só este ano? Mais de 50! Ontem, dia 6/12, um avião venezuelano foi recebido a pedradas por populares na Bolívia, de modo que teve que levantar vôo novamente e pedir para pousar em Rio Branco, no Acre. Os bolivianos contrários ao governo do cocaleiro Evo Morales garantem que o avião estava carregado de armas.
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Mais recentemente, em junho de 2007, o jornal Estado de São Paulo publicou outra reportagem sobre a proposta de Chavez de um pacto militar na Alternativa Bolivariana para as Américas (Alba), entre Venezuela, Bolívia, Cuba, Nicarágua e que pretende incorporar também o Equador. Segundo o presidente venezuelano, o pacto é necessário por causa "do terrorismo e da agressão permanentes dos EUA¿ na região. Ele permitiria compartilhar equipamentos e incluiria outras formas de cooperação militar, além dos serviços de inteligência". De acordo com Chávez, a Alba deveria se transformar, no futuro, numa "confederação de Estados". "Devemos nos ver como um projeto de uma grande nação, que transcenderá os espaços nacionais - uma Confederação dos Estados da Alba", explicou o presidente venezuelano. "Só unidos poderemos ser livres para desenvolver nossa própria visão de mundo".
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Já em fevereiro de 2005, o site Defesa @ Net publicava com exclusividade um trecho da entrevista coletiva que Hugo Chavez concedeu aos jornalistas no V Fórum Social Mundial, no Rio Grande do Sul, quando respondeu sobre qual deveria ser o papel desempenhado pelos militares da América Latina hoje: ¿O papel dos militares na América Latina já foi definido por Simon Bolívar, líder, libertador e militar, há quase duzentos anos: "Os militares devem empunhar suas espadas para defender as garantias sociais"... "Nesse momento, quando a força imperialista arremete contra nosso povo e do mundo, os militares da América Latina devem se preparar e empunhar suas espadas na defesa de suas nações, mas nunca subordinar-se ao imperialismo americano e aos interesses das oligarquias"... "Enfim, o papel de nossos militares hoje, deve ser o de libertadores. Mas ... devem estar subordinados ... à vontade popular. Assim como acontece na Venezuela, os militares latino-americanos não devem tão somente se preocupar com a defesa da nação e de seus limites territoriais, mas também se incorporar ao povo e construir a nação, numa intensa integração comunitária e política, no desenvolvimento de projetos sociais, técnicos, científicos e universitários, como pude ver hoje em Tapes (Rio Grande do Sul), onde encontrei no acampamento do MST o General Gonzáles, do Exército Venezuelano, que estava trabalhando pela Universidade Bolivariana da Venezuela, onde é estudante"... "Agora está sendo colocada em prática a nova estratégia de defesa nacional da Venezuela: 1º- O fortalecimento do aparato militar do país; 2°- Fortalecimento da união cívico-militar; e 3°- Incremento da participação popular na defesa nacional, ou seja, a população capacitando-se e treinando-se para a defesa do país". 
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É por essas e outras que o governo brasileiro não vai mais propor ao Congresso a tipificação do crime de terrorismo. Para o general Jorge Félix, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, qualquer definição de terrorismo como crime especificado no Código Penal seria mortal para movimentos sociais e grupos de resistência política de países invadidos: "dependendo da ótica, eles são movimentos de resistência ou são terrorismo" - disse Félix ao GLOBO na última quinta-feira.
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Não resta mais dúvidas de que os planos dos governantes de esquerda da América Latina sejam todos de longo prazo e de viés ideológico comunista - por isso, eles precisam garantir que seus sucessores no poder sejam de mesmo perfil ideológico, para dizer o mínimo (assim como aconteceu na Argentina, que trocou 6 por meia dúzia ao eleger Cristina Kirshner para ocupar o lugar de seu marido na presidência do país). A outra opção é conseguir reformar as constituições para permitir a reeleição eterna. O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou recentemente, em Santo Domingo, que ficará durante muito tempo no poder: "Os oligarcas bolivianos diziam que não permaneceríamos no poder por mais de quatro ou seis meses, mas o que não sabem é que ficaremos no Governo por muito tempo". Hugo Chavez vai, com certeza, voltar ao tema da reforma constitucional na Venezuela.
O jornalista da Folha de São Paulo, Kennedy Alencar (aquele que a gente só lê quando e se quiser saber o ponto de vista do PT), no último dia 23/11, escreveu artigo em que falava sobre a venezuelização, não a do governo, mas, ao contrário, a da oposição brasileira. O jornalista diz que é bobagem achar que Lula vai tentar um terceiro mandato: "Leitores indagam as razões para este jornalista não acreditar que Lula tentará um terceiro mandato seguido. Resposta: O petista não quer um terceiro mandato em 2010 e sabe que não deve querer".
Então, que fique claro: Lula não iria pleitear um terceiro mandato SEGUIDO e, conseqüentemente, NÃO EM 2010. Mas, nada impede que em 2010 vá para o Planalto um candidato-ponte-para-Lula.
Mas, o assessor para assuntos internacionais de Lula, Marco Aurélio Garcia, falou, em entrevista concedida à BBC, que a derrota de Hugo Chávez no plebiscito para alterar a Constituição venezuelana em nada altera a disposição do PT de propor uma Constituinte para mudar a constituição brasileira. O PT começou, durante a eleição para a executiva nacional, a recolher assinaturas para a apresentação de um projeto "popular" para criar uma Assembléia Constituinte. MAG disse que: "Não é uma Constituinte abrangente e refundacionista como está colocado em outros países".
Rebecca Santoro
E-mail: rebeccasantoro@gmail.com
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(*) artigo para a revista "Digesto Econômico" da Associação Comercial de São Paulo.
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