terça-feira, 19 de agosto de 2008

LULA QUER EXPLICAÇÕES. NÓS TAMBÉM

Por Rebecca Santoro


Brasília, 18 de abril de 2008


Por que a imprensa está dando tanta cobertura ao general Heleno, comandante geral da Amazônia? Talvez seja um bom sinal. Vou limitar a isso a minha observação sobre esse fato. Levantei a bola, quem for capaz, e quiser, que corte. Agora, respondam o seguinte: quando é que foi a última vez que a imprensa foi cobrir, com direito à presença das grandes emissoras de TV e tudo, seminário no Clube Militar, sobre qualquer que fosse o assunto?! Aí tem, e dessa vez acho que não é nada de ruim não. Mas, como disse, não vou cortar essa bola.


Vamos ao que interessa. Em encontro no Palácio do Planalto, realizado ontem à tarde, o presidente Lula, exercendo sua prerrogativa de chefe maior das Forças Armadas, acionou o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o comandante do Exército, general Enzo Peri, para pedir explicações do Comandante Geral da Amazônia, o general Augusto Heleno, sobre suas recentes declarações a respeito da demarcação em terras contínuas da reserva indígena Raposa da Serra do Sol, que para ele colocariam a segurança nacional em cheque na região, e a respeito das críticas que o general vem fazendo sobre a política indigenista levada a cabo no país, que, para ele, seria caótica e, segundo suas próprias palavras, em mais de uma ocasião, “completamente dissociada do processo histórico de colonização do nosso país”.


São duas as principais constatações. A primeira é a de que o presidente Lula, finalmente, ao que parece, lembrou-se, de súbito, que é o comandante em chefe das Forças Armadas. No episódio em que desautorizou ordens do Comandante da Aeronáutica e enviou seus ministros para negociar, aos moldes sindicais, com controladores aéreos militares amotinados (um crime militar), não se lembrou de sua posição. Também jamais se deu conta dessa mesma prerrogativa de chefe para autorizar reajustes salariais mais do que necessários e justos para a tropa. Mas, vem cobrar explicações de um brilhante oficial general que cometeu a audácia de falar a verdade sobre o que tem toda a autoridade de conhecimento e de vivência para falar.


A segunda constatação é a de que o presidente Lula quer porque quer a demarcação em terras contínuas da reserva indígena Raposa da Serra do Sol e, simplesmente, à revelia de tudo e de todos, inclusive dos próprios interesses nacionais, quer que assim aconteça, sem que nenhuma voz, mesmo a daqueles que entendam dos assuntos de relevância sobre a questão, possa se manifestar.


É preciso lembrar a vossa excelência, o presidente da república, que ele não manda no país, ele o governa, e sob mandato. Presidentes não podem fazer o que quiserem do país durante seus mandatos, simplesmente porque o país não passa a lhes pertencer durante o período em que governam. Generais do Exército brasileiro servem às Forças Armadas e ao país e não a governos. Pelo menos assim o deveria ser nos países que se arrogam democráticos. Portanto, quando se trata de assunto de segurança nacional, generais devem sim se manifestar, e publicamente, de preferência, no sentido de expor à nação, as opiniões dos representantes das Forças Armadas, sendo estes posicionamentos os de aval ou de contestação, sobre o tema, para que a sociedade possa se informar e até eventualmente se manifestar. Acredito, inclusive, que isso não tenha acontecido em relação a uma série de outras questões de interesse nacional porque não lhes tenha sido dado o espaço necessário na mídia.


Sendo assim, o Comandante Geral da Amazônia está nada mais nada menos do que cumprindo sua missão constitucional ao informar aos brasileiros a posição das Forças Armadas em relação à forma como os governos sucessivos e os órgãos responsáveis pela condução das políticas indígenas estão conduzindo essas políticas, principalmente na região que está sob sua jurisdição militar. Aliás, o general Augusto Heleno está tendo a hombridade de fazer o que muitos outros generais e outras autoridades militares deveriam fazer e não o fazem. Aliás (novamente), existem muitas outras autoridades neste país, nos mais diversos setores, que precisariam tomar uma pílula de general Heleno, deixar a covardia no armário de casa, e ir trabalhar, na próxima segunda-feira, por exemplo, tão somente e apenas, com a intenção de fazer valer aquele calhamaço de papel em cuja primeira folha está escrito assim: CONSTITUIÇÃO. Isso já seria suficiente para por um fim em muita coisa errada que anda acontecendo por aqui.


No governo da mentira é proibido falar a verdade. Porque, falar a verdade, no governo da mentira, é óbvio, ofende e vai de encontro a seus interesses – é inevitável. Sendo assim, Lula pretende calar o general Heleno. O governo e as ONGs aproveitadoras também. Inclusive, enviaram, com o dinheirinho de todos nós que pagamos impostos, algumas centenas de índios para a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, onde estão confortavelmente acampados, e, ontem à tarde, alguns deles especificamente para a porta do ministério da defesa justamente com o objetivo de protestar contra as últimas declarações do general. Por que não apareceram aqueles índios que defendem tudo o que o general fala – que, aliás, são a esmagadora maioria? Ora, porque os que assim se posicionam não recebem apoio nem do governo nem de poderosas ONGs. Simples assim.


Simples assim, como os proprietários urbanos não recebem apoio da Advocacia Geral da União – AGU e os quilombolas sim; como os proprietários rurais não recebem apoio do INCRA e os sem terra, sem isso e sem aquilo de todas as organizações sim; como os heterossexuais não e os GLST sim; como os mestiços (99% dos brasileiros assim seriam) não e os negros sim e; e por aí vai... O negócio é dividir para dominar... Mas ninguém enxerga isso. Fazer o quê?


O General de Exército Augusto Heleno está agindo de pleno acordo com a Constituição e em total coerência com a função que exerce dentro das Forças Armadas, considerando as obrigações que estas teriam para com o país. Está prestando um excelente serviço ao Brasil ao dizer com todas as letras que a política indigenista está errada e que vai de encontro aos interesses nacionais e aos dos próprios índios. Mas, o presidente Lula acha que o general deve retratar-se, ou pelo menos se calar. Agora, um general de Exército brasileiro, principalmente um que tenha o currículo que o general Augusto Heleno tem, deve ser punido por não achar que índios devam ser tratados (e muito mal, diga-se de passagem) como animais de zoológico.


Hoje, logo mais, haverá a comemoração do Dia do Exército, no “Forte Apache”, o Quartel General de Brasília, com a presença do ministro Nelson Jobim e do próprio presidente Lula. Falava-se na possibilidade de discussão de reajuste para os militares, coisa que Lula vem prometendo. Agora, o presidente aproveitou o episódio da indisposição com o general Heleno (que não vai estar presente às comemorações em Brasília) como desculpa para adiar tratar do assunto. Em chantagem há no Brasil, sem dúvida, os maiores experts.


Como se sabe, Lula não se reúne diretamente com os comandantes militares. Mas, sai da comemoração do Dia do Exército, direto para o Palácio do Planalto para se encontrar com membros da Comissão Nacional de Política Indigenista, criada em abril de 2007. Vão puxar a sardinha para o lado deles, é claro – o que não será nada difícil, presume-se.


Lula quer explicações do general Heleno? Ótimo. Mas, o povo brasileiro esclarecido também quer explicações de Lula, e muitas. Porque, a estas pessoas, o Comandante da Amazônia já deu as devidas explicações, mas Lula não – e não só sobre esses assuntos, mas como tantos outros, como sobre as atitudes de muitos de seus amigos alopradinhos; sobre o porquê de os gastos da presidência da república com “perfumarias” devessem ser considerados segredo de estado; sobre os comícios pac-eleitoreiros que vem fazendo país afora com dinheiro público (quem chamou de comício foi a sua própria ministra da Casa Civil, ontem, em palanque de lançamento do PAC, em Belo Horizonte, MG); sobre os R$ 15 milhões que seu filho, o Lulinha, recebeu da Telemar; sobre as cartilhas eleitoreiras do PT feitas com dinheiro do governo nas eleições passadas; sobre o olhar de paisagem com que o governo observa o MST e afins depredarem e invadirem propriedades por todo o país; etc. etc. etc.


Quanto ao assunto ‘retirada dos não-índios da reserva Raposa da Serra do Sol’, em Roraima, espera-se que no Supremo Tribunal Federal (STF), que suspendeu esta retirada para melhores análises, haja homens do tamanho do General de Exército Augusto Heleno. Assim como esperamos que tanto nas Forças Armadas quanto no Ministério da Defesa, haja quem o apóie neste episódio de ser chamado às falas pelo presidente da república. Arnaldo Jabor, jornalista e comentarista, já carimbou sua defesa do General, ontem à noite, no Jornal da Globo (assista segundo vídeo abaixo). Eu sigo atrás, carimbo aqui a minha.


Rebecca Santoro


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