terça-feira, 19 de agosto de 2008

CADÊ A COMOÇÃO DA MÍDIA E DO PESSOAL DOS DIREITOS HUMANOS?

Por Rebecca Santoro

Dois policiais militares do Rio de Janeiro não vão poder participar do curso de reciclagem que a PM-RJ está convocando seus homens a fazer, por causa dos últimos acontecimentos em que erros policiais acabaram provocando a trágica morte de dois inocentes na cidade, um menino de 3 anos e um administrador de empresas. Policiais e médicos trabalham com muito pouca margem para errar. O Estado paga muito mal aos dois tipos de profissional, além de lhes oferecer condições de trabalho muito aquém das ideais. Vê-se que não se trata, portanto, de preconceito por grau de instrução. É pouco caso das autoridades com a vida alheia mesmo. Puro desinteresse.

Mas, como estava dizendo, sargento Joel de Almeida Gomes e cabo Francisco Alves Pereira Júnior, ambos da PM-RJ, não vão passar pelo curso de reciclagem, não porque não queiram, mas porque o carro onde estavam foi sumariamente metralhado por bandidos, na Fonte da Saudade, área de classe média na Lagoa, zona sul do Rio, nesta quinta-feira de manhã. Os dois policiais morreram na hora.

Já estou até vendo a comoção nacionale a do pessoal dos direitos humanos, todos mobilizados, senão para pedir providências de combate aos terroristas armados que tomam conta da cidade, ao menos para exigir das autoridades que equipem os carros da polícia com blindagem. Não?! Pois é...

Fica o pessoal ‘letrado’, nos bancos universitários de mestrado e de doutorado, desenvolvendo teses e mais teses sobre o ‘mau desempenho’ de policiais militares no trabalho. Sei que um erro não justifica o outro, mas, depois ninguém sabe por que a PM atira em tudo que se mova com atitude suspeita, para perguntar quem e o que era depois.

É que, infelizmente para muitos, policiais são seres humanos como qualquer um de nós e, por isso, também dotados daquele famoso instinto de sobrevivência. Talvez o tal do cursinho de reciclagem da PM inclua sessões de psicologia que, quem sabe, os libertem desse instinto que muitos desses estudiosos parecem pretender que deixe de funcionar, para termos nas ruas um bando de policiais gentis e todos mortos. Entendam, é que, para muitas de nossas autoridades e de nossos estudiosos, policial só é gente quando erra, quando acerta ou quando morre, é número. Aliás, também o são as vítimas inocentes: números, ‘deixas’ para desqualificar as instituições – só isso.

Tem muito PM mau caráter, sim. Tem mau caráter, corrupto, despreparado em tudo quanto é lugar. Até na presidência da república. Lugar de gente assim é na cadeia ou em centros de recuperação – não temos nem uma coisa nem outra em condições de recuperar esse pessoal. Poucos, entretanto, estão preocupados com isso. Assim como poucos estão preocupados em combater de verdade o crime organizado que se instalou no país, articulando, como obra de mestre, o que se conhece como guerra da quarta geração.

Se houvesse um mínimo de inteligência, de vontade, de seriedade e de honestidade de nossos estudiosos e de nossas autoridades governamentais esta situação de criminalidade no país já poderia estar mais do que sob controle. Isso não acontece porque há um projeto de poder seqüestrando e vitimizando o Brasil. As poucas autoridades que estão cientes disso não têm coragem de ‘dar nome aos bois’ nos meios de comunicação de massa e muito menos são capazes de mobilizar a sociedade brasileira no sentido de conscientizá-la a respeito do que estamos vivendo aqui.

A bem da verdade, à polícia as pessoas só costumam dar valor quando precisam e à liberdade, igualmente, quando a perdem. Já perdemos muito de nossa liberdade. Somos, praticamente, 180 milhões de escravos de ‘meia dúzia de três ou quatro’ que se acham senhores de nossas vidas. Até quando?

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